Resiliência é confiar no processo

À frente de uma empresa com mais de 30 anos de atuação, Felipe Moraes entende que empreender é um exercício diário de consistência — algo que aprendeu tanto no mundo dos negócios quanto no esporte de alta performance

Por Miguel El Debs *

Existe um traço comum em muitos empreendedores que admiro: a capacidade de seguir em frente mesmo quando tudo parece conspirar contra. Com Felipe Moraes, CEO da CCM Tecnologia, não foi diferente. À frente de uma empresa com mais de 30 anos de atuação, ele entende que empreender é um exercício diário de consistência: algo que aprendeu tanto no mundo dos negócios quanto no esporte de alta performance.

“Resiliência, para mim, é construída no dia a dia, e o esporte, especialmente o triátlon, foi fundamental nesse processo”, me contou. A preparação para provas como o Ironman não é só física: é mental, emocional, estratégica.

“Treinar me ensinou a lidar com o desconforto, a persistir mesmo quando o corpo e a mente pedem para parar, e a ter disciplina para manter a consistência em longo prazo”.

— Felipe Moraes

Essa forma de pensar se conecta diretamente com o empreendedorismo. Nem sempre os resultados aparecem no tempo esperado, mas é preciso seguir acreditando no processo e ajustando a rota. Felipe aprendeu a planejar, adaptar e controlar a mente – competências que ele aplica todos os dias nos negócios.

Quando crescer rápido vira armadilha

O CEO também aprendeu, na prática, que crescer sem estrutura pode se transformar em um problema. “No início, minha prioridade era fechar negócios e expandir rapidamente, mas, sem uma base sólida, isso só gerou gargalos e pressão sobre a equipe”.

Outro ponto que ele compartilha com honestidade foi o excesso de apego ao produto. “Já me envolvi em negócios que fracassaram — e, olhando com clareza, muito disso veio do ego, da inexperiência e da falta de resiliência”.

O mais importante, segundo ele, foi não enxergar os erros como fim, mas como parte do caminho. “Doeu? Sem dúvida. Mas essa dor me proporcionou um olhar mais crítico e a clareza de que, enquanto houver propósito e esforço, é possível se reinventar.”

Inovar com os pés no chão

Na tecnologia, não inovar é morrer. Mas Felipe defende que a inovação precisa ser estratégica: “Prefiro testar inovações em ambientes controlados, medir o impacto e, se fizer sentido, escalar. Assim, a inovação deixa de ser um salto no escuro e passa a ser uma alavanca de crescimento”.

Ele também reforça que não se trata de apostar em toda novidade, e sim de encontrar o ponto de equilíbrio entre ousadia e gestão responsável. “Inovação e sustentabilidade precisam caminhar juntas”.

Reflexão final

Felipe mostra com clareza que a força de um negócio vem de dentro: da disciplina, da escuta e da capacidade de resistir sem perder o rumo. Sua trajetória nos lembra de que a resiliência é menos sobre insistir e mais sobre aprender a ajustar a vela com inteligência emocional e visão de futuro.

Se você conhece alguém com uma jornada empreendedora que merece ser contada aqui, envie para: contato@grupozumm.com.br

* Miguel El Debs, sócio do Grupo ZK, mentor estratégico de empresas de pequeno e médio porte e Head do LIDE Empreendedor | Ribeirão Preto