A aventura pelo Brasil rendeu a Fabiano Ferreira Curi o recorde de mais rápida trajetória pelas capitais brasileiras sem veículo próprio
4.394 km: Essa à distância do Brasil de Norte a Sul. Ou 4319 km, de Leste a Oeste, se preferir. Com proporções continentais, nosso país não é para amadores. Mas é sim para corajosos como o empreendedor Fabiano Ferreira Curi, que visitou as 27 capitais em 60 dias – e o mais impressionante – sem usar locomoção própria. Não à toa, ele atingiu um recorde e entrou para o RankBrasil pela “Mais rápida trajetória pelas capitais brasileiras sem veículo próprio”.
“Meu objetivo nunca foi bater recorde ou fazer mais rápido. Queria só conhecer o Marco Zero de cada capital dentro de um tempo que julguei viável e sem parar. Nisso acabou saindo o recorde”, conta Fabiano, que percorreu o total de 20.000km – uma média de 300km por dia. “Claro que teve momentos em que fiquei parado dois, três dias. Assim como teve dia que fiz 1.000km de uma só vez”. Tudo sem avião ou veículo próprio; só à base de carona, ônibus, trem, bicicleta, barco e até carroça!
Aquecendo os motores
A aventura começou em 1° de agosto de 2022, mesmo ano em que Fabiano mudou para Ribeirão Preto. Cansado da vida na capital paulista, ele decidiu migrar para o interior e ter mais qualidade de vida e, principalmente, tempo para seu projeto de vida, que são justamente as viagens – sempre, quando e como puder.
“Em São Paulo, eu era sócio de uma produtora de filmes, de uma hamburgueria e de um bloco de carnaval de rua – o CarnAmauri. Mas me desfiz das duas primeiras sociedades e sai daquela loucura. Nisso, também quis fazer algumas viagens”.
Inclusive, a vontade de novas aventuras já existia anos antes. Em 2020, quando começaria uma de suas maiores até então, o Caminho do Sol (entre São Paulo e Águas de São Pedro), foi interrompido pela pandemia. “Quando ia sair, foi bem o início da pandemia, e acabou não rolando. Então, em junho do mesmo ano, com meus negócios praticamente parados, resolvi caminhar entre São Paulo e Ribeirão Preto, já que eu tinha família aqui. São pouco mais de 300km e, se desse algo errado pelo caminho, estaria entre duas cidades que conhecia. Nisso fiz o trajeto optando por estradas menores, de terra, canavial. Foram nove dias e eu cheguei aqui achando uma experiência maravilhosa. Foi muito legal”, lembra.
Em seguida, no fim do ano, fez também um mochilão, pegando carona, entre Campo Grande (MS) e Manaus (AM), região onde ficou viajando por um período – e quando veio a ideia inicial de percorrer as capitais.
A volta ao Brasil em 60 dias
Quando realmente começou a jornada, o seu plano era: conhecer o Marco Zero (locais de fundação) das 26 capitais brasileiras e do Distrito Federal, em cerca de dois meses e meio, gastando R$100 por dia com tudo: transporte, alimentação, hospedagem. “Minha ideia sempre foi viajar e não ficar parado em um lugar. Também era gastar o mínimo possível para a viagem durar o máximo. Até porque eu não tinha muita certeza se conseguiria completar o objetivo”, revela.
Então, em 1º de agosto, ele saiu da Praça da Sé, Marco Zero da cidade de São Paulo, rumo a São José dos Campos (SP), onde passou a noite, e depois seguiu para a capital fluminense, viajando de ônibus intermunicipais. “No Rio de Janeiro, eu nem dormi lá. Só fui até a Igreja dos Capuchinhos, reconhecida como o Marco Zero, e já parti para Vitória (ES). De lá, fui para Belo Horizonte (MG) em uma linha de trem de cerca de 12 horas, que é uma das mais longas do Brasil”.
Já da capital mineira à Brasília, Fabiano levou cerca de dois dias, pegando várias caronas. “Nunca tinha feito uma viagem longa como essa por via terrestre. Então, meu planejamento era de, no máximo, três dias para frente. Não mais que isso. Até mesmo por eu estar sozinho, o mais legal era deixar as coisas acontecerem. Várias vezes dormi em lugares inesperados ou meu planejamento não deu certo. Teve, por exemplo, um trecho programado para fazer em um dia que levei três, porque conheci pessoais legais, dormi na casa delas e decidi ficar um pouco mais. Também almocei na casa de gente que me convidou. Muitas situações aconteceram sem eu esperar e porque eu estava aberto a elas”.
Perrengues registrados
Embora tenha sido muito mais surpreendido positivamente, o empreendedor também passou por alguns perrengues durante os 60 dias. Logo no começo, por exemplo, ele estava domindo na rodoviária de uma cidadezinha chamada Três Marias, no interior de Minas Gerais, quando foi assaltado. “Tinha duas pessoas em condição de rua ali e elas levaram meu celular. Depois disso, que aconteceu no 6º dia de viagem, eu já deixei de dormir em lugares ermos. E comecei a preferir viagens noturnas, até para economizar”. No total, foram mais de 100 caronas para completar o percurso.
Outro momento emocionante que se destaca na memória do aventureiro foi sua passagem pela Ferrovia do Trigo, considerado a mais bonita da América do Sul. É um trajeto de quase 50km, passando pelas cidades de Guaporé, Dois Lajeados, Vespasiano Correa e Muçum, no Rio Grande do Sul, e cruzada por dezenas de túneis.
“Dizem que não se pode fazer a pé, porque a linha está ativa, mas eu acabei fazendo. Em vários momentos, naqueles tuneis de até 2km, eu ficava sozinho, em silêncio. É muito louco. Um dos viadutos, inclusive, é considerado o 2º viaduto de ferrovia mais alto do mundo. Tem 150 metros de altura, sem proteção lateral. É muito punk. Imagina ficar a 150 metros, vendo tudo lá embaixo. Essa parte da viagem foi muito louca”, lembra.
Em 30 de setembro, Fabiano alcançou seu último destino, Curitiba, marcando o fim de uma aventura que não será a sua última. “Quando tudo passa, vem a sensação de conquista. E conhecer tantas pessoas foi um dos pontos principais da viagem”, avalia.
Sem avião, empreendedor de RP viaja 27 capitais em 60 dias
A aventura pelo Brasil rendeu a Fabiano Ferreira Curi o recorde de mais rápida trajetória pelas capitais brasileiras sem veículo próprio
4.394 km: Essa à distância do Brasil de Norte a Sul. Ou 4319 km, de Leste a Oeste, se preferir. Com proporções continentais, nosso país não é para amadores. Mas é sim para corajosos como o empreendedor Fabiano Ferreira Curi, que visitou as 27 capitais em 60 dias – e o mais impressionante – sem usar locomoção própria. Não à toa, ele atingiu um recorde e entrou para o RankBrasil pela “Mais rápida trajetória pelas capitais brasileiras sem veículo próprio”.
“Meu objetivo nunca foi bater recorde ou fazer mais rápido. Queria só conhecer o Marco Zero de cada capital dentro de um tempo que julguei viável e sem parar. Nisso acabou saindo o recorde”, conta Fabiano, que percorreu o total de 20.000km – uma média de 300km por dia. “Claro que teve momentos em que fiquei parado dois, três dias. Assim como teve dia que fiz 1.000km de uma só vez”. Tudo sem avião ou veículo próprio; só à base de carona, ônibus, trem, bicicleta, barco e até carroça!
Aquecendo os motores
A aventura começou em 1° de agosto de 2022, mesmo ano em que Fabiano mudou para Ribeirão Preto. Cansado da vida na capital paulista, ele decidiu migrar para o interior e ter mais qualidade de vida e, principalmente, tempo para seu projeto de vida, que são justamente as viagens – sempre, quando e como puder.
“Em São Paulo, eu era sócio de uma produtora de filmes, de uma hamburgueria e de um bloco de carnaval de rua – o CarnAmauri. Mas me desfiz das duas primeiras sociedades e sai daquela loucura. Nisso, também quis fazer algumas viagens”.
Inclusive, a vontade de novas aventuras já existia anos antes. Em 2020, quando começaria uma de suas maiores até então, o Caminho do Sol (entre São Paulo e Águas de São Pedro), foi interrompido pela pandemia. “Quando ia sair, foi bem o início da pandemia, e acabou não rolando. Então, em junho do mesmo ano, com meus negócios praticamente parados, resolvi caminhar entre São Paulo e Ribeirão Preto, já que eu tinha família aqui. São pouco mais de 300km e, se desse algo errado pelo caminho, estaria entre duas cidades que conhecia. Nisso fiz o trajeto optando por estradas menores, de terra, canavial. Foram nove dias e eu cheguei aqui achando uma experiência maravilhosa. Foi muito legal”, lembra.
Em seguida, no fim do ano, fez também um mochilão, pegando carona, entre Campo Grande (MS) e Manaus (AM), região onde ficou viajando por um período – e quando veio a ideia inicial de percorrer as capitais.
A volta ao Brasil em 60 dias
Quando realmente começou a jornada, o seu plano era: conhecer o Marco Zero (locais de fundação) das 26 capitais brasileiras e do Distrito Federal, em cerca de dois meses e meio, gastando R$100 por dia com tudo: transporte, alimentação, hospedagem. “Minha ideia sempre foi viajar e não ficar parado em um lugar. Também era gastar o mínimo possível para a viagem durar o máximo. Até porque eu não tinha muita certeza se conseguiria completar o objetivo”, revela.
Então, em 1º de agosto, ele saiu da Praça da Sé, Marco Zero da cidade de São Paulo, rumo a São José dos Campos (SP), onde passou a noite, e depois seguiu para a capital fluminense, viajando de ônibus intermunicipais. “No Rio de Janeiro, eu nem dormi lá. Só fui até a Igreja dos Capuchinhos, reconhecida como o Marco Zero, e já parti para Vitória (ES). De lá, fui para Belo Horizonte (MG) em uma linha de trem de cerca de 12 horas, que é uma das mais longas do Brasil”.
Já da capital mineira à Brasília, Fabiano levou cerca de dois dias, pegando várias caronas. “Nunca tinha feito uma viagem longa como essa por via terrestre. Então, meu planejamento era de, no máximo, três dias para frente. Não mais que isso. Até mesmo por eu estar sozinho, o mais legal era deixar as coisas acontecerem. Várias vezes dormi em lugares inesperados ou meu planejamento não deu certo. Teve, por exemplo, um trecho programado para fazer em um dia que levei três, porque conheci pessoais legais, dormi na casa delas e decidi ficar um pouco mais. Também almocei na casa de gente que me convidou. Muitas situações aconteceram sem eu esperar e porque eu estava aberto a elas”.
Perrengues registrados
Embora tenha sido muito mais surpreendido positivamente, o empreendedor também passou por alguns perrengues durante os 60 dias. Logo no começo, por exemplo, ele estava domindo na rodoviária de uma cidadezinha chamada Três Marias, no interior de Minas Gerais, quando foi assaltado. “Tinha duas pessoas em condição de rua ali e elas levaram meu celular. Depois disso, que aconteceu no 6º dia de viagem, eu já deixei de dormir em lugares ermos. E comecei a preferir viagens noturnas, até para economizar”. No total, foram mais de 100 caronas para completar o percurso.
Outro momento emocionante que se destaca na memória do aventureiro foi sua passagem pela Ferrovia do Trigo, considerado a mais bonita da América do Sul. É um trajeto de quase 50km, passando pelas cidades de Guaporé, Dois Lajeados, Vespasiano Correa e Muçum, no Rio Grande do Sul, e cruzada por dezenas de túneis.
“Dizem que não se pode fazer a pé, porque a linha está ativa, mas eu acabei fazendo. Em vários momentos, naqueles tuneis de até 2km, eu ficava sozinho, em silêncio. É muito louco. Um dos viadutos, inclusive, é considerado o 2º viaduto de ferrovia mais alto do mundo. Tem 150 metros de altura, sem proteção lateral. É muito punk. Imagina ficar a 150 metros, vendo tudo lá embaixo. Essa parte da viagem foi muito louca”, lembra.
Em 30 de setembro, Fabiano alcançou seu último destino, Curitiba, marcando o fim de uma aventura que não será a sua última. “Quando tudo passa, vem a sensação de conquista. E conhecer tantas pessoas foi um dos pontos principais da viagem”, avalia.
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