Reconstruir com consciência: a jornada de Wolney Alonso na Yosen

Mesmo em um ambiente de alta pressão, o empresário manteve uma abordagem racional e orientada a resultados na Yosen

Por Miguel El Debs*

Em quase toda trajetória empreendedora de longo prazo, há um momento em que os fundamentos precisam ser revisitados. Com Wolney Alonso, sócio da Yosen Consumo e à frente da operação B2C da marca, esse momento veio após décadas de experiência na indústria farmacêutica. Foi em meio à crise de um empreendimento anterior que ele percebeu a necessidade de reavaliar o modelo de negócio e buscar novos caminhos.

“O maior obstáculo foi quando os fundamentos econômicos do empreendimento que liderava perderam sustentabilidade. Conduzir a empresa nesse cenário, com todos os riscos associados, trouxe impactos relevantes, que exigiram tempo e estratégia para serem assimilados”.

Essa situação, comum a muitos empreendedores experientes, envolveu uma mudança estrutural no ambiente do negócio. A resposta veio com reavaliações conscientes e decisões centradas na realidade do mercado.

Reposicionar com foco

Wolney construiu sua carreira em empresas como Biosintética, Aché, Eurofarma e Segmenta, sempre em posições ligadas a áreas comerciais e de novos negócios. Foi ao deixar esses grandes grupos que enfrentou o desafio mais complexo de sua trajetória. “Fui obrigado a me reinventar e buscar oportunidades nas quais pudesse aplicar os aprendizados que esse momento demandou”.

Em vez de encarar o encerramento de um projeto como um fracasso, ele optou por tratá-lo como fonte de dados e de revisão de premissas. Mesmo em um ambiente de alta pressão, manteve uma abordagem racional e orientada a resultados.

“Todo negócio tem riscos. O importante é manter foco nos fundamentos, cultivar uma cultura de resultados e de inovação com responsabilidade financeira.”

– Wolney Alonso

Alavancas invisíveis

Um dos pilares dessa transição foi o repertório acumulado em contextos empresariais que valorizavam a autonomia e a responsabilidade.

“Tive sorte de ter iniciado minha jornada em uma empresa estruturada, que sempre incentivou o empreendedorismo com responsabilidade. Tive mais casos de sucesso do que fracassos, embora o último tenha sido mais didático”

Ele destaca a necessidade de revalidar premissas e investir nas relações profissionais como ativos essenciais. “Cercar-se de pessoas competentes, identificar e desenvolver seus pontos fracos, principalmente nos relacionamentos interpessoais. E sempre, sempre, alinhar e formalizar muito bem os objetivos com aqueles que estão contigo na jornada”.

Yosen: operação e disciplina

Atualmente, Wolney lidera a frente B2C da Yosen, marca em crescimento no setor de suplementos. Leva para esse desafio uma cultura de indicadores, comitês e gestão sistematizada. “Hoje, é preciso buscar excelência, montar um time qualificado e estruturar uma cultura coerente com os objetivos do negócio”, garante.

Sua experiência mostrou que crescer sem base sólida pode ser um erro caro. Ignorar o caixa, subestimar variáveis macroeconômicas ou operar com estrutura de capital frágil trazem riscos relevantes.

“Descuidar do caixa em momento de instabilidade, exposto à variação cambial e aos juros altos, numa estrutura de capital desbalanceada, gerou aprendizados que hoje fazem parte do nosso modelo de análise”.

Revisando crenças

Wolney também questionou um mito comum: o de que empreender é um caminho para mais liberdade.

“Acreditei que empreender garantiria mais tempo livre. A realidade é de muito trabalho, resiliência e tomada de decisão constante. Se pudesse voltar ao início da jornada, deixaria um conselho prático: Vá com calma. Teste diferentes modelos e lideranças. Escolha o que combina com seus valores e não se pressione tanto por resultados imediatos”.

Reflexão final

A história de Wolney mostra que empreender é um exercício de consistência. Mais que resiliência emocional, é a capacidade de observar, corrigir rotas e manter foco nos fundamentos que sustenta o crescimento em longo prazo. Quando aprendemos a antecipar riscos e alinhar cultura com estratégia, as mudanças deixam de ser ameaças e passam a ser parte da evolução.

Se você conhece alguém cuja história empreendedora merece ser contada, escreva para contato@grupozumm.com.br

* Miguel El Debs, sócio do Grupo ZK, conselheiro estratégico de empresas de pequeno e médio porte e head do LIDE Empreendedor | Ribeirão Preto