Técnica usada em Ribeirão Preto resultou no aumento de marcas e na melhoria da qualidade das uvas para a produção de vinhos de excelência
Atualmente, existem mais de 1.1 mil vinícolas no Brasil, produzindo mais de 23 milhões de litros de vinhos ao ano. Nesse cenário que impressiona, as plantações de uva no estado de São Paulo ganham destaque, uma vez que, de acordo com dados do Instituto de Economia Agrícola (IEA), foram plantados 64 mil pés em 2023, contra 7.800 no ano anterior, o que representa um aumento de 700%.
O professor Marcel Bellato, do departamento de Produção Vegetal, da área de Fruticultura da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da USP de Piracicaba, afirma que a técnica de dupla poda foi o diferencial para chegar a esse número expressivo. “Essa técnica impulsionou a vinicultura em São Paulo, resultando no aumento das vinícolas e na melhoria da qualidade das uvas para a produção de vinhos de excelência”, explica o especialista.
Tal tecnologia também chamada de “colheita de inverno” consiste na inversão do ciclo da videira, que tem como objetivo deslocar o ciclo de produção da uva do verão para o inverno. “Isso nos proporciona dois ciclos de manejo na videira, com o objetivo de colheita no inverno”, aponta Jonathas Galdino, técnico em Agropecuária em Vinícola da região de Ribeirão Preto.
Durante o ciclo de formação no verão, as inflorescências (conjunto de flores) da videira são removidas para permitir que a planta concentre sua energia na formação dos galhos. “No verão, os galhos amadurecem e estão prontos para serem podados, reiniciando o ciclo”, complementa o especialista.
A 2ª etapa do manejo, denominada “ciclo de produção”, é marcada pela formação das frutas e sua posterior maturação, que ocorre durante o outono e o inverno. Segundo Galdino, esse é o período menos chuvoso, o que contribui para uma maior concentração de substâncias no cacho de uva.
“A menor quantidade de chuvas durante o outono e o inverno, juntamente com a maior luminosidade solar, resulta em uma maior atividade metabólica na planta. Esse aumento na atividade metabólica leva à transformação das substâncias desejadas, como açúcares, fenóis e antocianinas, que são essenciais para a qualidade do vinho”.
Potencial brasileiro
Exemplo da expansão da viticultura e da vinicultura em São Paulo é uma vinícola recentemente criada na região de Ribeirão Preto. Seu proprietário, Luiz Biagi, enfatiza que todo o estado é propício para o cultivo de uvas. “Antes não havia condições de produzir uvas de alta qualidade nesta região, mas a tecnologia da dupla poda mudou isso completamente”, avalia, ressaltando que a técnica representa uma revolução nos 7 mil anos de história da produção vinícola no mundo.
Assim como na região, Biagi acredita no potencial do Brasil em relação ao mercado mundial de vinhos em um futuro próximo. “Temos muita gente empreendedora e, com certeza, o país se transformará em um player importante no mercado de vinho mundial. Dou 30 anos”, prevê.
* Com base no texto de Julia Valeria, estagiária sob supervisão de Ferraz Junior e Rose Talamone, para o Jornal da USP
Técnica da dupla poda impulsiona vinícolas no estado de São Paulo
Técnica usada em Ribeirão Preto resultou no aumento de marcas e na melhoria da qualidade das uvas para a produção de vinhos de excelência
Atualmente, existem mais de 1.1 mil vinícolas no Brasil, produzindo mais de 23 milhões de litros de vinhos ao ano. Nesse cenário que impressiona, as plantações de uva no estado de São Paulo ganham destaque, uma vez que, de acordo com dados do Instituto de Economia Agrícola (IEA), foram plantados 64 mil pés em 2023, contra 7.800 no ano anterior, o que representa um aumento de 700%.
O professor Marcel Bellato, do departamento de Produção Vegetal, da área de Fruticultura da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da USP de Piracicaba, afirma que a técnica de dupla poda foi o diferencial para chegar a esse número expressivo. “Essa técnica impulsionou a vinicultura em São Paulo, resultando no aumento das vinícolas e na melhoria da qualidade das uvas para a produção de vinhos de excelência”, explica o especialista.
Tal tecnologia também chamada de “colheita de inverno” consiste na inversão do ciclo da videira, que tem como objetivo deslocar o ciclo de produção da uva do verão para o inverno. “Isso nos proporciona dois ciclos de manejo na videira, com o objetivo de colheita no inverno”, aponta Jonathas Galdino, técnico em Agropecuária em Vinícola da região de Ribeirão Preto.
Durante o ciclo de formação no verão, as inflorescências (conjunto de flores) da videira são removidas para permitir que a planta concentre sua energia na formação dos galhos. “No verão, os galhos amadurecem e estão prontos para serem podados, reiniciando o ciclo”, complementa o especialista.
A 2ª etapa do manejo, denominada “ciclo de produção”, é marcada pela formação das frutas e sua posterior maturação, que ocorre durante o outono e o inverno. Segundo Galdino, esse é o período menos chuvoso, o que contribui para uma maior concentração de substâncias no cacho de uva.
“A menor quantidade de chuvas durante o outono e o inverno, juntamente com a maior luminosidade solar, resulta em uma maior atividade metabólica na planta. Esse aumento na atividade metabólica leva à transformação das substâncias desejadas, como açúcares, fenóis e antocianinas, que são essenciais para a qualidade do vinho”.
Potencial brasileiro
Exemplo da expansão da viticultura e da vinicultura em São Paulo é uma vinícola recentemente criada na região de Ribeirão Preto. Seu proprietário, Luiz Biagi, enfatiza que todo o estado é propício para o cultivo de uvas. “Antes não havia condições de produzir uvas de alta qualidade nesta região, mas a tecnologia da dupla poda mudou isso completamente”, avalia, ressaltando que a técnica representa uma revolução nos 7 mil anos de história da produção vinícola no mundo.
Assim como na região, Biagi acredita no potencial do Brasil em relação ao mercado mundial de vinhos em um futuro próximo. “Temos muita gente empreendedora e, com certeza, o país se transformará em um player importante no mercado de vinho mundial. Dou 30 anos”, prevê.
* Com base no texto de Julia Valeria, estagiária sob supervisão de Ferraz Junior e Rose Talamone, para o Jornal da USP
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