Consumir narrativas assinadas por escritoras negras brasileiras é um caminho potente para ampliar visões, atravessar fronteiras culturais e revisitar identidades. Por isso, selecionamos cinco obras que merecem sua atenção, cada uma com sua importância literária e contexto histórico.
1. A Dolorosa Raiz do Micondó (Conceição Lima)
Publicado em 2006 pela editora Caminho, “A Dolorosa Raiz do Micondó” reúne 27 poemas em que a autora são-tomense Conceição Lima explora ancestralidade, memória e a dor da diáspora. Ela traz em seu sujeito poético, a voz de convocação e compromisso, talvez por um legado de suas antecessoras no combate contra o colonialismo português em seu país e em Angola, Guiné Bissau, Moçambique e Cabo Verde.
“Micondó” remete a uma árvore simbólica, com raízes profundas, evocando uma metáfora para as conexões ao continente africano, àquilo que foi rasgado pela escravidão e pelo exílio colonial. Um dos poemas mais conhecidos, “1953”, remete ao Massacre de Batepá, ocorrido em São Tomé e Príncipe, e ressalta como a poesia de Lima atua como registro contra o apagamento histórico.
Além da força dos temas, Lima carrega trajetória intelectual significativa, já que ela nasceu em 1961, formou-se em jornalismo e Estudos Afro-Portugueses, e ocupa expressivo lugar na poesia lusófona contemporânea.
2. Poetas Negras Brasileiras – uma antologia (org. Jarid Arraes)
Essa antologia reúne mais de 70 poetas negras brasileiras de diferentes faixas etárias e regiões, em 128 páginas que expressam pluralidade de vozes e estilos.
A proposta do livro é mapear poeticamente o Brasil contemporâneo a partir da experiência da mulher negra: temas como ancestralidade, corpo, racismo e resistência se entrelaçam nas vozes selecionadas.
Essa obra foi organizada por Jarid Arraes, nascida em 1991, atua desde jovem como poeta, contista e cordelista, com centenas de títulos publicados e forte presença em movimentos de literatura e feminismo negro no Brasil.
3. O livro do avesso: O pensamento de Edite (Elisa Lucinda)
Essa obra de Elisa Lucinda mistura prosa e poesia em uma narrativa introspectiva, centrada na personagem Edite que revela suas dores, paixões, desencontros e memória íntima. É uma escrita que flui como pensamento à flor da pele, permitida pela musicalidade da autora, que também é atriz e cantora.
Lucinda é reconhecida por sua voz forte no cenário literário e cultural brasileiro. Suas obras costumam dialogar com temas femininos, identitários e existenciais.
4. Kuami (Cidinha da Silva)
Cidinha da Silva é escritora, historiadora e ativista brasileira. Sua obra atravessa contos, poesia, crônicas e literatura infantil/juvenil.
“Kuami” é um livro infantojuvenil em que o personagem principal, um elefante, embarca numa jornada para libertar sua mãe das garras do tráfico de marfim, com a ajuda de uma sereia chamada Janaína. A trama desenvolve fantasia e crítica social, aborda o agronegócio, a exploração animal e, em pano de fundo simbólico, a resistência e o afeto negro.
5. Eu, Tituba: Bruxa Negra de Salem (Maryse Condé)
Originalmente Moi, Tituba, sorcière… Noire de Salem (1988), essa obra de Maryse Condé revisita a figura histórica de Tituba, mulher negra nascida em Barbados, acusada de bruxaria durante os julgamentos de Salem em 1692.
Na narrativa, Condé dá voz a Tituba: sua infância nas ilhas caribenhas, o extermínio colonial, os traumas pessoais e o choque de enfrentar o puritanismo norte-americano. A obra mistura história documentada e ficção para reconstruir a subjetividade de uma mulher que foi silenciada por crônicas brancas.
No Brasil, essa obra é frequentemente usada em cursos de literatura e estudos de raça como exemplo de reescrita feminista e reparadora.
Um olhar mais amplo
Ler obras escritas por mulheres negras é também uma forma de ampliar o olhar sobre o mundo
Essas autoras trazem experiências e perspectivas que muitas vezes ficam de fora da literatura mais tradicional, criando histórias que mesclam memória, identidade e resistência. Ao mesmo tempo, oferecem uma riqueza estética imensa, que vai da poesia à fantasia, passando por narrativas íntimas e reflexivas.
Todos esses livros da lista fazem o leitor a atravessar diferentes caminhos. Há textos que dialogam diretamente com a história e o passado colonial, outros que resgatam vozes silenciadas e também aqueles que exploram afetos, cotidiano e subjetividades. São experiências que despertam reflexões sobre a sociedade em que vivemos e sobre como enxergamos as diferenças.
5 livros escritos por mulheres negras que vale a pena ler
Consumir narrativas assinadas por escritoras negras brasileiras é um caminho potente para ampliar visões, atravessar fronteiras culturais e revisitar identidades. Por isso, selecionamos cinco obras que merecem sua atenção, cada uma com sua importância literária e contexto histórico.
1. A Dolorosa Raiz do Micondó (Conceição Lima)
Publicado em 2006 pela editora Caminho, “A Dolorosa Raiz do Micondó” reúne 27 poemas em que a autora são-tomense Conceição Lima explora ancestralidade, memória e a dor da diáspora. Ela traz em seu sujeito poético, a voz de convocação e compromisso, talvez por um legado de suas antecessoras no combate contra o colonialismo português em seu país e em Angola, Guiné Bissau, Moçambique e Cabo Verde.
“Micondó” remete a uma árvore simbólica, com raízes profundas, evocando uma metáfora para as conexões ao continente africano, àquilo que foi rasgado pela escravidão e pelo exílio colonial. Um dos poemas mais conhecidos, “1953”, remete ao Massacre de Batepá, ocorrido em São Tomé e Príncipe, e ressalta como a poesia de Lima atua como registro contra o apagamento histórico.
Além da força dos temas, Lima carrega trajetória intelectual significativa, já que ela nasceu em 1961, formou-se em jornalismo e Estudos Afro-Portugueses, e ocupa expressivo lugar na poesia lusófona contemporânea.
2. Poetas Negras Brasileiras – uma antologia (org. Jarid Arraes)
Essa antologia reúne mais de 70 poetas negras brasileiras de diferentes faixas etárias e regiões, em 128 páginas que expressam pluralidade de vozes e estilos.
A proposta do livro é mapear poeticamente o Brasil contemporâneo a partir da experiência da mulher negra: temas como ancestralidade, corpo, racismo e resistência se entrelaçam nas vozes selecionadas.
Essa obra foi organizada por Jarid Arraes, nascida em 1991, atua desde jovem como poeta, contista e cordelista, com centenas de títulos publicados e forte presença em movimentos de literatura e feminismo negro no Brasil.
3. O livro do avesso: O pensamento de Edite (Elisa Lucinda)
Essa obra de Elisa Lucinda mistura prosa e poesia em uma narrativa introspectiva, centrada na personagem Edite que revela suas dores, paixões, desencontros e memória íntima. É uma escrita que flui como pensamento à flor da pele, permitida pela musicalidade da autora, que também é atriz e cantora.
Lucinda é reconhecida por sua voz forte no cenário literário e cultural brasileiro. Suas obras costumam dialogar com temas femininos, identitários e existenciais.
4. Kuami (Cidinha da Silva)
Cidinha da Silva é escritora, historiadora e ativista brasileira. Sua obra atravessa contos, poesia, crônicas e literatura infantil/juvenil.
“Kuami” é um livro infantojuvenil em que o personagem principal, um elefante, embarca numa jornada para libertar sua mãe das garras do tráfico de marfim, com a ajuda de uma sereia chamada Janaína. A trama desenvolve fantasia e crítica social, aborda o agronegócio, a exploração animal e, em pano de fundo simbólico, a resistência e o afeto negro.
5. Eu, Tituba: Bruxa Negra de Salem (Maryse Condé)
Originalmente Moi, Tituba, sorcière… Noire de Salem (1988), essa obra de Maryse Condé revisita a figura histórica de Tituba, mulher negra nascida em Barbados, acusada de bruxaria durante os julgamentos de Salem em 1692.
Na narrativa, Condé dá voz a Tituba: sua infância nas ilhas caribenhas, o extermínio colonial, os traumas pessoais e o choque de enfrentar o puritanismo norte-americano. A obra mistura história documentada e ficção para reconstruir a subjetividade de uma mulher que foi silenciada por crônicas brancas.
No Brasil, essa obra é frequentemente usada em cursos de literatura e estudos de raça como exemplo de reescrita feminista e reparadora.
Um olhar mais amplo
Ler obras escritas por mulheres negras é também uma forma de ampliar o olhar sobre o mundo
Essas autoras trazem experiências e perspectivas que muitas vezes ficam de fora da literatura mais tradicional, criando histórias que mesclam memória, identidade e resistência. Ao mesmo tempo, oferecem uma riqueza estética imensa, que vai da poesia à fantasia, passando por narrativas íntimas e reflexivas.
Todos esses livros da lista fazem o leitor a atravessar diferentes caminhos. Há textos que dialogam diretamente com a história e o passado colonial, outros que resgatam vozes silenciadas e também aqueles que exploram afetos, cotidiano e subjetividades. São experiências que despertam reflexões sobre a sociedade em que vivemos e sobre como enxergamos as diferenças.
E aí, por qual deste você vai começar?
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