Crescimento do setor em nível global traz reflexos positivos, mas América do Sul precisa de políticas integradas de turismo, defende especialista
O turismo internacional deve recuperar em 2024 os níveis registrados no período de pré-pandemia, com crescimento previsto de 2% em relação a 2019. A análise é do Barômetro Mundial do Turismo, boletim da OMT (Organização Mundial do Turismo), que também destaca a contribuição econômica total do turismo, que atingiu US$ 3,3 trilhões no ano passado, representando cerca de 3% do PIB mundial.
Ainda segundo a OMT, “a retomada do turismo já está tendo um impacto significativo nas economias, no emprego, no crescimento e nas oportunidades para as comunidades em todos os lugares”.
A professora de Turismo Debora Cordeiro Braga, do Programa de Pós-Graduação em Turismo da Escola de Comunicações e Artes da USP, comenta que o pós-pandemia permitiu às pessoas valorizarem mais essa necessidade de viajar, o que se reflete diretamente na economia.
“O turismo tem um efeito multiplicador, ou seja, o recurso vindo do setor se espalha. Como quem faz a lavagem dos lençóis dos hotéis, quem vende água de coco, souvenirs e assim por diante”, afirma.
A professora ressalta ainda que a retomada do turismo também traz impactos negativos, como os que ocorrem na questão das mudanças climáticas. A aviação e os transportes são indústrias poluentes, então com o aumento de fluxo das aeronaves, consecutivamente aumenta a emissão do dióxido de carbono (CO2). Essa realidade, acrescenta Debora, exige planejamento para evitar excessos.
“Antes da pandemia, a gente já tinha o fenômeno do over tourism, que consiste no aumento de turistas em um determinado local, o turismo de massa. Então, com essa retomada, se esse fluxo não for controlado, os países não se planejarem, a gente vai ter um agravamento dessa reação negativa em destinos turísticos de massa”. Ela cita, como exemplo, cidades de grande fluxo de turistas como Paris e Barcelona, que sofreram com o lockdown na pandemia, mas que, antes dela, registrava reações violentas por parte da comunidade local contra o excesso de visitantes.
Segundo a OMT, as Américas foram a região do planeta que registrou a menor retomada do turismo no pós-pandemia, com 90% de crescimento do fluxo de turistas se comparado a 2019. Para ajudar a mudar esse cenário, a professora defende políticas integradas.
“O Brasil fica de costas para a América do Sul. Então, é possível notar mais ofertas desses países para o Hemisfério Norte, porque tem poucos fluentes em espanhol e pouca política pública. O Mercosul não funciona como um órgão integrador para o turismo. Ainda tem muito para construir de políticas, de internacionalização e de bloco econômico”, finaliza.
* Texto de Kaelaine Olive, sob supervisão de Ferraz Junior, para o Jornal da USP
Turismo internacional deve retomar ritmo pré-pandemia em 2024
Crescimento do setor em nível global traz reflexos positivos, mas América do Sul precisa de políticas integradas de turismo, defende especialista
O turismo internacional deve recuperar em 2024 os níveis registrados no período de pré-pandemia, com crescimento previsto de 2% em relação a 2019. A análise é do Barômetro Mundial do Turismo, boletim da OMT (Organização Mundial do Turismo), que também destaca a contribuição econômica total do turismo, que atingiu US$ 3,3 trilhões no ano passado, representando cerca de 3% do PIB mundial.
Ainda segundo a OMT, “a retomada do turismo já está tendo um impacto significativo nas economias, no emprego, no crescimento e nas oportunidades para as comunidades em todos os lugares”.
A professora de Turismo Debora Cordeiro Braga, do Programa de Pós-Graduação em Turismo da Escola de Comunicações e Artes da USP, comenta que o pós-pandemia permitiu às pessoas valorizarem mais essa necessidade de viajar, o que se reflete diretamente na economia.
“O turismo tem um efeito multiplicador, ou seja, o recurso vindo do setor se espalha. Como quem faz a lavagem dos lençóis dos hotéis, quem vende água de coco, souvenirs e assim por diante”, afirma.
A professora ressalta ainda que a retomada do turismo também traz impactos negativos, como os que ocorrem na questão das mudanças climáticas. A aviação e os transportes são indústrias poluentes, então com o aumento de fluxo das aeronaves, consecutivamente aumenta a emissão do dióxido de carbono (CO2). Essa realidade, acrescenta Debora, exige planejamento para evitar excessos.
“Antes da pandemia, a gente já tinha o fenômeno do over tourism, que consiste no aumento de turistas em um determinado local, o turismo de massa. Então, com essa retomada, se esse fluxo não for controlado, os países não se planejarem, a gente vai ter um agravamento dessa reação negativa em destinos turísticos de massa”. Ela cita, como exemplo, cidades de grande fluxo de turistas como Paris e Barcelona, que sofreram com o lockdown na pandemia, mas que, antes dela, registrava reações violentas por parte da comunidade local contra o excesso de visitantes.
Segundo a OMT, as Américas foram a região do planeta que registrou a menor retomada do turismo no pós-pandemia, com 90% de crescimento do fluxo de turistas se comparado a 2019. Para ajudar a mudar esse cenário, a professora defende políticas integradas.
“O Brasil fica de costas para a América do Sul. Então, é possível notar mais ofertas desses países para o Hemisfério Norte, porque tem poucos fluentes em espanhol e pouca política pública. O Mercosul não funciona como um órgão integrador para o turismo. Ainda tem muito para construir de políticas, de internacionalização e de bloco econômico”, finaliza.
* Texto de Kaelaine Olive, sob supervisão de Ferraz Junior, para o Jornal da USP
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