Parte da liderança de uma empresa que é referência no agro brasileiro, Talita Cury demonstra que o sucesso não é obra do acaso ao se ancorar em valores inegociáveis, inspirações familiares e ações estratégicas
Ao entrar em Ribeirão Preto, uma placa nos informa que chegamos à Capital do Agronegócio. E, mesmo para quem nunca esteve na região, é fácil entender o porquê – os sinais estão por todas as partes, especialmente pela quantidade de empresas do setor, que são, inclusive, lideranças no mercado brasileiro. É o caso do Grupo Santa Clara, que, fundado há quase três décadas, se consolidou como referência em nutrição e proteção vegetal.
Entretanto, no caso dessa empresa familiar, mais que os resultados, é a forma com que os negócios são conduzidos que tem sido vista como inspiração e modelo. “A profissionalização da gestão e a implementação da governança corporativa foram marcos que nos permitiram elevar a Santa Clara a um novo patamar, posicionando-a entre os principais players do setor. A partir de 2018, possibilitaram um crescimento anual de 30% a 40% por safra e atraíram alentos estratégicos para o grupo”, explica Talita Cury, que atua hoje como sucessora e conselheira de administração do grupo.
Ao lado dos irmãos João Pedro e Luísa, ela faz parte da 2ª geração à frente da empresa, com o propósito de assegurar a prosperidade, a longevidade e o impacto positivo na vida das famílias que dela dependem, fortalecendo uma agricultura moderna, sustentável e cada vez mais produtiva.
O caminho até o topo
Antes de compor o Conselho de Administração e de Família, e os comitês de Crédito & Cobrança, de Riscos e de Planejamento Estratégico, responsáveis pelas principais decisões de negócios, a empresária construiu uma história de 20 anos dentro do grupo. Nesse período, participou ativamente da construção e da expansão das quatro empresas que hoje o compõem: Santa Clara Agrociência, Inflora Biociência, LINAX e Hydromol.
“Transitei por todas as áreas, do administrativo ao jurídico, até assumir a cadeira no Conselho de Administração e Relações Institucionais. Como sucessora e conselheira de administração do Grupo Santa Clara, carrego o legado de meus pais com imenso orgulho e um senso profundo de responsabilidade”, destaca.
Esses sentimentos de responsabilidade e de legado, por vez, constituem a base das ações lideradas por Talita, resultando em metas ambiciosas. “Buscamos perpetuar o negócio até as 3ª e 4ª gerações. Em um país onde 65% do PIB provêm de empresas familiares, essa perpetuação não é apenas um desejo; é um compromisso com o futuro do país”, garante Talita.
Segundo o Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), apenas 13% e 4% das empresas familiares no Brasil atingem as 3ª e 4ª gerações, respectivamente.
Ser mulher no agro
A perpetuação geracional das empresas não é o seu único desafio em direção a chegar aonde ninguém ou quase ninguém chegou. Quando iniciou sua trajetória, Talita lembra que as mulheres eram minoria absoluta no agronegócio. “Costumo dizer que as mulheres da geração da minha mãe desbravaram as ‘matas virgens’ do agro: hoje, estamos plantando sementes para que futuras gerações colham frutos de equidade”, avalia.
No caso do Grupo Santa Clara, as sementes são plantadas, em especial, pelo projeto social “Damas do Agro”, considerado o 1º grupo de mulheres na agroindústria brasileira. Liderado por Talita desde 2019, a iniciativa é focada em capacitação, integração e inspiração, e já colhe muitos frutos: atualmente, as mulheres representam 31% dos colaboradores do grupo, como explica a líder.
“Nunca trabalhamos com cotas, mas com igualdade de oportunidades, avaliando exclusivamente competência técnica e habilidades. Com competência, preparo e meritocracia, as mulheres estão conquistando espaços estratégicos. Empresas que compreenderem essa complementaridade entre homens e mulheres terão, sem dúvida, uma vantagem competitiva”.
Dados da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) mostram que a participação feminina em atividades agrícolas cresceu 109% em 10 anos. Na Santa Clara, passou de ser apenas Talita e sua mãe, Dona Adriana, para representar um terço do quadro total.
A inspiração de quem inspira
Questionada sobre como busca promover essa transformação nos ambientes dos quais sempre fez parte, Talita diz acreditar em uma liderança baseada em exemplo, mentoria e incentivo ao desenvolvimento. “Acredito que cada conquista deve ser fruto de preparo e mérito. Ver mulheres que mentorei alcançarem posições estratégicas é, sem dúvida, uma das maiores recompensas da minha trajetória”, considera.
E quando fala em exemplo, ela inclui também aquelas em quem se espelha. “Minha mãe foi e sempre será minha 1ª grande inspiração, tanto na administração quanto na condução dos valores familiares. Mas, ao longo da jornada, encontrei muitas mulheres incríveis, que me ensinaram o valor da sororidade e da cooperação. Destaco Nina Plöger, empresária da Indústria de Papel e Celulose e presidente da Forbes Mulher Agro, que me ajudou a perceber meu papel como representante das mulheres da agroindústria. Nina é, para mim, a minha ‘mãe do Agro’”.
A maior conquista
Simbólica ou prática, a maternidade é um tema inevitável na vida da mulher e não é diferente no agro ou para uma liderança como Talita, que equivale esse papel a sua “maior conquista”. Tanto que, em tom de brincadeira, ela compartilha que precisa colocar os babadores dos seus filhos, em destaque, na parede de diplomas que existe na Santa Clara.
“Meu propósito inclui educar meus filhos para serem homens íntegros, conscientes e livres de preconceitos, para que, um dia, se orgulhem de mim e do legado que construímos. A família é meu valor inegociável. Antes de tudo, sou filha do Seu Cury e da Dona Adriana, mãe do Enrico e do Benício, e esposa do Danilo”.
“Quero que meus filhos saibam que o sucesso não é obra do acaso, mas fruto de trabalho, dedicação, sacrifício, coragem e aprendizado contínuo.”
– Talita Cury
Continuidade do legado
Segundo a empresária, conciliar a vida pessoal e profissional é um aprendizado ininterrupto e que exige dedicação diária, inclusive para que seus meninos herdem dela o amor pelos negócios da família.
“A sucessão é um grande desafio e uma missão. Espero que meus filhos cultivem o amor pela agricultura e se sintam parte do grande time Santa Clara. Temos um plano de sucessão estruturado e acredito que o exemplo é a maior força de atração”, assegura.
E não é só dentro de casa que Talita busca semear a admiração pelo agronegócio. Desde 2023, o projeto “Crianças no Agro”, idealizado por ela, tem a missão de aproximar as novas gerações da agricultura moderna e sustentável.
“Em parceria com prefeituras, já impactamos mais de 3 mil alunos em Jaboticabal e Ribeirão Preto. Nos próximos anos, queremos expandir a iniciativa para todas as regiões onde estamos presentes, disseminando conhecimento em âmbito nacional. Afinal, nosso impacto regional vai além da geração de empregos e renda. Fortalecemos a imagem do agronegócio nacional, ampliando sua relevância no cenário econômico global e elevando o protagonismo do Brasil no setor”, ressalta.
Representando o setor
Talita é parte do “Forbes Mulher Agro”, um think tank de produtoras rurais e lideranças, para a promoção de debates e propagação do sucesso. Atuante no grupo, foi convidada para se tornar colunista da “Forbes Agro”, a fim de informar sobre a Agricultura Brasileira enquanto referência no segmento de Bioinsumos.
Em 2024, foi premiada durante a Agrishow como uma das 100 pessoas mais influentes do Agro Brasileiro.
Recentemente, em julho, o Grupo Santa Clara anunciou que recebeu investimentos de R$ 114 milhões do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). Dessa forma, o banco passou a deter 19,9% de participação societária do grupo, que, agora, que prevê um crescimento de cerca de 20% de seus negócios na próxima safra (2025/26) e projeta quadruplicar o tamanho da companhia até 2030.
Semeando um legado para muitas gerações
Parte da liderança de uma empresa que é referência no agro brasileiro, Talita Cury demonstra que o sucesso não é obra do acaso ao se ancorar em valores inegociáveis, inspirações familiares e ações estratégicas
Ao entrar em Ribeirão Preto, uma placa nos informa que chegamos à Capital do Agronegócio. E, mesmo para quem nunca esteve na região, é fácil entender o porquê – os sinais estão por todas as partes, especialmente pela quantidade de empresas do setor, que são, inclusive, lideranças no mercado brasileiro. É o caso do Grupo Santa Clara, que, fundado há quase três décadas, se consolidou como referência em nutrição e proteção vegetal.
Entretanto, no caso dessa empresa familiar, mais que os resultados, é a forma com que os negócios são conduzidos que tem sido vista como inspiração e modelo. “A profissionalização da gestão e a implementação da governança corporativa foram marcos que nos permitiram elevar a Santa Clara a um novo patamar, posicionando-a entre os principais players do setor. A partir de 2018, possibilitaram um crescimento anual de 30% a 40% por safra e atraíram alentos estratégicos para o grupo”, explica Talita Cury, que atua hoje como sucessora e conselheira de administração do grupo.
Ao lado dos irmãos João Pedro e Luísa, ela faz parte da 2ª geração à frente da empresa, com o propósito de assegurar a prosperidade, a longevidade e o impacto positivo na vida das famílias que dela dependem, fortalecendo uma agricultura moderna, sustentável e cada vez mais produtiva.
O caminho até o topo
Antes de compor o Conselho de Administração e de Família, e os comitês de Crédito & Cobrança, de Riscos e de Planejamento Estratégico, responsáveis pelas principais decisões de negócios, a empresária construiu uma história de 20 anos dentro do grupo. Nesse período, participou ativamente da construção e da expansão das quatro empresas que hoje o compõem: Santa Clara Agrociência, Inflora Biociência, LINAX e Hydromol.
Esses sentimentos de responsabilidade e de legado, por vez, constituem a base das ações lideradas por Talita, resultando em metas ambiciosas. “Buscamos perpetuar o negócio até as 3ª e 4ª gerações. Em um país onde 65% do PIB provêm de empresas familiares, essa perpetuação não é apenas um desejo; é um compromisso com o futuro do país”, garante Talita.
Segundo o Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), apenas 13% e 4% das empresas familiares no Brasil atingem as 3ª e 4ª gerações, respectivamente.
Ser mulher no agro
A perpetuação geracional das empresas não é o seu único desafio em direção a chegar aonde ninguém ou quase ninguém chegou. Quando iniciou sua trajetória, Talita lembra que as mulheres eram minoria absoluta no agronegócio. “Costumo dizer que as mulheres da geração da minha mãe desbravaram as ‘matas virgens’ do agro: hoje, estamos plantando sementes para que futuras gerações colham frutos de equidade”, avalia.
No caso do Grupo Santa Clara, as sementes são plantadas, em especial, pelo projeto social “Damas do Agro”, considerado o 1º grupo de mulheres na agroindústria brasileira. Liderado por Talita desde 2019, a iniciativa é focada em capacitação, integração e inspiração, e já colhe muitos frutos: atualmente, as mulheres representam 31% dos colaboradores do grupo, como explica a líder.
“Nunca trabalhamos com cotas, mas com igualdade de oportunidades, avaliando exclusivamente competência técnica e habilidades. Com competência, preparo e meritocracia, as mulheres estão conquistando espaços estratégicos. Empresas que compreenderem essa complementaridade entre homens e mulheres terão, sem dúvida, uma vantagem competitiva”.
Dados da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) mostram que a participação feminina em atividades agrícolas cresceu 109% em 10 anos. Na Santa Clara, passou de ser apenas Talita e sua mãe, Dona Adriana, para representar um terço do quadro total.
A inspiração de quem inspira
Questionada sobre como busca promover essa transformação nos ambientes dos quais sempre fez parte, Talita diz acreditar em uma liderança baseada em exemplo, mentoria e incentivo ao desenvolvimento. “Acredito que cada conquista deve ser fruto de preparo e mérito. Ver mulheres que mentorei alcançarem posições estratégicas é, sem dúvida, uma das maiores recompensas da minha trajetória”, considera.
E quando fala em exemplo, ela inclui também aquelas em quem se espelha. “Minha mãe foi e sempre será minha 1ª grande inspiração, tanto na administração quanto na condução dos valores familiares. Mas, ao longo da jornada, encontrei muitas mulheres incríveis, que me ensinaram o valor da sororidade e da cooperação. Destaco Nina Plöger, empresária da Indústria de Papel e Celulose e presidente da Forbes Mulher Agro, que me ajudou a perceber meu papel como representante das mulheres da agroindústria. Nina é, para mim, a minha ‘mãe do Agro’”.
A maior conquista
Simbólica ou prática, a maternidade é um tema inevitável na vida da mulher e não é diferente no agro ou para uma liderança como Talita, que equivale esse papel a sua “maior conquista”. Tanto que, em tom de brincadeira, ela compartilha que precisa colocar os babadores dos seus filhos, em destaque, na parede de diplomas que existe na Santa Clara.
“Meu propósito inclui educar meus filhos para serem homens íntegros, conscientes e livres de preconceitos, para que, um dia, se orgulhem de mim e do legado que construímos. A família é meu valor inegociável. Antes de tudo, sou filha do Seu Cury e da Dona Adriana, mãe do Enrico e do Benício, e esposa do Danilo”.
Continuidade do legado
Segundo a empresária, conciliar a vida pessoal e profissional é um aprendizado ininterrupto e que exige dedicação diária, inclusive para que seus meninos herdem dela o amor pelos negócios da família.
“A sucessão é um grande desafio e uma missão. Espero que meus filhos cultivem o amor pela agricultura e se sintam parte do grande time Santa Clara. Temos um plano de sucessão estruturado e acredito que o exemplo é a maior força de atração”, assegura.
E não é só dentro de casa que Talita busca semear a admiração pelo agronegócio. Desde 2023, o projeto “Crianças no Agro”, idealizado por ela, tem a missão de aproximar as novas gerações da agricultura moderna e sustentável.
“Em parceria com prefeituras, já impactamos mais de 3 mil alunos em Jaboticabal e Ribeirão Preto. Nos próximos anos, queremos expandir a iniciativa para todas as regiões onde estamos presentes, disseminando conhecimento em âmbito nacional. Afinal, nosso impacto regional vai além da geração de empregos e renda. Fortalecemos a imagem do agronegócio nacional, ampliando sua relevância no cenário econômico global e elevando o protagonismo do Brasil no setor”, ressalta.
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