Ao lado do sócio Carlos Arruda, o economista participou de uma reunião do LIDE Ribeirão Preto, onde foi entrevistado pelo Mundo Zumm
Frente a uma plateia formada pelos principais líderes empresariais de Ribeirão Preto e região, o consultor Carlos Arruda lançou a pergunta: “na opinião de vocês, qual é o principal motivo para as transações de M&A darem errado? Causas humanas ou estratégicas?”
Apesar de querer a resposta entre aquelas mentes ávidas por conhecimento, o convidado do LIDE Ribeirão Preto já tinha a resposta. Afinal, ele e seu sócio, o economista Ricardo Amorim, estavam ali justamente para discutir o momento favorável para o que eles chamam de “M&A 4.0”, uma forma particular de olhar para as fusões e aquisições, aumentando as chances que elas deem certo.
Juntos, os dois fundaram a AM M&A BR&USA, uma assessoria para as transações de M&A a partir da análise de componentes humanos – um ponto de vista diferente do técnico-estratégico que normalmente é aplicado a essas transações.
Em entrevista exclusiva ao Mundo Zumm, Ricardo Amorim explicou essa proposta, respondendo ainda sobre o mercado de fusões e aquisições, além de fazer uma análise sobre as projeções para a economia brasileira no contexto global. Confira, a seguir, a entrevista na íntegra:
Vocês trouxeram para Ribeirão a pauta do M&A 4.0. Como vocês definem essa ideia e quais as diferenças para as fusões e aquisições tradicionais?
M&A, tradicionalmente, olha para as questões técnicas da transação, para os números, para as finanças. O que estamos propondo a mais é olhar para o componente humano. Porque, por trás tanto de uma empresa que compra, quanto de uma que está sendo vendida, você tem pessoas. Do ponto de vista de quem compra, muitas vezes tem um legado, a vida de alguém que foi dedicado àquilo. Significa dizer que tem emoções envolvidas em todas as transações, as quais, muitas vezes, são as razões porque as transações não acontecem. Mundialmente, de cada 10 tentativas de M&A, nove não são concluídas. E o componente que faz com que elas não aconteçam é que quem está envolvido no processo não leva em consideração os componentes humanos. É isso que nós fazemos diferente.
Essa versão 4.0 já está em prática ou a aposta de vocês para o futuro?
Eu espero que seja algo que venha a virar. Mas, por enquanto, que eu saiba, só nós da AM Advisors fazemos dessa forma. Tomara que a gente evolua para um mundo onde olhar para o humano nas transações seja praxe. Mas hoje não é. Hoje, infelizmente, a maior parte de quem faz aconselhamento de M&A olha para isso exclusivamente de um ponto de vista transacional. E aí tem dois problemas: o primeiro, que já mencionei, é a quantidade baixa de transações que efetivamente acontecem; e, segundo, quando elas acontecem, os problemas aparecem depois, porque não houve um alinhamento de cultura e de valores. Então, queremos evitar esses dois cenários: aquele em que as transações não acontecem, e também a insatisfação das partes, sendo que já estamos conseguindo ter uma taxa de sucesso muito grande nos dois sentidos.
Na sua análise, quais os principais benefícios das transações de fusão e aquisição?
Acredito que estão relacionadas ao ganho de escala, quando, por exemplo: você precisa comprar um material ou equipamento específico. Uma coisa é se você precisa comprar um, outra coisa é se você tem que comprar mais –o preço acaba sendo muito melhor; o segundo tem a ver com sinergias. Muitas vezes, você tem duas estruturas administrativas, em duas empresas que, uma vez juntas, passam a precisa só de uma. Outra vantagem é unir forças complementares. Então, tem uma empresa vendendo determinado produto, uma segunda vendendo outro, mas o cliente das duas é o mesmo. Quando você junta as duas, você pega o cliente da primeira para vender também o produto da segunda e vice-versa. Tudo isso é o que faz você agregar valor na transação. E é exatamente nisso que focamos: buscar formas de efetivamente fazer com que a soma do que teremos depois da transação seja maior que a soma do que temos antes.
No mercado, de forma geral, quão comum se tornaram as M&As? O Brasil acompanha o ritmo mundial?
Mais recentemente, a quantidade de transações de fusões e aquisições no mundo caiu, porque toda vez que você tem um processo de alta de juros, você encarece o financiamento para essas transições. Sendo assim, a diferença do Brasil, de uma maneira positiva em relação aos demais países, é que já iniciamos um processo de queda de juros e, na medida em que elas caem, os M&As aumentam, que é o que deve acontecer olhando para os próximos trimestres.
Pelo que você está explicando, o Brasil está com uma vantagem técnica. Mas temos a cultura para aproveitar esse cenário?
Cultura de fusões e aquisições nós temos. O que eu tenho dúvida – e é o ponto que eu venho levantando – é se temos a cultura de fazer isso da forma certa. E aí não é uma exclusividade brasileira, é mundial. Por enquanto, na minha opinião, a resposta é “não”. Eu acho que falta o componente humano para que deixemos de focar única e exclusivamente na transação e passemos a focar na construção de valor dali para frente. Sendo que, para fazer isso, precisamos olhar também para o que acontece durante e depois da transação, esse lado emocional que normalmente é deixado de lado.
Atualmente, temos grandes exemplos de empresas que passaram por esse processo. Você acredita que essas transações podem aumentar os monopólios comerciais? Existe um risco nesse movimento?
Tanto sim, quanto não e eu explico o porquê: quando falamos de fusão e aquisição, podemos ter um gigante como a Amazon, por exemplo, comprando operações no Brasil. Verdade. Por outro lado, você pode ter operações brasileiras que se unem, tornando-se maiores e, elas próprias, uma gigante brasileiro. Vimos isso acontecer em vários setores e, propriamente, o varejo é um dos mais promissores, visto que é hoje um setor que está passando por várias dificuldades, fazendo com que várias empresas fiquem mais interessadas em unir forças.
Supondo que o Brasil consiga “surfar nessa onda”, quais as previsões econômicas para o país nos próximos ciclos?
Estamos em um cenário que, para o Brasil, existem dois lados. Vou começar com o que beneficia o país: o mundo está vivendo o aumento das tensões geopolíticas globais. Então, quando a Rússia invade a Ucrânia e, uma semana depois, a China começa a mandar mísseis por cima de Taiwan, grandes investidores mundiais – principalmente europeus, japoneses e norte-americanos – passaram a ficar sem opção de grandes países emergentes para investir. País emergente é mais atraente para o investidor porque ele cresce mais. Já país grande é melhor porque você tem um mercado maior. Só que país grande e emergente são poucos. Tem a China, a Índia, a Rússia, o Brasil e, talvez, a Indonésia. E vamos lá: a Rússia hoje não é uma opção, pelo contrário, querem tirar dinheiro de lá. A China também. Índia e Indonésia talvez fossem, mas se, eventualmente, caminhar para uma guerra no estreito de Taiwan, ninguém quer o dinheiro preso ali do lado, porque não terá como fazer a movimentação de produto, enfim. O Brasil ficou em uma condição única. E com a guerra de Israel, que era um lugar que atraia muito investimento dos Estados Unidos em tecnologia, até esse lado ajuda o Brasil. Então, por essa ótica, como estamos, as tensões geopolíticas maiores ajudam o Brasil. Só que isso só é verdade até o ponto que elas não são tão grandes que acabam jogando toda a economia mundial em uma recessão. Porque aí o Brasil vai para uma recessão junto.
“O tamanho da oportunidade depende do futuro”, avalia Ricardo Amorim
Ao lado do sócio Carlos Arruda, o economista participou de uma reunião do LIDE Ribeirão Preto, onde foi entrevistado pelo Mundo Zumm
Frente a uma plateia formada pelos principais líderes empresariais de Ribeirão Preto e região, o consultor Carlos Arruda lançou a pergunta: “na opinião de vocês, qual é o principal motivo para as transações de M&A darem errado? Causas humanas ou estratégicas?”
Apesar de querer a resposta entre aquelas mentes ávidas por conhecimento, o convidado do LIDE Ribeirão Preto já tinha a resposta. Afinal, ele e seu sócio, o economista Ricardo Amorim, estavam ali justamente para discutir o momento favorável para o que eles chamam de “M&A 4.0”, uma forma particular de olhar para as fusões e aquisições, aumentando as chances que elas deem certo.
Juntos, os dois fundaram a AM M&A BR&USA, uma assessoria para as transações de M&A a partir da análise de componentes humanos – um ponto de vista diferente do técnico-estratégico que normalmente é aplicado a essas transações.
Em entrevista exclusiva ao Mundo Zumm, Ricardo Amorim explicou essa proposta, respondendo ainda sobre o mercado de fusões e aquisições, além de fazer uma análise sobre as projeções para a economia brasileira no contexto global. Confira, a seguir, a entrevista na íntegra:
Vocês trouxeram para Ribeirão a pauta do M&A 4.0. Como vocês definem essa ideia e quais as diferenças para as fusões e aquisições tradicionais?
M&A, tradicionalmente, olha para as questões técnicas da transação, para os números, para as finanças. O que estamos propondo a mais é olhar para o componente humano. Porque, por trás tanto de uma empresa que compra, quanto de uma que está sendo vendida, você tem pessoas. Do ponto de vista de quem compra, muitas vezes tem um legado, a vida de alguém que foi dedicado àquilo. Significa dizer que tem emoções envolvidas em todas as transações, as quais, muitas vezes, são as razões porque as transações não acontecem. Mundialmente, de cada 10 tentativas de M&A, nove não são concluídas. E o componente que faz com que elas não aconteçam é que quem está envolvido no processo não leva em consideração os componentes humanos. É isso que nós fazemos diferente.
Essa versão 4.0 já está em prática ou a aposta de vocês para o futuro?
Eu espero que seja algo que venha a virar. Mas, por enquanto, que eu saiba, só nós da AM Advisors fazemos dessa forma. Tomara que a gente evolua para um mundo onde olhar para o humano nas transações seja praxe. Mas hoje não é. Hoje, infelizmente, a maior parte de quem faz aconselhamento de M&A olha para isso exclusivamente de um ponto de vista transacional. E aí tem dois problemas: o primeiro, que já mencionei, é a quantidade baixa de transações que efetivamente acontecem; e, segundo, quando elas acontecem, os problemas aparecem depois, porque não houve um alinhamento de cultura e de valores. Então, queremos evitar esses dois cenários: aquele em que as transações não acontecem, e também a insatisfação das partes, sendo que já estamos conseguindo ter uma taxa de sucesso muito grande nos dois sentidos.
Na sua análise, quais os principais benefícios das transações de fusão e aquisição?
Acredito que estão relacionadas ao ganho de escala, quando, por exemplo: você precisa comprar um material ou equipamento específico. Uma coisa é se você precisa comprar um, outra coisa é se você tem que comprar mais –o preço acaba sendo muito melhor; o segundo tem a ver com sinergias. Muitas vezes, você tem duas estruturas administrativas, em duas empresas que, uma vez juntas, passam a precisa só de uma. Outra vantagem é unir forças complementares. Então, tem uma empresa vendendo determinado produto, uma segunda vendendo outro, mas o cliente das duas é o mesmo. Quando você junta as duas, você pega o cliente da primeira para vender também o produto da segunda e vice-versa. Tudo isso é o que faz você agregar valor na transação. E é exatamente nisso que focamos: buscar formas de efetivamente fazer com que a soma do que teremos depois da transação seja maior que a soma do que temos antes.
No mercado, de forma geral, quão comum se tornaram as M&As? O Brasil acompanha o ritmo mundial?
Mais recentemente, a quantidade de transações de fusões e aquisições no mundo caiu, porque toda vez que você tem um processo de alta de juros, você encarece o financiamento para essas transições. Sendo assim, a diferença do Brasil, de uma maneira positiva em relação aos demais países, é que já iniciamos um processo de queda de juros e, na medida em que elas caem, os M&As aumentam, que é o que deve acontecer olhando para os próximos trimestres.
Pelo que você está explicando, o Brasil está com uma vantagem técnica. Mas temos a cultura para aproveitar esse cenário?
Cultura de fusões e aquisições nós temos. O que eu tenho dúvida – e é o ponto que eu venho levantando – é se temos a cultura de fazer isso da forma certa. E aí não é uma exclusividade brasileira, é mundial. Por enquanto, na minha opinião, a resposta é “não”. Eu acho que falta o componente humano para que deixemos de focar única e exclusivamente na transação e passemos a focar na construção de valor dali para frente. Sendo que, para fazer isso, precisamos olhar também para o que acontece durante e depois da transação, esse lado emocional que normalmente é deixado de lado.
Atualmente, temos grandes exemplos de empresas que passaram por esse processo. Você acredita que essas transações podem aumentar os monopólios comerciais? Existe um risco nesse movimento?
Tanto sim, quanto não e eu explico o porquê: quando falamos de fusão e aquisição, podemos ter um gigante como a Amazon, por exemplo, comprando operações no Brasil. Verdade. Por outro lado, você pode ter operações brasileiras que se unem, tornando-se maiores e, elas próprias, uma gigante brasileiro. Vimos isso acontecer em vários setores e, propriamente, o varejo é um dos mais promissores, visto que é hoje um setor que está passando por várias dificuldades, fazendo com que várias empresas fiquem mais interessadas em unir forças.
Supondo que o Brasil consiga “surfar nessa onda”, quais as previsões econômicas para o país nos próximos ciclos?
Estamos em um cenário que, para o Brasil, existem dois lados. Vou começar com o que beneficia o país: o mundo está vivendo o aumento das tensões geopolíticas globais. Então, quando a Rússia invade a Ucrânia e, uma semana depois, a China começa a mandar mísseis por cima de Taiwan, grandes investidores mundiais – principalmente europeus, japoneses e norte-americanos – passaram a ficar sem opção de grandes países emergentes para investir. País emergente é mais atraente para o investidor porque ele cresce mais. Já país grande é melhor porque você tem um mercado maior. Só que país grande e emergente são poucos. Tem a China, a Índia, a Rússia, o Brasil e, talvez, a Indonésia. E vamos lá: a Rússia hoje não é uma opção, pelo contrário, querem tirar dinheiro de lá. A China também. Índia e Indonésia talvez fossem, mas se, eventualmente, caminhar para uma guerra no estreito de Taiwan, ninguém quer o dinheiro preso ali do lado, porque não terá como fazer a movimentação de produto, enfim. O Brasil ficou em uma condição única. E com a guerra de Israel, que era um lugar que atraia muito investimento dos Estados Unidos em tecnologia, até esse lado ajuda o Brasil. Então, por essa ótica, como estamos, as tensões geopolíticas maiores ajudam o Brasil. Só que isso só é verdade até o ponto que elas não são tão grandes que acabam jogando toda a economia mundial em uma recessão. Porque aí o Brasil vai para uma recessão junto.
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