Se fixarmos o olhar somente no futuro, corremos o risco de atravessar a vida sem perceber aquilo que realmente nos transforma, nos faz felizes e nos torna vivos
Por Marina Kocourek*
Primeiro eu ouvi uma mulher, durante uma viagem, falar sobre a próxima aventura que já estava reservada para o fim do ano. Depois, conversei com uma amiga que, cansada de um desafio, acelerava o processo apenas para terminar logo. Pouco depois, conheci um rapaz que confessou estar pagando alguém para ler livros e fazer trabalhos acadêmicos em seu lugar só para encurtar o caminho até o diploma. E, por fim, ouvi uma corredora ansiosa por acelerar seu percurso nas maratonas, buscando rapidamente a conquista da Mandala Majors. Então, eu senti!
Senti porque amo o processo. Sim, sou impaciente, sou ariana, mas, ainda assim, amo cada momento, mesmo quando é difícil e longo, porque é em cada um deles que reside o verdadeiro valor da vida e por meio do qual, de fato, nos transformamos.
Escrevo essa coluna em meio às minhas férias. Estou em um veleiro com a minha família e, para chegar até aqui, fomos conduzidos apenas pela vela, entregues à força da natureza. Cada brisa, cada conversa, cada gargalhada foi parte do caminho que nos trouxe ao destino. Sim, chegar era um sonho, mas não mais importante que o trajeto percorrido.
Isso faz com que eu me questione: será que estamos apressados para, de fato, viver? Ou apenas para conquistar?
Se fixarmos o olhar somente no futuro, corremos o risco de atravessar a vida sem perceber aquilo que realmente nos transforma, nos faz felizes e nos torna vivos. Muitas vezes, sem sequer lembrar o porquê de tanto querer chegar. O propósito se perde e nem sempre é reencontrado.
Minha filha Flavia Rodriguez Zanoli, que trabalha com eventos esportivos e carrega no corpo e na alma, a corrida e o surf, me disse algo que fez muito sentido: “no surf, a conquista é o caminho”. Então ela me explicou:
“O prazer está nos pequenos detalhes, no que constrói a jornada até o objetivo. A sensação de surfar uma boa onda é indescritível, claro, mas só existe porque houve um processo antes. É a estrada até a praia, a expectativa da noite anterior, acompanhar as previsões e torcer por um mar perfeito, sabendo, ao mesmo tempo, que isso está fora do nosso controle e que precisamos nos adaptar; é vestir a roupa de borracha, sentir o sal na pele, o cheiro do protetor no rosto. É atravessar as ondas até chegar ao fundo e se encantar com o silêncio do mar. E, quando a onda vem, aqueles segundos parecem os mais longos e intensos da vida. Quando acabam, recomeçamos: remadas infinitas, uma nova escolha, uma nova onda, sempre diferente da anterior, sempre trazendo um aprendizado. E é isso que faz a vida ser tão única”.
Flavia Rodriguez Zanoli | Créditos: Arquivo pessoalAndré dos Santos e Maria Toledor | Créditos: Arquivo pessoal
Meu genro André, que se apaixona cada vez mais pelo velejar, também fez um paralelo entre a pressa e a chegada. Para ele – e agora para mim –, a vela nos ensina que não faz sentido querer apressar o destino. O essencial está no aprendizado e na transformação silenciosa que acontece no meio do caminho.
Hoje, descubro, em cada travessia, que não quero ser apenas uma velejadora melhor; quero ser uma pessoa melhor. Quero que minha família esteja comigo nesses percursos, que possamos chegar juntos a destinos que talvez nunca tivéssemos imaginado e, dessa forma, me aproximo das pessoas que amo, porque, no mar, não é a pressa que nos move, mas os bons ventos, a travessia tranquila e a tripulação ao nosso lado. E, no fim, é justamente isso que nos leva mais longe.
Deixo, então, uma provocação: e se passássemos a viver mais atentos ao processo? A sentir a vida em seus detalhes, nos pequenos sinais que muitas vezes ignoramos. A olhar nos olhos, perceber o suor escorrendo na testa, reconhecer a brisa do tempo e agradecer por ela; a ouvir de verdade, a enxergar em vez de apenas olhar; a respirar os cheiros, os instantes, as presenças, os momentos… ah, todos eles e suas nuances.
Sobretudo, sentir quem estamos nos transformando, nos tornando através de cada desafio, seja ele qual for. E, mais importante ainda, compreendendo o porquê de cada escolha e estando prontos, em paz, para quando a chegada finalmente acontecer.
“A vida é, na verdade, uma maratona, mas não somente a prova. Mas todo o caminho que leva a linha de chegada.”
– Marina Kocourek
Vamos curtir essa jornada?!
* Marina Kocourek é atleta e empresária no comando da 220Volts, uma agência de viagens que busca levar grupos de mulheres para correr em diferentes lugares do mundo.
Entre o vento e a onda, encontramos o sentido da jornada
Se fixarmos o olhar somente no futuro, corremos o risco de atravessar a vida sem perceber aquilo que realmente nos transforma, nos faz felizes e nos torna vivos
Por Marina Kocourek*
Primeiro eu ouvi uma mulher, durante uma viagem, falar sobre a próxima aventura que já estava reservada para o fim do ano. Depois, conversei com uma amiga que, cansada de um desafio, acelerava o processo apenas para terminar logo. Pouco depois, conheci um rapaz que confessou estar pagando alguém para ler livros e fazer trabalhos acadêmicos em seu lugar só para encurtar o caminho até o diploma. E, por fim, ouvi uma corredora ansiosa por acelerar seu percurso nas maratonas, buscando rapidamente a conquista da Mandala Majors. Então, eu senti!
Senti porque amo o processo. Sim, sou impaciente, sou ariana, mas, ainda assim, amo cada momento, mesmo quando é difícil e longo, porque é em cada um deles que reside o verdadeiro valor da vida e por meio do qual, de fato, nos transformamos.
Escrevo essa coluna em meio às minhas férias. Estou em um veleiro com a minha família e, para chegar até aqui, fomos conduzidos apenas pela vela, entregues à força da natureza. Cada brisa, cada conversa, cada gargalhada foi parte do caminho que nos trouxe ao destino. Sim, chegar era um sonho, mas não mais importante que o trajeto percorrido.
Se fixarmos o olhar somente no futuro, corremos o risco de atravessar a vida sem perceber aquilo que realmente nos transforma, nos faz felizes e nos torna vivos. Muitas vezes, sem sequer lembrar o porquê de tanto querer chegar. O propósito se perde e nem sempre é reencontrado.
Minha filha Flavia Rodriguez Zanoli, que trabalha com eventos esportivos e carrega no corpo e na alma, a corrida e o surf, me disse algo que fez muito sentido: “no surf, a conquista é o caminho”. Então ela me explicou:
“O prazer está nos pequenos detalhes, no que constrói a jornada até o objetivo. A sensação de surfar uma boa onda é indescritível, claro, mas só existe porque houve um processo antes. É a estrada até a praia, a expectativa da noite anterior, acompanhar as previsões e torcer por um mar perfeito, sabendo, ao mesmo tempo, que isso está fora do nosso controle e que precisamos nos adaptar; é vestir a roupa de borracha, sentir o sal na pele, o cheiro do protetor no rosto. É atravessar as ondas até chegar ao fundo e se encantar com o silêncio do mar. E, quando a onda vem, aqueles segundos parecem os mais longos e intensos da vida. Quando acabam, recomeçamos: remadas infinitas, uma nova escolha, uma nova onda, sempre diferente da anterior, sempre trazendo um aprendizado. E é isso que faz a vida ser tão única”.
Meu genro André, que se apaixona cada vez mais pelo velejar, também fez um paralelo entre a pressa e a chegada. Para ele – e agora para mim –, a vela nos ensina que não faz sentido querer apressar o destino. O essencial está no aprendizado e na transformação silenciosa que acontece no meio do caminho.
Hoje, descubro, em cada travessia, que não quero ser apenas uma velejadora melhor; quero ser uma pessoa melhor. Quero que minha família esteja comigo nesses percursos, que possamos chegar juntos a destinos que talvez nunca tivéssemos imaginado e, dessa forma, me aproximo das pessoas que amo, porque, no mar, não é a pressa que nos move, mas os bons ventos, a travessia tranquila e a tripulação ao nosso lado. E, no fim, é justamente isso que nos leva mais longe.
Deixo, então, uma provocação: e se passássemos a viver mais atentos ao processo? A sentir a vida em seus detalhes, nos pequenos sinais que muitas vezes ignoramos. A olhar nos olhos, perceber o suor escorrendo na testa, reconhecer a brisa do tempo e agradecer por ela; a ouvir de verdade, a enxergar em vez de apenas olhar; a respirar os cheiros, os instantes, as presenças, os momentos… ah, todos eles e suas nuances.
Sobretudo, sentir quem estamos nos transformando, nos tornando através de cada desafio, seja ele qual for. E, mais importante ainda, compreendendo o porquê de cada escolha e estando prontos, em paz, para quando a chegada finalmente acontecer.
Vamos curtir essa jornada?!
* Marina Kocourek é atleta e empresária no comando da 220Volts, uma agência de viagens que busca levar grupos de mulheres para correr em diferentes lugares do mundo.
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