No texto a seguir, o economista mais influente do Brasil (segundo a Forbes) explica a importância de diferentes opiniões na análise de qualquer situação
Vivemos em um mundo onde cada um de nós acredita ter uma visão clara da realidade. No entanto, essa “realidade” é profundamente influenciada por nossas experiências pessoais, nossos contextos e, sobretudo, nossas perspectivas.
Recentemente, deparei-me com uma história que iluminou essa verdade de maneira profunda, mudando minha percepção sobre um hábito que, até então, me parecia difícil de compreender: o jogo da loteria.
Era uma história de um rapaz americano contando a história da infância dele e que, na infância, uma das recordações muito fortes que ele tinha é vir de uma família muito pobre, na qual a mãe dele, virava e mexia, comprava umas raspadinhas; ela gastava U$3 toda hora por isso e a explicação era a seguinte: eles não tinham dinheiro suficiente pra comprar comida e com U$3 ela não ia conseguir comprar comida pra ele, não ia encher a geladeira com U$3, mas, eventualmente, com a raspadinha, ela tinha esperança. O que ela estava comprando era algum tempo de esperança de uma vida diferente.
Como aquela não foi, não era a minha realidade, eu nunca entendi isso e, para falar a verdade, eu sempre tive muita dificuldade de entender como é que as pessoas apostam tanto, gastam tanto dinheiro com loteria. Tem uma frase clássica que fala que loteria é um imposto que é cobrado sobre quem não sabe fazer conta, porque a probabilidade de ganhar é tão baixa que basicamente você está jogando o dinheiro fora. E, finalmente, com essa história, eu entendi o ponto de vista de quem joga, principalmente quem joga muito em loteria, que é muita gente.
A revelação veio acompanhada de um dado surpreendente: nos Estados Unidos, o total gasto com loteria supera o investimento em indústrias como games, livros, música e shows.
E o que as pessoas estão realmente comprando com esse dinheiro? A possibilidade, por mais remota que seja, de transformar suas vidas.
A história tem perspectivas
Essa compreensão me fez refletir sobre como julgamos as escolhas dos outros sem nos colocarmos em seus lugares. Muitas vezes, criticamos ou desqualificamos decisões que não fazem sentido para nós, sem considerar as circunstâncias e as motivações que levam alguém a agir de determinada maneira. Esse fenômeno não se limita a escolhas pessoais, como o jogo da loteria, mas se estende a questões mais amplas, especialmente no âmbito político.
Atualmente, a incapacidade de ouvir e considerar pontos de vista diferentes não apenas empobrece o debate público, mas compromete a qualidade das decisões governamentais ao redor do mundo. As discussões transformaram-se em confrontos, nos quais a empatia e o entendimento mútuo são os grandes derrotados.
É hora de reconhecer que a diversidade de experiências e perspectivas é uma riqueza, não um obstáculo. A história da mãe que comprava raspadinhas como uma forma de manter viva a esperança de uma vida melhor é um poderoso lembrete de que nossas realidades são moldadas por nossas experiências. Ao tentarmos entender o mundo a partir da perspectiva do outro, não apenas ampliamos nossa visão, como cultivamos a empatia, um ingrediente essencial para uma sociedade mais coesa e compreensiva.
Em um mundo cada vez mais polarizado, a capacidade de ouvir e valorizar diferentes pontos de vista é mais importante do que nunca. Que possamos aprender com as histórias e reconhecer que, por trás de cada escolha, há uma história, uma esperança e uma perspectiva que merece ser compreendida.
Múltiplas perspectivas tornam a visão mais completa, analisa Ricardo Amorim
No texto a seguir, o economista mais influente do Brasil (segundo a Forbes) explica a importância de diferentes opiniões na análise de qualquer situação
Vivemos em um mundo onde cada um de nós acredita ter uma visão clara da realidade. No entanto, essa “realidade” é profundamente influenciada por nossas experiências pessoais, nossos contextos e, sobretudo, nossas perspectivas.
Recentemente, deparei-me com uma história que iluminou essa verdade de maneira profunda, mudando minha percepção sobre um hábito que, até então, me parecia difícil de compreender: o jogo da loteria.
Era uma história de um rapaz americano contando a história da infância dele e que, na infância, uma das recordações muito fortes que ele tinha é vir de uma família muito pobre, na qual a mãe dele, virava e mexia, comprava umas raspadinhas; ela gastava U$3 toda hora por isso e a explicação era a seguinte: eles não tinham dinheiro suficiente pra comprar comida e com U$3 ela não ia conseguir comprar comida pra ele, não ia encher a geladeira com U$3, mas, eventualmente, com a raspadinha, ela tinha esperança. O que ela estava comprando era algum tempo de esperança de uma vida diferente.
Como aquela não foi, não era a minha realidade, eu nunca entendi isso e, para falar a verdade, eu sempre tive muita dificuldade de entender como é que as pessoas apostam tanto, gastam tanto dinheiro com loteria. Tem uma frase clássica que fala que loteria é um imposto que é cobrado sobre quem não sabe fazer conta, porque a probabilidade de ganhar é tão baixa que basicamente você está jogando o dinheiro fora. E, finalmente, com essa história, eu entendi o ponto de vista de quem joga, principalmente quem joga muito em loteria, que é muita gente.
A revelação veio acompanhada de um dado surpreendente: nos Estados Unidos, o total gasto com loteria supera o investimento em indústrias como games, livros, música e shows.
E o que as pessoas estão realmente comprando com esse dinheiro? A possibilidade, por mais remota que seja, de transformar suas vidas.
A história tem perspectivas
Essa compreensão me fez refletir sobre como julgamos as escolhas dos outros sem nos colocarmos em seus lugares. Muitas vezes, criticamos ou desqualificamos decisões que não fazem sentido para nós, sem considerar as circunstâncias e as motivações que levam alguém a agir de determinada maneira. Esse fenômeno não se limita a escolhas pessoais, como o jogo da loteria, mas se estende a questões mais amplas, especialmente no âmbito político.
Atualmente, a incapacidade de ouvir e considerar pontos de vista diferentes não apenas empobrece o debate público, mas compromete a qualidade das decisões governamentais ao redor do mundo. As discussões transformaram-se em confrontos, nos quais a empatia e o entendimento mútuo são os grandes derrotados.
É hora de reconhecer que a diversidade de experiências e perspectivas é uma riqueza, não um obstáculo. A história da mãe que comprava raspadinhas como uma forma de manter viva a esperança de uma vida melhor é um poderoso lembrete de que nossas realidades são moldadas por nossas experiências. Ao tentarmos entender o mundo a partir da perspectiva do outro, não apenas ampliamos nossa visão, como cultivamos a empatia, um ingrediente essencial para uma sociedade mais coesa e compreensiva.
Em um mundo cada vez mais polarizado, a capacidade de ouvir e valorizar diferentes pontos de vista é mais importante do que nunca. Que possamos aprender com as histórias e reconhecer que, por trás de cada escolha, há uma história, uma esperança e uma perspectiva que merece ser compreendida.
Leia também
Mercado livre de energia: uma oportunidade pouco aproveitada
No setor de energia, as empresas escolhem seu fornecedor e as características …
Criptomoedas: brasileiros investem mais que franceses e ingleses, aponta pesquisa da FGV
Segundo o estudo, os criptoativos têm a preferência de 14,5% dos investidores …
Agrishow 2024 deve injetar mais de R$500 milhões na região
Rede hoteleira, restaurantes e atrações turísticas da região também se beneficiam do …
Turismo paulista deve crescer cerca de 8%, gerar 60 mil novos empregos e elevar o PIB do setor em 2023, aponta CIET
Estimativas revelam que SP deve registrar 47,3 milhões de turistas e elevar …