Paladar infantil em adultos: o que é e como resolver?

Especialista no tema explica o que é esse hábito que acompanha o adulto desde a infância e como resolvê-lo

Você é do time que evita frutas, verduras e legumes e prefere uma refeição baseada em comidas mais calóricas e pouco nutritivas? Se a resposta for sim, é melhor tomar cuidado, pois isso pode não ser apenas uma simples preferência, mas, sim, indícios de paladar infantil, hábito que, apesar do nome, é bem comum em adultos!

Para saber mais sobre essa condição, o Mundo Zumm conversou com a nutricionista Vivian Cognetti, especialista no assunto.

Confira a entrevista

Mundo Zumm: O que é o paladar infantil

Vivian Cognetti: Paladar infantil é uma expressão usada para caracterizar adultos que tem uma grande seletividade alimentar, que tem muitas restrições auto impostas. Geralmente rejeitam determinados alimentos ou grupos de alimentos como verduras, legumes, frutas, salada e tem uma predileção por consumir produtos alimentícios com baixo valor nutricional como industrializados, lanches, pizza, salgadinhos, bolachas, doces, frituras. Ou são pessoas que tem uma recusa de alimentos baseado na cor (exemplo: não come nada que é verde), na textura ou cheiro. Vamos deixar claro que paladar infantil não é não comer apenas uma coisa ou outra, por vezes acontece a exclusão de um grupo alimentar inteiro.

M.Z: O que provoca esse hábito?

V.C: Os fatores que levam uma pessoa a ter um paladar infantil são diversos e é importante avaliar cada caso individualmente. Pode ser que houve algum trauma relacionado com o consumo de um alimento gerando esta repulsa, ou não houve uma correta introdução alimentar na infância, uma insistência dos pais para o consumo de determinados alimentos.

M.Z: Quais riscos o adulto corre por ter o paladar infantil?

V.C: As consequências de ter um paladar infantil podem ser diversas: aumento de peso, sobrepeso ou obesidade, porque geralmente é uma alimentação rica em carboidratos refinados, açúcares, gordura saturada; deficiências nutricionais, já que faltam muitas vezes a variedade de legumes, frutas, verduras, alimentos fontes de vitaminas e minerais; doenças relacionadas ao estilo de vida como diabetes, hipertensão, dislipidemias, risco aumentado de câncer.

Prejuízos em saúde mental: muitas vezes recebo no consultório pessoas com o paladar infantil que estão acima do peso e com uma autoestima baixa, se sentindo mal com sua aparência. Ansiedade por conta do consumo de alimentos que acentuam o estado ansioso, como o açúcar.

Prejuízo social: quem tem grande seletividade alimentar pode passar por ocasiões constrangedoras. Às vezes, você vai em determinado lugar e por não comer um leque muito grande de alimentos, se vê restrita ou sem opções. Ou você vai num lugar e tem que levar a sua própria comida. Isto pode representar um constrangimento para algumas pessoas.

M.Z: É possível resolver o paladar infantil? Se sim, como?

V.C: Primeira coisa: reconhecer. Reconhecer que seu paladar é infantil já é um grande passo. Porque tem muita gente que tem um paladar infantil, mas não reconhece isso como um problema. Isto só irá se tornar um problema quando perceber os prejuízos relacionados a isto como os comentados acima, em saúde ou estética.  

Segundo passo: se responsabilizar. Observar como foi o seu hábito na infância pode ser uma informação adicional. Tem gente que fala que a mãe nunca comeu determinado alimento e aí a pessoa também não come. Mas, de forma geral não considero tão fundamental estas informações de como foi a infância, uma vez que estamos falando com um adulto. Independente de algo que tenha acontecido na infância, o adulto que vai ter que resolver a questão.

Reconhecendo e se responsabilizando, vamos para dicas práticas:

• Estar aberto a provar coisas diferentes e fazer aos poucos;
• Se propor a ter mais vivência com comida: ir em mercado fazer compras, cozinhar, ir num self-service;
• Mudar a forma de preparo e consumo dos alimentos;
• Ir aos poucos e ter paciência com o processo porque geralmente é um hábito de muitos anos, muito tempo, então compreenda que a mudança é gradativa. Se proponha a melhorar sem pressa e sem pausa, com ritmo.