O mercado brasileiro está de olho no que faz e pensa Alexandra Casoni, que aceitou o convite da Life Zumm para um bate-papo sobre educação, posicionamento e valores, sejam profissionais ou pessoais
CEO, investidora, brand storyteller, apresentadora, mãe, atleta: a sua apresentação depende do contexto no qual estará inserida – e são muitos! De forma geral, o mercado gosta de apresentá-la como a responsável pelo sucesso da Flormel, uma das maiores empresas do segmento saudável do Brasil; ou como fundadora do Club A, um movimento de educação empresarial exclusivo para mulheres empreendedoras.
Aqui, vamos chamá-la de empresária, com a proposta de que a palavra pouco específica contenha a essência de Alexandra Casoni, que bateu um papo com a Life Zumm, revista do Grupo Zumm, para falar de educação, posicionamento e valores. Confira os principais pontos dessa entrevista:
Alexandra Casoni no LIDE | Crédito: Rafael Cautella
Alexandra Casoni: Hoje, eu tenho perfeita clareza do meu tempo, da minha energia e de onde eu quero estar. E o LIDE conversa 100% com o que eu acredito, que é a educação, o relacionamento e, sobretudo, o empresariado. E quando conheci o Fábio [Fernandes, presidente do conselho], percebemos que estávamos em um momento sintonizado. Então, por que não somarmos os esforços?! Foi quando recebi esse convite e foi um privilégio poder estar com eles, especialmente agora que moro em Ribeirão Preto. Acho que falar de marca pessoal e posicionamento, que foi o tema do evento, sempre é algo que desperta, provoca e ressignifica em cada oportunidade. Foi muito bom estar com todos ali e trazer um pouquinho da Alexandra, da minha essência, dos meus valores e me aproximar, além de que conheci várias pessoas incríveis.
LZ:Como esse tema conversa com o Club A, que é uma das suas principais frentes de atuação atualmente?
Alexandra Casoni | Crédito: Divulgação
AC: O meu foco hoje, de fato, é tudo que permeia a educação empresarial. Então, sou sócia da Flormel, atuo no conselho, tenho as minhas atuações lá, assim como tenho em outras empresas que investi, mas a educação permeia qualquer que seja o meu negócio. Sempre vou tentar implementar e ser essa guardiã da educação. Tanto que estou dentro do maior movimento de educação empresarial, com a ideologia criada pelo Flávio Augusto, e que me deu a oportunidade de fundar o Club A, um projeto voltado somente para mulheres empresárias e de muito impacto, muito próspero, com uma boa margem. Hoje, 70% das minhas mulheres têm resultados acima de 60% de crescimento, porque todas se preparam e sentem mais autoconfiantes. O próprio grupo coopera, cocria e viram sócias umas das outras.
LZ:Quem são essas mulheres? Onde e em que nível da carreira elas estão?
AC: Dentro de toda minha jornada de educação, tenho muitos estágios da mulher empresária. Tenho aquela mulher que está começando ou está num processo de transição de carreira; aquela que já liderou um time, que já foi uma executiva e quer dar um novo passo. Elas fazem um primeiro percurso comigo, dentro de um programa de acompanhamento, no qual eu ensino técnicas e ferramentas, com uma metodologia que eu criei para impulsioná-las. Mas não é tão exclusivo, ela não me acessa tanto. Depois, eu tenho o Club A, no qual, de fato ficamos um ano juntas. Nele, essa mulher tem meu contato, pode me ligar, fazemos quatro encontros presenciais e ela tem um escopo de entrega. Assim, ela consegue acelerar e entende que não caminha mais sozinha, que tem alguém ao lado dela, alguém para ligar e buscar um conselho, ou para estruturar junto, direcionar e proporcionar um ambiente seguro para ela. Essa mulher já é financeiramente independente e está dando um passo de fé, porque é high ticket, ou seja, um valor agregado na vida dela. Dessa forma, a soma do Club A já é de praticamente R$ 900 milhões negócios, entre os quais eu tenho negócio de R$ 1 milhão/ano até de quase R$ 300 milhões/ano. E a mulher de R$ 1 milhão/ano quer ser a de 30, 50, 100 milhões/ano, quer chegar lá uma forma mais segura, errando menos, tomando melhores decisões. E ela faz isso comprando acesso. Essa mulher sabe o valor do acesso.
LZ:O Club A tem duração de 1 ano?
AC: Não necessariamente. Depois de um ano, a mulher tem a oportunidade de renovar o título. Renovando, ela pagará só 50% do valor, que é a manutenção daquela caminhada que ela está fazendo. Inclusive, estou com várias mulheres em processo de renovação – acredito que 80, 90% deva renovar. E eu completei um ano de Club A agora em fevereiro. Foi tudo muito rápido. Quem não quiser renovar, pode vender o título. Afinal, eu não entro em nada que não tenha equity (valor). Isso quem criou foi Flávio Augusto, não fui eu. Mas o modus operandis, o que eu entrego e a forma com que eu entrego são minhas, com as minhas mulheres.
LZ:Foi também o foco educativo que levou você até o Shark Tank Brasil?[Alexandra começou a ocupar uma das cadeiras de investidora na última edição do programa]
AC: Acho que foi a minha aproximação com o universo da educação que me levou até a decisão de estar em Shark Tank. Porque o programa nada mais é que um conceito de smart money, ou seja, a pessoa quer o seu intelecto e quer também ser sócia do negócio. Ela teria outras vias mais fáceis e até mais rápidas de conseguir o dinheiro, mas ela quer os dois. E quando a gente olha para mentoria, a gente não está falando de um processo societário, mas estamos falando de você estar ali dentro do negócio da pessoa, colaborando com o intelecto e ela paga para poder acelerar o percurso dela. Ao mesmo tempo, a educação, para mim, pelo menos, é um caminho justamente para pensar nessa equity.
LZ:Após analisar vários cases apresentados durante a temporada do programa, qual a sua avaliação sobre as iniciativas empreendedoras brasileiras?
AC: A capacidade criativa e inovadora brasileira – o fazer do brasileiro – é impressionante. Eu conheço muitos países, já operei em vários lugares, com culturas diferentes, mas eu acho que é nato do brasileiro esse ímpeto de fazer, de realizar. Aí aparecem algumas questões sobre “aquele jeitinho brasileiro” que nasce com o processo de já sair fazendo – algo que dá certo para muita gente, inclusive. Contudo, o que eu vejo é, quando existe um movimento de educação, de mostrar que existem os melhores caminhos, os caminhos mais rápidos, mais seguros, muitas dinâmicas melhoram. É óbvio que tem aquelas pessoas sem nenhuma condição financeira para fazer o negócio nascer estruturado ou de fazer um business plan. Foi a história dos meus pais. Mas eu percebo claramente que as pessoas já compreendem que a informação existe, o acesso existe. A diferença está em quem tem o apetite da decisão, do passo de fé. De estar em determinado ambiente, estar com as pessoas certas, fazer investimentos. Eu vejo muito isso. Mas, dentro de uma base, acho que nós, brasileiros, somos muito empreendedores. E tem de tudo! O que mostra quantas oportunidades nós temos, inclusive com a educação empresarial.
LZ:Durante a sua trajetória, você tomou a decisão de dar esse “passo de fé”?
Alexandra Casoni durante entrevista no Grupo Zumm | Crédito: Rafael Cautella
AC: O hoje é um retrato da construção de um caminho que teve vários passos de fé. Faz 21 anos que eu empreendo e 1 ano e meio que eu saí da operação da Flormel. Mas os 20 anos de Flormel criou uma simbiose entre a empresa e a Alexandra. Como o meu eixo era saúde e alimentação, dentro do que eu vivia, eu só enxergava aquilo, eu entendia que era aquilo que eu faria, apesar de já ter a visão de equity e feito um primeiro M&A. Mas era isso que eu vivia. Então, quando eu dei o passo de aceitar ser conselheira de um negócio em uma empresa de 105 anos, comecei a ver que poderia ajudar muitas pessoas por meio das experiências que tinha acumulado. E eu gostava de fazer aquilo e estava sendo remunerada para fazê-lo. Passei a me abrir a alguns convites aos quais antes eu não me permitia. Porque eu sempre fui muito focada. Aí também veio a vida e o Sony Channel me chamando para o Shark Tank. Depois, de repente, vem o convite para estar no movimento de educação empresarial do Flavio Augusto. Sabe quando as coisas só vão acontecendo? Foi quando eu falei: “Espera aí, eu posso pensar por um outro ponto de vista”. Então, eu fiz uma escolha de não seguir mais na linha de frente da Flormel e estou muito feliz; me encontrei muito. É como se tudo que eu fiz estivesse me preparando para fazer o que faço hoje. Mas eu não me imaginava aqui. Tem muita coisa que a gente sonha, projetos de grande impacto, como ser mãe, casar, empreender…, mas eu nunca imaginei os últimos acontecimentos. Tanto que ainda tenho um pouco daquela síndrome do impostor. Mas, com o tempo, vamos entendendo. As respostas vêm de outras formas, acho que esse é o percurso da vida.
LZ:A parceria com a Audi também se enquadra na série de acontecimentos inesperados?
AC: Sempre fui essa pessoa de querer trabalhar muito o posicionamento estratégico, de liderar onde eu estava, e de conquistar grandeza de impacto do projeto – não é estou falando de um fim monetário. A própria educação, por meio do Club A, nasce com esse fundamento e por isso tenho mulheres tão fortes do meu lado. Ao mesmo tempo, a inovação também está no meu DNA. Inovar na forma de pensar, de conduzir, de operar, de liderar, de traduzir ideias em produto. Nisso eu pensei: o que a mulher gosta? Eu adoraria levar a educação e conteúdo de uma forma diferente a essas mulheres, em um ambiente diferente.
Por outro lado, sou uma mulher super prática, que dirige desde os 16 anos, então imaginei o quão legal seria uma conversa dentro do carro? E tudo parte da intenção! Daí, fui pesquisar e vendi o projeto para o meu RP, que adorou a ideia. Depois, pensamos em tentar trazer uma marca forte com a gente, que, nesse caso, teria que ser uma empresa automobilística e que conversasse comigo. Sou uma pessoa que gosta de sofisticação e, cada vez mais, estou quebrando várias crenças de escassez que tenho na minha base, que trouxe da minha família. Mas eu gosto de sofisticação, ainda que não seja do luxo. E a Audi tem essa sofisticação e um luxo compatíveis comigo. Tanto que meu primeiro Audi, o Q3, eu comprei com 21 anos. Nisso, minha agência marcou uma reunião com o diretor de marketing da Audi e fizemos uma defesa do projeto. Ou seja: não é que a Audi me quis. Eu propus o projeto para a Audi e eles compraram a minha ideia. A ideia de criarmos quatro movimentos grandes para trazer pessoas para a Audi, que, olhando dentro de uma estratégia de marketing, é para todo mundo entender que a Audi apoia mulheres, que também está nesse movimento de educação, que seus carros são para essa mulher autêntica, que toma decisão, que também quer seguir sua carreira, quer ser mãe, essa mulher plural.
Alexandra Casoni em evento da Audi | Crédito: Reprodução do Instagram
LZ:O quanto a sua visibilidade nas redes e no mercado influenciou a parceria?
AC: Nunca foi questão de número de seguidores, senão eu nem tinha chegado à reunião. A primeira pergunta que tive que responder foi “o que a Flormel tem a ver com a Audi?” E minha resposta foi: eu tive que vender luxo a minha vida inteira, vender um produto de valor agregado para um varejo extremamente competitivo. Então, eu tinha que ter energia, que me esforçar, que mobilizar, ser muito criativa, inovadora – assim como a Audi é inovador e precisa saber o tempo todo como lidar com tantas outras marcas de luxo. Então, teve essa relação de entender que é uma aposta dos dois lados. Eu quero muito que dê certo, quero contar esse case como sucesso. O fechamento de um contrato de um ano foi o primeiro sucesso, e o segundo será os resultados para as ambas as partes.
LZ:Quanto e como a Alexandra pessoa física coexiste com esse universo empreendedor?
AC: Eu não acredito em equilíbrio e reconheço que já falhei inúmeras vezes. Mas uma qualidade que reconheço em mim é que sou uma pessoa que gerencio muito bem o meu tempo e como priorizo a minha relação comigo mesma e com a minha família. Então, já perdi muitas oportunidades por escolher viver a maternidade, amamentar os meus dois filhos com dois anos de livre demanda, nunca ter um babá que dormiu à noite ou nunca um motorista para levar e buscar na escola – sendo que eu tinha condição de ter. Já agora, para 2025, estou tomando algumas decisões que nunca tinha tomado, como, por exemplo, pegando mais um ajudante para ficar um pouco mais na cobertura até a noite. É onde não acredito em equilíbrio, mas acredito em gestão de tempo e prioridade. Hoje, existem algumas coisas na minha vida profissional que eu quero, então eu escolho me dedicar um pouco mais a elas. Para isso, preciso ter uma condição básica na qual eu fique confortável para poder entregar o meu melhor. Só que já teve momentos em que deixei de ganhar mais dinheiro, vi os resultados dos negócios caírem e nunca tive problema de contar isso. Acho que fui aprendendo essa relação de priorizar, entendendo mais e mais. Recentemente, por exemplo, eu estava em reunião, mas sai para buscar meus filhos, e não fiquei justificando para ninguém. Eu trabalho muito, me entrego muito. Mas acho que são escolhas. O meu sucesso também é ver o nível dos meus filhos, o quanto eles são generosos, são espertos, gostam de esportes. Porque o esporte sempre foi minha base, e hoje eles fazem natação, ginástica, judô e eu sempre acompanho.
LZ:Como você entende a influência do esporte na sua vida?
Alexandra Casoni e os filhos | Crédito: Reprodução do Instagram
AC: Sempre tive bons treinadores. Meu pai foi essa pessoa para mim, sempre esteve comigo. Então, quero ser uma dessas treinadoras. E quando você é atleta, tem a questão de disciplina, de meta, de desafio, de entender que cada detalhe faz diferença. Eu sou uma líder que delega, porque sempre fui muito livre, meus pais me permitiram fazer o que eu quisesse, tanto que cada irmão é de um jeito. Eu sou a única que gosta de empreender, falar de negócio, fazer negócio. Então, eu consigo trazer essa liberdade para os meus negócios e também tenho a competição em mim. Não é uma competição de ser igual ao outro – não tenho isso e questiono quem pensa muito assim. Estou em um meio no qual as pessoas querem muito imitar, copiar. Não tenho isso. Minha competição, minha comparação é comigo mesma. Eu sou minha competidora. Quando você pensa assim, você não tem medo de doar, você não tem medo de ensinar. É uma mentalidade.
Ao mesmo tempo, na liderança, trago também muita exigência. E poucas pessoas entendem a minha exigência, compreendem que a exigência traz excelência. Um treinador sempre é muito exigente com o atleta. Mas sou muito feliz com os líderes que ajudo a formar, porque meus líderes vestem a camisa e falam “você sempre é a líder mais exigente e a mais humana”. E essa exigência é sobre mim mesma, inclusive. Na minha primeira gestação, trabalhei até parir. Lembro que estava com 39 semanas e 2 dias, quando durante uma reunião com todas as minhas lideranças, eu fui ao banheiro, voltei e falei “gente, saiu meu tampão, eu vou lá em casa, vou parir e já mando notícia para vocês”. Isso até virou meme! Hoje vejo a imaturidade em achar que ia “ali e voltar”. Não é assim. Nasce uma nova mãe, uma nova mulher, uma nova configuração. Eu voltei com 20 e poucos dias, mas meu nenê foi comigo. Fora que, quando minha filha tinha 6 meses, eu já tinha começado o processo do meu primeiro M&A. Todas as reuniões aconteciam em um escritório na Brigadeiro Faria Lima, em São Paulo, e eu levava toda minha estrutura, meu marido ia comigo. Eu tenho um companheiro incrível na minha vida e sem ele não conseguiria fazer nada. Eu até me emociono, porque ele sempre me apoiou muito.
LZ:Para encerar, por que morar em Ribeirão Preto? Ou, dito de outra forma, por que não São Paulo?
AC: Eu sou uma pessoa extremamente intensa e, se eu estiver em um fluxo, fico sem almoçar, fico sem jantar, trabalho 16 horas. Isso em tudo que faço. Na capital, tenho convite todos os dias para palestras, eventos. A cidade me engole. Se eu estivesse lá, eu não seria tão bem casada, não seria a mãe que sou. E Ribeirão me permite ter a vida que eu gosto, uma vida simples e sofisticada; uma vida prática e que com certo luxo. Em São Paulo, não daria para fazer isso. Não poderia cumprir com os meus [valores] inegociáveis e passaria a ser uma mentira comigo mesma.
O movimento de Alexandra Casoni pela educação e o empreendedorismo
O mercado brasileiro está de olho no que faz e pensa Alexandra Casoni, que aceitou o convite da Life Zumm para um bate-papo sobre educação, posicionamento e valores, sejam profissionais ou pessoais
CEO, investidora, brand storyteller, apresentadora, mãe, atleta: a sua apresentação depende do contexto no qual estará inserida – e são muitos! De forma geral, o mercado gosta de apresentá-la como a responsável pelo sucesso da Flormel, uma das maiores empresas do segmento saudável do Brasil; ou como fundadora do Club A, um movimento de educação empresarial exclusivo para mulheres empreendedoras.
Aqui, vamos chamá-la de empresária, com a proposta de que a palavra pouco específica contenha a essência de Alexandra Casoni, que bateu um papo com a Life Zumm, revista do Grupo Zumm, para falar de educação, posicionamento e valores. Confira os principais pontos dessa entrevista:
Life Zumm: Você foi a 1ª convidada de uma reunião do LIDE Ribeirão Preto em 2025. Como surgiu a oportunidade e como foi a experiência?
Alexandra Casoni: Hoje, eu tenho perfeita clareza do meu tempo, da minha energia e de onde eu quero estar. E o LIDE conversa 100% com o que eu acredito, que é a educação, o relacionamento e, sobretudo, o empresariado. E quando conheci o Fábio [Fernandes, presidente do conselho], percebemos que estávamos em um momento sintonizado. Então, por que não somarmos os esforços?! Foi quando recebi esse convite e foi um privilégio poder estar com eles, especialmente agora que moro em Ribeirão Preto. Acho que falar de marca pessoal e posicionamento, que foi o tema do evento, sempre é algo que desperta, provoca e ressignifica em cada oportunidade. Foi muito bom estar com todos ali e trazer um pouquinho da Alexandra, da minha essência, dos meus valores e me aproximar, além de que conheci várias pessoas incríveis.
LZ: Como esse tema conversa com o Club A, que é uma das suas principais frentes de atuação atualmente?
AC: O meu foco hoje, de fato, é tudo que permeia a educação empresarial. Então, sou sócia da Flormel, atuo no conselho, tenho as minhas atuações lá, assim como tenho em outras empresas que investi, mas a educação permeia qualquer que seja o meu negócio. Sempre vou tentar implementar e ser essa guardiã da educação. Tanto que estou dentro do maior movimento de educação empresarial, com a ideologia criada pelo Flávio Augusto, e que me deu a oportunidade de fundar o Club A, um projeto voltado somente para mulheres empresárias e de muito impacto, muito próspero, com uma boa margem. Hoje, 70% das minhas mulheres têm resultados acima de 60% de crescimento, porque todas se preparam e sentem mais autoconfiantes. O próprio grupo coopera, cocria e viram sócias umas das outras.
LZ: Quem são essas mulheres? Onde e em que nível da carreira elas estão?
AC: Dentro de toda minha jornada de educação, tenho muitos estágios da mulher empresária. Tenho aquela mulher que está começando ou está num processo de transição de carreira; aquela que já liderou um time, que já foi uma executiva e quer dar um novo passo. Elas fazem um primeiro percurso comigo, dentro de um programa de acompanhamento, no qual eu ensino técnicas e ferramentas, com uma metodologia que eu criei para impulsioná-las. Mas não é tão exclusivo, ela não me acessa tanto. Depois, eu tenho o Club A, no qual, de fato ficamos um ano juntas. Nele, essa mulher tem meu contato, pode me ligar, fazemos quatro encontros presenciais e ela tem um escopo de entrega. Assim, ela consegue acelerar e entende que não caminha mais sozinha, que tem alguém ao lado dela, alguém para ligar e buscar um conselho, ou para estruturar junto, direcionar e proporcionar um ambiente seguro para ela. Essa mulher já é financeiramente independente e está dando um passo de fé, porque é high ticket, ou seja, um valor agregado na vida dela. Dessa forma, a soma do Club A já é de praticamente R$ 900 milhões negócios, entre os quais eu tenho negócio de R$ 1 milhão/ano até de quase R$ 300 milhões/ano. E a mulher de R$ 1 milhão/ano quer ser a de 30, 50, 100 milhões/ano, quer chegar lá uma forma mais segura, errando menos, tomando melhores decisões. E ela faz isso comprando acesso. Essa mulher sabe o valor do acesso.
LZ: O Club A tem duração de 1 ano?
AC: Não necessariamente. Depois de um ano, a mulher tem a oportunidade de renovar o título. Renovando, ela pagará só 50% do valor, que é a manutenção daquela caminhada que ela está fazendo. Inclusive, estou com várias mulheres em processo de renovação – acredito que 80, 90% deva renovar. E eu completei um ano de Club A agora em fevereiro. Foi tudo muito rápido. Quem não quiser renovar, pode vender o título. Afinal, eu não entro em nada que não tenha equity (valor). Isso quem criou foi Flávio Augusto, não fui eu. Mas o modus operandis, o que eu entrego e a forma com que eu entrego são minhas, com as minhas mulheres.
LZ: Foi também o foco educativo que levou você até o Shark Tank Brasil? [Alexandra começou a ocupar uma das cadeiras de investidora na última edição do programa]
AC: Acho que foi a minha aproximação com o universo da educação que me levou até a decisão de estar em Shark Tank. Porque o programa nada mais é que um conceito de smart money, ou seja, a pessoa quer o seu intelecto e quer também ser sócia do negócio. Ela teria outras vias mais fáceis e até mais rápidas de conseguir o dinheiro, mas ela quer os dois. E quando a gente olha para mentoria, a gente não está falando de um processo societário, mas estamos falando de você estar ali dentro do negócio da pessoa, colaborando com o intelecto e ela paga para poder acelerar o percurso dela. Ao mesmo tempo, a educação, para mim, pelo menos, é um caminho justamente para pensar nessa equity.
LZ: Após analisar vários cases apresentados durante a temporada do programa, qual a sua avaliação sobre as iniciativas empreendedoras brasileiras?
AC: A capacidade criativa e inovadora brasileira – o fazer do brasileiro – é impressionante. Eu conheço muitos países, já operei em vários lugares, com culturas diferentes, mas eu acho que é nato do brasileiro esse ímpeto de fazer, de realizar. Aí aparecem algumas questões sobre “aquele jeitinho brasileiro” que nasce com o processo de já sair fazendo – algo que dá certo para muita gente, inclusive. Contudo, o que eu vejo é, quando existe um movimento de educação, de mostrar que existem os melhores caminhos, os caminhos mais rápidos, mais seguros, muitas dinâmicas melhoram. É óbvio que tem aquelas pessoas sem nenhuma condição financeira para fazer o negócio nascer estruturado ou de fazer um business plan. Foi a história dos meus pais. Mas eu percebo claramente que as pessoas já compreendem que a informação existe, o acesso existe. A diferença está em quem tem o apetite da decisão, do passo de fé. De estar em determinado ambiente, estar com as pessoas certas, fazer investimentos. Eu vejo muito isso. Mas, dentro de uma base, acho que nós, brasileiros, somos muito empreendedores. E tem de tudo! O que mostra quantas oportunidades nós temos, inclusive com a educação empresarial.
LZ: Durante a sua trajetória, você tomou a decisão de dar esse “passo de fé”?
AC: O hoje é um retrato da construção de um caminho que teve vários passos de fé. Faz 21 anos que eu empreendo e 1 ano e meio que eu saí da operação da Flormel. Mas os 20 anos de Flormel criou uma simbiose entre a empresa e a Alexandra. Como o meu eixo era saúde e alimentação, dentro do que eu vivia, eu só enxergava aquilo, eu entendia que era aquilo que eu faria, apesar de já ter a visão de equity e feito um primeiro M&A. Mas era isso que eu vivia. Então, quando eu dei o passo de aceitar ser conselheira de um negócio em uma empresa de 105 anos, comecei a ver que poderia ajudar muitas pessoas por meio das experiências que tinha acumulado. E eu gostava de fazer aquilo e estava sendo remunerada para fazê-lo. Passei a me abrir a alguns convites aos quais antes eu não me permitia. Porque eu sempre fui muito focada. Aí também veio a vida e o Sony Channel me chamando para o Shark Tank. Depois, de repente, vem o convite para estar no movimento de educação empresarial do Flavio Augusto. Sabe quando as coisas só vão acontecendo? Foi quando eu falei: “Espera aí, eu posso pensar por um outro ponto de vista”. Então, eu fiz uma escolha de não seguir mais na linha de frente da Flormel e estou muito feliz; me encontrei muito. É como se tudo que eu fiz estivesse me preparando para fazer o que faço hoje. Mas eu não me imaginava aqui. Tem muita coisa que a gente sonha, projetos de grande impacto, como ser mãe, casar, empreender…, mas eu nunca imaginei os últimos acontecimentos. Tanto que ainda tenho um pouco daquela síndrome do impostor. Mas, com o tempo, vamos entendendo. As respostas vêm de outras formas, acho que esse é o percurso da vida.
LZ: A parceria com a Audi também se enquadra na série de acontecimentos inesperados?
AC: Sempre fui essa pessoa de querer trabalhar muito o posicionamento estratégico, de liderar onde eu estava, e de conquistar grandeza de impacto do projeto – não é estou falando de um fim monetário. A própria educação, por meio do Club A, nasce com esse fundamento e por isso tenho mulheres tão fortes do meu lado. Ao mesmo tempo, a inovação também está no meu DNA. Inovar na forma de pensar, de conduzir, de operar, de liderar, de traduzir ideias em produto. Nisso eu pensei: o que a mulher gosta? Eu adoraria levar a educação e conteúdo de uma forma diferente a essas mulheres, em um ambiente diferente.
Por outro lado, sou uma mulher super prática, que dirige desde os 16 anos, então imaginei o quão legal seria uma conversa dentro do carro? E tudo parte da intenção! Daí, fui pesquisar e vendi o projeto para o meu RP, que adorou a ideia. Depois, pensamos em tentar trazer uma marca forte com a gente, que, nesse caso, teria que ser uma empresa automobilística e que conversasse comigo. Sou uma pessoa que gosta de sofisticação e, cada vez mais, estou quebrando várias crenças de escassez que tenho na minha base, que trouxe da minha família. Mas eu gosto de sofisticação, ainda que não seja do luxo. E a Audi tem essa sofisticação e um luxo compatíveis comigo. Tanto que meu primeiro Audi, o Q3, eu comprei com 21 anos. Nisso, minha agência marcou uma reunião com o diretor de marketing da Audi e fizemos uma defesa do projeto. Ou seja: não é que a Audi me quis. Eu propus o projeto para a Audi e eles compraram a minha ideia. A ideia de criarmos quatro movimentos grandes para trazer pessoas para a Audi, que, olhando dentro de uma estratégia de marketing, é para todo mundo entender que a Audi apoia mulheres, que também está nesse movimento de educação, que seus carros são para essa mulher autêntica, que toma decisão, que também quer seguir sua carreira, quer ser mãe, essa mulher plural.
LZ: O quanto a sua visibilidade nas redes e no mercado influenciou a parceria?
AC: Nunca foi questão de número de seguidores, senão eu nem tinha chegado à reunião. A primeira pergunta que tive que responder foi “o que a Flormel tem a ver com a Audi?” E minha resposta foi: eu tive que vender luxo a minha vida inteira, vender um produto de valor agregado para um varejo extremamente competitivo. Então, eu tinha que ter energia, que me esforçar, que mobilizar, ser muito criativa, inovadora – assim como a Audi é inovador e precisa saber o tempo todo como lidar com tantas outras marcas de luxo. Então, teve essa relação de entender que é uma aposta dos dois lados. Eu quero muito que dê certo, quero contar esse case como sucesso. O fechamento de um contrato de um ano foi o primeiro sucesso, e o segundo será os resultados para as ambas as partes.
LZ: Quanto e como a Alexandra pessoa física coexiste com esse universo empreendedor?
AC: Eu não acredito em equilíbrio e reconheço que já falhei inúmeras vezes. Mas uma qualidade que reconheço em mim é que sou uma pessoa que gerencio muito bem o meu tempo e como priorizo a minha relação comigo mesma e com a minha família. Então, já perdi muitas oportunidades por escolher viver a maternidade, amamentar os meus dois filhos com dois anos de livre demanda, nunca ter um babá que dormiu à noite ou nunca um motorista para levar e buscar na escola – sendo que eu tinha condição de ter. Já agora, para 2025, estou tomando algumas decisões que nunca tinha tomado, como, por exemplo, pegando mais um ajudante para ficar um pouco mais na cobertura até a noite. É onde não acredito em equilíbrio, mas acredito em gestão de tempo e prioridade. Hoje, existem algumas coisas na minha vida profissional que eu quero, então eu escolho me dedicar um pouco mais a elas. Para isso, preciso ter uma condição básica na qual eu fique confortável para poder entregar o meu melhor. Só que já teve momentos em que deixei de ganhar mais dinheiro, vi os resultados dos negócios caírem e nunca tive problema de contar isso. Acho que fui aprendendo essa relação de priorizar, entendendo mais e mais. Recentemente, por exemplo, eu estava em reunião, mas sai para buscar meus filhos, e não fiquei justificando para ninguém. Eu trabalho muito, me entrego muito. Mas acho que são escolhas. O meu sucesso também é ver o nível dos meus filhos, o quanto eles são generosos, são espertos, gostam de esportes. Porque o esporte sempre foi minha base, e hoje eles fazem natação, ginástica, judô e eu sempre acompanho.
LZ: Como você entende a influência do esporte na sua vida?
AC: Sempre tive bons treinadores. Meu pai foi essa pessoa para mim, sempre esteve comigo. Então, quero ser uma dessas treinadoras. E quando você é atleta, tem a questão de disciplina, de meta, de desafio, de entender que cada detalhe faz diferença. Eu sou uma líder que delega, porque sempre fui muito livre, meus pais me permitiram fazer o que eu quisesse, tanto que cada irmão é de um jeito. Eu sou a única que gosta de empreender, falar de negócio, fazer negócio. Então, eu consigo trazer essa liberdade para os meus negócios e também tenho a competição em mim. Não é uma competição de ser igual ao outro – não tenho isso e questiono quem pensa muito assim. Estou em um meio no qual as pessoas querem muito imitar, copiar. Não tenho isso. Minha competição, minha comparação é comigo mesma. Eu sou minha competidora. Quando você pensa assim, você não tem medo de doar, você não tem medo de ensinar. É uma mentalidade.
Ao mesmo tempo, na liderança, trago também muita exigência. E poucas pessoas entendem a minha exigência, compreendem que a exigência traz excelência. Um treinador sempre é muito exigente com o atleta. Mas sou muito feliz com os líderes que ajudo a formar, porque meus líderes vestem a camisa e falam “você sempre é a líder mais exigente e a mais humana”. E essa exigência é sobre mim mesma, inclusive. Na minha primeira gestação, trabalhei até parir. Lembro que estava com 39 semanas e 2 dias, quando durante uma reunião com todas as minhas lideranças, eu fui ao banheiro, voltei e falei “gente, saiu meu tampão, eu vou lá em casa, vou parir e já mando notícia para vocês”. Isso até virou meme! Hoje vejo a imaturidade em achar que ia “ali e voltar”. Não é assim. Nasce uma nova mãe, uma nova mulher, uma nova configuração. Eu voltei com 20 e poucos dias, mas meu nenê foi comigo. Fora que, quando minha filha tinha 6 meses, eu já tinha começado o processo do meu primeiro M&A. Todas as reuniões aconteciam em um escritório na Brigadeiro Faria Lima, em São Paulo, e eu levava toda minha estrutura, meu marido ia comigo. Eu tenho um companheiro incrível na minha vida e sem ele não conseguiria fazer nada. Eu até me emociono, porque ele sempre me apoiou muito.
LZ: Para encerar, por que morar em Ribeirão Preto? Ou, dito de outra forma, por que não São Paulo?
AC: Eu sou uma pessoa extremamente intensa e, se eu estiver em um fluxo, fico sem almoçar, fico sem jantar, trabalho 16 horas. Isso em tudo que faço. Na capital, tenho convite todos os dias para palestras, eventos. A cidade me engole. Se eu estivesse lá, eu não seria tão bem casada, não seria a mãe que sou. E Ribeirão me permite ter a vida que eu gosto, uma vida simples e sofisticada; uma vida prática e que com certo luxo. Em São Paulo, não daria para fazer isso. Não poderia cumprir com os meus [valores] inegociáveis e passaria a ser uma mentira comigo mesma.
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