O Natal na Polônia se materializa em instalações luminosas que tomam ruas e praças, criando uma atmosfera acolhedora, quase de conto de fadas
Por Maura Robusti*
O Natal sempre foi, para mim, uma data de memória, afeto e presença. Mas vivê-lo na Polônia foi uma experiência que ultrapassou qualquer expectativa. É um país que preserva a data em sua essência mais pura, com um respeito quase reverente pelas tradições, pela fé e, sobretudo, pela família.
Não é por acaso. A Polônia é considerada o país mais católico da Europa e essa relação profunda com a fé atravessa sua história. Durante a 2ª Guerra Mundial, a Igreja teve um papel fundamental de acolhimento e proteção: abriu suas portas, serviu de abrigo, cuidou e alimentou a comunidade, sem exceções. Esse passado de dor, resistência e união moldou um povo profundamente grato, solidário e conectado, algo que se percebe até hoje.
Para os poloneses, o Natal não é apenas uma data no calendário. É um ritual cuidadosamente construído, vivido principalmente na véspera, chamada Wigilia, quando tudo parece desacelerar para que as pessoas estejam juntas. Mesmo não sendo feriado oficial, a cidade muda de ritmo: instituições fecham mais cedo, as casas se preparam e o tempo passa a ser dedicado ao que realmente importa.
Natal de encantos
Em todas as cidades pelas quais passamos, o Natal se materializa em cenários quase cinematográficos. As instalações luminosas tomam ruas e praças, criando uma atmosfera acolhedora, quase de conto de fadas. A luz, ali, não é apenas decoração; é símbolo de esperança, fé e continuidade.
Na nossa noite de Natal, seguimos três tradições que resumem muito bem o espírito polonês:
Jantamos apenas depois que a 1ª estrela apareceu no céu, um gesto simbólico que remete à Estrela de Belém e ao nascimento de Cristo.
Fizemos a oração em família, lendo o trecho de Lucas 2:1–14.
E, à meia-noite, fomos à missa tradicional.
E que noite! Confesso que não entendemos uma única palavra do que foi dito, mas sentimos tudo. A música, o silêncio respeitoso, a emoção coletiva. Foi, sem dúvida, uma daquelas experiências que não se explicam, apenas se guardam.
A ceia polonesa também carrega um simbolismo profundo. Tradicionalmente, são 12 pratos, representando os meses do ano que se inicia. Não há carne, apenas preparos à base de vegetais e peixes. Dizem que provar um pouco de cada prato garante boa sorte ao longo do novo ano. Um toque de superstição misturado a um bonito convite à partilha.
Outro momento especialmente tocante é o de quebrar o opłatek, uma hóstia fina compartilhada entre todos à mesa, acompanhada de desejos sinceros. É simples, delicado e profundamente humano. Há também o costume de colocar feno sob a toalha, em referência à manjedoura, e de deixar sempre um lugar extra à mesa, reservado a um convidado inesperado. É um gesto simbólico, mas poderoso: quem chega é imediatamente acolhido, visto e bem-vindo.
O símbolo no Natal
Os presépios merecem um capítulo à parte. Além dos tradicionais, há uma belíssima tradição de presépios artesanais feitos em papel-alumínio, que misturam cenas do nascimento de Cristo com monumentos históricos das cidades. Existem até concursos para eleger os mais bonitos. São verdadeiras obras de arte que reforçam o valor do feito à mão, da tradição passada de geração em geração.
As canções natalinas ecoam pelas casas e igrejas, e não é raro ver grupos caracterizados visitando lares, cantando e espalhando alegria. A árvore de Natal, decorada na manhã da véspera, também reflete esse apreço pelo artesanal, pelo que tem história.
E, claro, os mercados natalinos são um espetáculo à parte. As praças se transformam, as casinhas de madeira decoradas criam um clima encantador. Há comidas típicas, vinho quente para espantar o frio, artesanato, joias, porcelanas, decorações e presentes cheios de identidade. O mercado de Gdansk, um dos mais famosos da Europa, acontece no coração da cidade velha, com vista para seus principais edifícios históricos. E, entre tantas surpresas, encontramos até coxinha – sim, coxinha! Um sorriso brasileiro no meio do inverno europeu.
O dia 25 é reservado à família. Sem excessos, sem pressa. Apenas presença.
Vivenciar o Natal na Polônia foi um lembrete poderoso de que tradição não é apego ao passado, mas compromisso com o que realmente importa. Em um mundo cada vez mais acelerado, eles nos ensinam que o Natal é um tempo de pausa, fé, silêncio e conexão. E isso, definitivamente, é um tesouro. E, assim como a família, vale a pena preservar.
O Natal da Polônia é realmente iluminado. É mágico.
* Maura Robusti é diretora do Mundo Robusti, um dos maiores do segmento de móveis e decoração do interior do estado de São Paulo.
A 1ª estrela do Natal surge no céu da Polônia
O Natal na Polônia se materializa em instalações luminosas que tomam ruas e praças, criando uma atmosfera acolhedora, quase de conto de fadas
Por Maura Robusti*
O Natal sempre foi, para mim, uma data de memória, afeto e presença. Mas vivê-lo na Polônia foi uma experiência que ultrapassou qualquer expectativa. É um país que preserva a data em sua essência mais pura, com um respeito quase reverente pelas tradições, pela fé e, sobretudo, pela família.
Não é por acaso. A Polônia é considerada o país mais católico da Europa e essa relação profunda com a fé atravessa sua história. Durante a 2ª Guerra Mundial, a Igreja teve um papel fundamental de acolhimento e proteção: abriu suas portas, serviu de abrigo, cuidou e alimentou a comunidade, sem exceções. Esse passado de dor, resistência e união moldou um povo profundamente grato, solidário e conectado, algo que se percebe até hoje.
Para os poloneses, o Natal não é apenas uma data no calendário. É um ritual cuidadosamente construído, vivido principalmente na véspera, chamada Wigilia, quando tudo parece desacelerar para que as pessoas estejam juntas. Mesmo não sendo feriado oficial, a cidade muda de ritmo: instituições fecham mais cedo, as casas se preparam e o tempo passa a ser dedicado ao que realmente importa.
Natal de encantos
Em todas as cidades pelas quais passamos, o Natal se materializa em cenários quase cinematográficos. As instalações luminosas tomam ruas e praças, criando uma atmosfera acolhedora, quase de conto de fadas. A luz, ali, não é apenas decoração; é símbolo de esperança, fé e continuidade.
Na nossa noite de Natal, seguimos três tradições que resumem muito bem o espírito polonês:
E que noite! Confesso que não entendemos uma única palavra do que foi dito, mas sentimos tudo. A música, o silêncio respeitoso, a emoção coletiva. Foi, sem dúvida, uma daquelas experiências que não se explicam, apenas se guardam.
A ceia polonesa também carrega um simbolismo profundo. Tradicionalmente, são 12 pratos, representando os meses do ano que se inicia. Não há carne, apenas preparos à base de vegetais e peixes. Dizem que provar um pouco de cada prato garante boa sorte ao longo do novo ano. Um toque de superstição misturado a um bonito convite à partilha.
Outro momento especialmente tocante é o de quebrar o opłatek, uma hóstia fina compartilhada entre todos à mesa, acompanhada de desejos sinceros. É simples, delicado e profundamente humano. Há também o costume de colocar feno sob a toalha, em referência à manjedoura, e de deixar sempre um lugar extra à mesa, reservado a um convidado inesperado. É um gesto simbólico, mas poderoso: quem chega é imediatamente acolhido, visto e bem-vindo.
O símbolo no Natal
Os presépios merecem um capítulo à parte. Além dos tradicionais, há uma belíssima tradição de presépios artesanais feitos em papel-alumínio, que misturam cenas do nascimento de Cristo com monumentos históricos das cidades. Existem até concursos para eleger os mais bonitos. São verdadeiras obras de arte que reforçam o valor do feito à mão, da tradição passada de geração em geração.
As canções natalinas ecoam pelas casas e igrejas, e não é raro ver grupos caracterizados visitando lares, cantando e espalhando alegria. A árvore de Natal, decorada na manhã da véspera, também reflete esse apreço pelo artesanal, pelo que tem história.
E, claro, os mercados natalinos são um espetáculo à parte. As praças se transformam, as casinhas de madeira decoradas criam um clima encantador. Há comidas típicas, vinho quente para espantar o frio, artesanato, joias, porcelanas, decorações e presentes cheios de identidade. O mercado de Gdansk, um dos mais famosos da Europa, acontece no coração da cidade velha, com vista para seus principais edifícios históricos. E, entre tantas surpresas, encontramos até coxinha – sim, coxinha! Um sorriso brasileiro no meio do inverno europeu.
O dia 25 é reservado à família. Sem excessos, sem pressa. Apenas presença.
Vivenciar o Natal na Polônia foi um lembrete poderoso de que tradição não é apego ao passado, mas compromisso com o que realmente importa. Em um mundo cada vez mais acelerado, eles nos ensinam que o Natal é um tempo de pausa, fé, silêncio e conexão. E isso, definitivamente, é um tesouro. E, assim como a família, vale a pena preservar.
O Natal da Polônia é realmente iluminado. É mágico.
* Maura Robusti é diretora do Mundo Robusti, um dos maiores do segmento de móveis e decoração do interior do estado de São Paulo.
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