Arthur Rezende, Fabiola Poch e Ricardo Aguiar falam sobre a importância de um olhar atento ao desenvolvimento das crianças na prática esportiva
O Ministério da Saúde orienta que todas as crianças, incluindo os bebês, devem praticar constantemente alguma atividade física, uma vez que elas promovem benefícios como auxílio no controle do peso, e melhora na qualidade do sono, da coordenação motora, das funções cognitivas, e mais.
Entretanto, até que ponto as atividades físicas são saudáveis para as crianças? Para saber a resposta, consultamos três profissionais que estão em contato direto com os pequenos e que puderam nos explicar qual deve ser o nosso olhar sobre essa questão.
Qual a idade ideal para começar um esporte?
Arthur Rezende, educador físico e responsável pela Academia Tio Arthur, em Ribeirão Preto, explica que na natação, por exemplo, as crianças serão bem-vindas a partir dos três meses de vida. “Nessa fase, o objetivo não é ensinar a nadar no sentido técnico, mas sim promover vínculo com os pais, adaptação ao meio aquático, estímulos sensoriais e motores”.
Segundo o profissional, a água oferece um ambiente propício para o desenvolvimento neuromotor, emocional e social da criança, fazendo com que, quanto antes o contato é iniciado, mais chances de um crescimento saudável, seguro e confiante.
Arthur RezendeFabiola Poch Ricardo Aguiar
No caso do balé, a dançarina Fabiola Poch, responsável por um Centro de Dança que leva o seu nome, conta que os pequenos são recebidos a partir dos três anos, uma vez que a dança possui passos mais complexos e que vão auxiliá-los na coordenação motora, em especial no desenvolvimento da motricidade fina, no equilíbrio, na postura e até na memória.
Quando o assunto é Karatê, o atleta Ricardo Aguiar orienta que não existe nenhuma idade mínima indicada para a prática do Karatê. Contudo, maioria dos dojos (locais de treino) costuma aceitar crianças a partir dos quatro anos. “Além da formação natural e desenvolvimento físico, existe uma maturação mental da criança, no sentido de aceitar normas, condutas, regras, o ‘sim’ ou ‘não’, horários e os momentos para as coisas. Nessa idade, o karatê auxilia no desenvolvimento físico, na disciplina, no respeito, na autoconfiança, na autoestima, e em vários outros aspectos”.
Campeão Brasileiro, Sul-Americano e Pan Americano no esporte, Ricardo também possui diversos títulos como técnico das Seleções Paulista e Brasileira de Karate, bem como um instituto dedicado ao ensino da modalidade em Ribeirão Preto.
É possível exagerar no esporte?
Também educador físico, Ricardo explica que identificar a prática excessiva em crianças é muito parecido com os adultos, desde que o professor entende a rotina infantil. “Ela apresenta alguns sinais como: estar constantemente cansada ou sem energia; demonstrar desinteresse e resistência em participar das aulas; e não corresponder às vozes de comando quando o momento é específico para algo que é um pouco mais difícil – porque normalmente, quando é mais difícil, a tendência é dar um passo para trás –; se queixar frequentemente de dor, tanto na parte muscular, quanto na parte articular”, adverte.
O profissional ainda ressalta a importância de observar essas alterações de comportamento. “Afinal, o aumento da irritabilidade e a falta de concentração também podem ser sinal de estresse físico ou emocional”.
Para Arthur, as emoções também são grandes indícios de que o treino está forçado demais e, até por isso, as aulas de sua academia são filtradas por um lema: “Diversão com propósito”. “Isso significa que a aula precisa, sim, promover desafios, mas sempre de forma respeitosa e encantadora. Quando o desenvolvimento é conduzido com carinho, o progresso acontece naturalmente”.
“O limite de uma criança não está apenas no corpo, mas também nas emoções. Quando o esporte deixa de ser prazeroso e passa a gerar ansiedade, resistência ou desconforto físico frequente, é hora de rever os estímulos”.
– Arthur Rezende
Falando especificamente do balé, Fabíola conta que os professores recebem orientações anuais em relação ao que e como cada idade pode executar as atividades. “Paralelo a essa programação, é importante que o professor esteja sempre conectado com o aluno, podendo perceber suas limitações e suas queixas”, explica a professora.
Quais os prejuízos de uma prática exagerada?
Ricardo, que lida com crianças que sonham com o alto rendimento, tem um lema: “eu costumo falar para os alunos que competem que, antes de ser um competidor e um atleta, ele é uma criança. Ele é filho. Falo para os pais isso também: ele é aluno, ele é karateca, só depois ele é atleta”.
Quando o assunto é prejuízos, ele explica que a má condução dos treinos e/ou uma intensidade muito grande de práticas esportivas podem ocasionar em lesões musculares, articulares ou um desgaste físico desnecessário. “Se você tiver uma carga de treinamento excessiva e muito intensa, desproporcional à idade, você pode interferir no crescimento adequado de ossos, de músculos, levando a problemas de desenvolvimento”.
Já Arthur destaca que é fundamental que a prática esportiva na infância seja orientada por profissionais especializados e que ocorra em um ambiente acolhedor, o qual respeite a individualidade e o tempo de cada aluno. Além disso, ressalta que é essencial ouvir o corpo e o comportamento da criança. “O equilíbrio entre estímulo e cuidado é o que garante que o esporte cumpra seu papel mais nobre: transformar vidas”.
Fabíola também alerta para o fato que toda e qualquer prática excessiva causa malefícios. “Quando se trata de crianças, as lesões físicas podem gerar sequelas para o resto da vida. Isso sem contar a questão emocional que pode acarretar desmotivação, evasão ou até mesmo desencadear diversos problemas psicológicos”, pontua.
Intensidade X quantidade
É consenso entre os professores que tanto a intensidade dos treinos, quanto a quantidade deles precisam ser observadas atentamente para que haja um equilíbrio entre a prática esportiva e a individualidade de cada criança.
Eles alertam, especialmente nos tempos em que vivemos, para que os pais estejam vigilantes às agendas dos pequenos e não permitam que as atividades físicas e compromissos os impeçam de, de fato, terem tempo de ser crianças.
Professores discutem como deve ser a relação das crianças com o esporte
Arthur Rezende, Fabiola Poch e Ricardo Aguiar falam sobre a importância de um olhar atento ao desenvolvimento das crianças na prática esportiva
O Ministério da Saúde orienta que todas as crianças, incluindo os bebês, devem praticar constantemente alguma atividade física, uma vez que elas promovem benefícios como auxílio no controle do peso, e melhora na qualidade do sono, da coordenação motora, das funções cognitivas, e mais.
Entretanto, até que ponto as atividades físicas são saudáveis para as crianças? Para saber a resposta, consultamos três profissionais que estão em contato direto com os pequenos e que puderam nos explicar qual deve ser o nosso olhar sobre essa questão.
Qual a idade ideal para começar um esporte?
Arthur Rezende, educador físico e responsável pela Academia Tio Arthur, em Ribeirão Preto, explica que na natação, por exemplo, as crianças serão bem-vindas a partir dos três meses de vida. “Nessa fase, o objetivo não é ensinar a nadar no sentido técnico, mas sim promover vínculo com os pais, adaptação ao meio aquático, estímulos sensoriais e motores”.
Segundo o profissional, a água oferece um ambiente propício para o desenvolvimento neuromotor, emocional e social da criança, fazendo com que, quanto antes o contato é iniciado, mais chances de um crescimento saudável, seguro e confiante.
No caso do balé, a dançarina Fabiola Poch, responsável por um Centro de Dança que leva o seu nome, conta que os pequenos são recebidos a partir dos três anos, uma vez que a dança possui passos mais complexos e que vão auxiliá-los na coordenação motora, em especial no desenvolvimento da motricidade fina, no equilíbrio, na postura e até na memória.
Quando o assunto é Karatê, o atleta Ricardo Aguiar orienta que não existe nenhuma idade mínima indicada para a prática do Karatê. Contudo, maioria dos dojos (locais de treino) costuma aceitar crianças a partir dos quatro anos. “Além da formação natural e desenvolvimento físico, existe uma maturação mental da criança, no sentido de aceitar normas, condutas, regras, o ‘sim’ ou ‘não’, horários e os momentos para as coisas. Nessa idade, o karatê auxilia no desenvolvimento físico, na disciplina, no respeito, na autoconfiança, na autoestima, e em vários outros aspectos”.
Campeão Brasileiro, Sul-Americano e Pan Americano no esporte, Ricardo também possui diversos títulos como técnico das Seleções Paulista e Brasileira de Karate, bem como um instituto dedicado ao ensino da modalidade em Ribeirão Preto.
É possível exagerar no esporte?
Também educador físico, Ricardo explica que identificar a prática excessiva em crianças é muito parecido com os adultos, desde que o professor entende a rotina infantil. “Ela apresenta alguns sinais como: estar constantemente cansada ou sem energia; demonstrar desinteresse e resistência em participar das aulas; e não corresponder às vozes de comando quando o momento é específico para algo que é um pouco mais difícil – porque normalmente, quando é mais difícil, a tendência é dar um passo para trás –; se queixar frequentemente de dor, tanto na parte muscular, quanto na parte articular”, adverte.
O profissional ainda ressalta a importância de observar essas alterações de comportamento. “Afinal, o aumento da irritabilidade e a falta de concentração também podem ser sinal de estresse físico ou emocional”.
Para Arthur, as emoções também são grandes indícios de que o treino está forçado demais e, até por isso, as aulas de sua academia são filtradas por um lema: “Diversão com propósito”. “Isso significa que a aula precisa, sim, promover desafios, mas sempre de forma respeitosa e encantadora. Quando o desenvolvimento é conduzido com carinho, o progresso acontece naturalmente”.
Falando especificamente do balé, Fabíola conta que os professores recebem orientações anuais em relação ao que e como cada idade pode executar as atividades. “Paralelo a essa programação, é importante que o professor esteja sempre conectado com o aluno, podendo perceber suas limitações e suas queixas”, explica a professora.
Quais os prejuízos de uma prática exagerada?
Ricardo, que lida com crianças que sonham com o alto rendimento, tem um lema: “eu costumo falar para os alunos que competem que, antes de ser um competidor e um atleta, ele é uma criança. Ele é filho. Falo para os pais isso também: ele é aluno, ele é karateca, só depois ele é atleta”.
Quando o assunto é prejuízos, ele explica que a má condução dos treinos e/ou uma intensidade muito grande de práticas esportivas podem ocasionar em lesões musculares, articulares ou um desgaste físico desnecessário. “Se você tiver uma carga de treinamento excessiva e muito intensa, desproporcional à idade, você pode interferir no crescimento adequado de ossos, de músculos, levando a problemas de desenvolvimento”.
Já Arthur destaca que é fundamental que a prática esportiva na infância seja orientada por profissionais especializados e que ocorra em um ambiente acolhedor, o qual respeite a individualidade e o tempo de cada aluno. Além disso, ressalta que é essencial ouvir o corpo e o comportamento da criança. “O equilíbrio entre estímulo e cuidado é o que garante que o esporte cumpra seu papel mais nobre: transformar vidas”.
Fabíola também alerta para o fato que toda e qualquer prática excessiva causa malefícios. “Quando se trata de crianças, as lesões físicas podem gerar sequelas para o resto da vida. Isso sem contar a questão emocional que pode acarretar desmotivação, evasão ou até mesmo desencadear diversos problemas psicológicos”, pontua.
Intensidade X quantidade
É consenso entre os professores que tanto a intensidade dos treinos, quanto a quantidade deles precisam ser observadas atentamente para que haja um equilíbrio entre a prática esportiva e a individualidade de cada criança.
Eles alertam, especialmente nos tempos em que vivemos, para que os pais estejam vigilantes às agendas dos pequenos e não permitam que as atividades físicas e compromissos os impeçam de, de fato, terem tempo de ser crianças.
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