Quando a geração X vira avó

As avós estão nas trilhas, nas ruas, nas provas: elas estão em movimento. Não por vaidade, mas por consciência de querer uma vida saudável, ativa e independente

Por Marina Kocourek*

Elas estão reinventando a “avosidade”. As mulheres da Geração X, que agora começam a se tornar avós, chegam a esse novo papel com uma identidade completamente diferente das gerações anteriores. São avós que ainda estão no mercado de trabalho, empreendem, estudam, treinam, sonham e, principalmente, continuam protagonistas da própria vida.

Essa nova “avosidade” é marcada pela independência. Cuidam da aparência por prazer, não por obrigação; viajam sozinhas, com amigas, com os netos; fazem academia, correm, pedalam, nadam; rstão nas trilhas, nas ruas, nas provas, nas filas de retirada de kits; estão, sobretudo, em movimento. Não por vaidade apenas, mas por consciência: elas querem uma vida longa e, acima de tudo, saudável, ativa e sem dependências.

E quando essas avós são atletas, o estereótipo se rompe de vez. Porque a imagem da avó com a vida já vivida não nos representa. Estamos construindo novos futuros como avós que cruzam linhas de chegada, que colecionam medalhas ao lado das fotos dos netos, que ensinam, pelo exemplo, que o tempo não é inimigo do corpo. O inimigo é a imobilidade.

Eu faço parte dessa geração. Em janeiro de 2026, vou me tornar avó pela 1ª vez e, logo de cara, de dois netos, filhos das minhas filhas gêmeas, que sempre tiveram entre si uma ligação profunda, dessas que a vida parece multiplicar em vez de dividir. Agora, elas também compartilham o início de uma nova história.

O ninho havia ficado vazio e, como acontece com tantas mulheres, esse vazio virou movimento. Voltei-me ainda mais para mim, para o trabalho, para o esporte, para novos projetos, para redescobertas. Foi um tempo em que entendi que havia feito o que toda mãe deseja fazer bem: criar, cuidar, preparar e, então, entregar os filhos ao mundo.

E agora, o que me emociona, não é apenas a chegada dos netos, mas assistir às minhas filhas se tornarem mães. É vê-las atravessarem o mesmo ciclo pelo qual um dia atravessei e perceber nelas a força, o medo, a coragem, a entrega, a responsabilidade e o amor absoluto que só quem gera uma vida conhece. É sentir orgulho da mulher que cada uma se tornou e começar a conhecê-las sob uma nova lente, de admiração ainda mais ampla.

Ali nasce um amor novo por elas e pelo que vem à frente, que não exige, não pesa. Apenas transforma e nos faz, enfim, avós.

Avó e também atleta, por Eliane Haddad

“Ser avó é descobrir um amor que transborda e dá novo sentido à vida. Com dois netos, sinto diariamente como eles trazem luz, alegria e propósito. É também por eles que nasce a vontade de ser sempre a melhor versão de mim.

Conciliar essa fase com uma rotina intensa de treinos, corrida, squash, triathlon e musculação é uma escolha por saúde, vitalidade e longevidade. Ser avó e atleta é quebrar estereótipos, provar que a idade não limita e que o corpo em movimento é força, não obstáculo.

Entre as maiores alegrias estão as medalhas levadas ao neto, os olhos brilhando, o orgulho infantil diante de cada conquista. Mais que pódios, deixo a eles o exemplo: o de que disciplina, coragem e amor pela vida caminham juntos. Porque ser avó e atleta é viver a doçura da maturidade com a vitalidade da juventude.”

Ser avó não é deixar de ser quem se é

Essas mulheres da Geração X não deixaram de ser profissionais, esportistas, sonhadoras, empreendedoras, viajantes. Apenas somaram. E talvez seja esse o maior legado que estamos construindo: o de que envelhecer não é sair de cena, é aprender novos papéis, com o mesmo brilho nos olhos e ainda mais fôlego no coração.

Porque seguimos correndo. Pela vida, pelos nossos sonhos e, agora, também pelos passos pequeninos que estão prestes a começar a sua própria largada. E com certeza estaremos juntos, para ajudar a guiar e ensinar o quanto é bom viver.

* Marina Kocourek é atleta e empresária no comando da 220Volts, uma agência de viagens que busca levar grupos de mulheres para correr em diferentes lugares do mundo.