Mãe, profissional e líder são algumas das funções exercidas por Talita Cury em sua jornada para cumprir seus propósitos de vida
Já são 15 anos trabalhando na empresa familiar e mais da metade desse tempo criando a sua própria família. Por outro lado, é toda uma vida respirando o agronegócio, de forma que, hoje, além das suas funções oficiais, sua experiência a colocou em posições de liderança.
Como Conselheira de Administração e Relações Institucionais do Grupo Santa Clara, Talita Cury participou de todo o processo de implementação de governança corporativa, estratégia sucessória e expansão da empresa, que tem como principais produtos os fertilizantes especiais e os biodefensívos para agricultura. “Levamos tecnologia para que o agricultor não precise aumentar em espaço e, sim, em produtividade. Então, já falamos de sustentabilidade há muito tempo e, por isso, hoje, a Santa Clara leva tecnologia a mais de 30 países”, avalia Talita, que não se contenta em ver os negócios do Grupo crescerem. Ela também quer ver e fazer com que as mulheres no Agro se desenvolvam.
“Eu falo que, em termos de cargo de liderança, ainda estamos muito tímidas. Mas pensando nesse contexto e vendo as dificuldades, lidero atualmente o ‘Damas do Agro’, uma iniciativa que visa à capacitação, integração e motivação das mulheres que estão inseridas nas empresas do Grupo. Com muito orgulho, eu digo que somos 30% do quadro de colaboradores, sem o estabelecimento de cotas, porque acreditamos que é pela capacitação que as coisas são alteradas. Outra proposta é a integração e o relacionamento com outros grupos de mulheres no agro brasileiro em geral, já que temos visto cada vez mais mulheres assumindo a gestão das fazendas, como sucessoras”, avalia a também mãe do Benício, de 9 anos, e do Enrico, de 5 anos.
A seguir, você confere os melhores momentos da entrevista que Talita concedeu a Life Zumm, nesse tête-à-tête:
Quando começou sua história no agro?
Desde que eu me conheço por gente estou inserida no agronegócio. Meu pai trabalha no ramo desde 1968. Então, sempre vivi e respirei o Agro. Além disso, eu entendo que meus pais sempre nos educaram sobre os negócios, sem nos impor que teríamos que assumir a empresa no futuro. Eles nos deram total liberdade. Porque não adianta o fundador, a 1ª geração, impor essa obrigação se não existir o desejo da 2ª, bem como a aptidão para o negócio. Inclusive, segundo dados do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), apenas 30% das empresas brasileiras familiares passam da 1ª para a 2ª geração; 13% da 2ª para a 3ª; e só 3% chegam à 4ª geração. Então, não adianta ter um business fantástico, como o da Santa Clara, se não tiver um processo de sucessão muito bem feito.
Em algum momento você pensou em se desvencilhar desse setor?
A princípio, eu fui para a área jurídica, que é a minha formação inicial. Cursei Direito, me especializei em Direito do Agronegócio, atuando em órgãos públicos, como o Ministério Público, e em escritórios de advocacia. A partir daí, fiz o meu MBA executivo em Gestão Empresarial, uma especialização em Finanças pelo Insper e me formei como Conselheira de Administração pelo IBGC, com foco em sucessão, governança e ESG. Assim, hoje, depois de toda essa minha trajetória em formação técnica, faço parte da 2ª geração à frente do Grupo, sou a única mulher no Conselho de Administração e ainda faço parte dos Comitê Estratégico, de Risco, e de Crédito e Cobrança.
Você citou que é a única mulher no Conselho Administrativo do Grupo Santa Clara. Ainda é desafio ser mulher no agronegócio?
Existe sim resistência, não posso negar. Quando eu comecei, éramos só eu e minha mãe de mulheres, eu sabia que teria dificuldade, porque, no caso da mulher, falo que não basta ser competente; temos que, a toda hora, estar provando competência. Mas hoje eu vejo que as coisas estão indo para um lado bem melhor, até porque sinto que a resistência é mais de uma geração anterior a nossa. Então, nesse sentido, tem uma ideia que penso muito toda vez que enfrento esse problema: não adianta concentrar as nossas energias para tentar mudar o que é velho. Eu não vou mudar o entendimento das pessoas que pensam de forma ultrapassada. Então, eu preciso me concentrar em construir aquilo que é novo. É por isso que eu concentro minhas energias na nossa geração e na que está vindo.
Pensando assim, você já consegue envolver os seus filhos nessa realidade, mesmo eles sendo pequenos?
Sem dúvida! Inclusive, todos os anos, temos um dia de visitação da 3ª geração em todas as unidades industriais da Santa Clara. Nessas ocasiões, eles conhecem o chão de fábrica, verificam como são feitos todos os produtos, como funciona a operação. É um dia da família, para eles entenderem o que oferecemos ao agricultor. Isso faz eles se apaixonarem pelo negócio. Um dos meus filhos viu o nosso laboratório e ficou encantado, agora diz que quer ser químico. Assim, com essas experiências vivenciadas, vamos implementando a cultura da Santa Clara. É um passo de cada vez para eles terem a mesma paixão que a gente tem. Além disso, falo que não tive dois filhos homens por acaso. Meu propósito de vida pessoal é plantar uma semente para que tenhamos uma próxima geração mais igualitária, com as mesmas oportunidades. Homens e mulheres se completam, inclusive nos negócios, e colaboram para decisões mais assertivas. Então, que sejam homens desprovidos de qualquer tipo de preconceito, não só de gênero.
E seu propósito de vida profissional?
Quero mostrar o que nós temos feito em prol do planeta. Porque, normalmente, lidamos como uma ambiguidade grande: de um lado, temos que alimentar o mundo; do outro, precisamos manter e preservar o meio ambiente. E a Santa Clara traz isso, consegue fazer os dois. Isso que me move. Levar a tecnologia de nossos produtos aos agricultores, para que eles aumentem a produção de forma sustentável, é o que me fez apaixonar e acreditar no que fazemos. [Z]
A Dama do Agro
Mãe, profissional e líder são algumas das funções exercidas por Talita Cury em sua jornada para cumprir seus propósitos de vida
Já são 15 anos trabalhando na empresa familiar e mais da metade desse tempo criando a sua própria família. Por outro lado, é toda uma vida respirando o agronegócio, de forma que, hoje, além das suas funções oficiais, sua experiência a colocou em posições de liderança.
Como Conselheira de Administração e Relações Institucionais do Grupo Santa Clara, Talita Cury participou de todo o processo de implementação de governança corporativa, estratégia sucessória e expansão da empresa, que tem como principais produtos os fertilizantes especiais e os biodefensívos para agricultura. “Levamos tecnologia para que o agricultor não precise aumentar em espaço e, sim, em produtividade. Então, já falamos de sustentabilidade há muito tempo e, por isso, hoje, a Santa Clara leva tecnologia a mais de 30 países”, avalia Talita, que não se contenta em ver os negócios do Grupo crescerem. Ela também quer ver e fazer com que as mulheres no Agro se desenvolvam.
“Eu falo que, em termos de cargo de liderança, ainda estamos muito tímidas. Mas pensando nesse contexto e vendo as dificuldades, lidero atualmente o ‘Damas do Agro’, uma iniciativa que visa à capacitação, integração e motivação das mulheres que estão inseridas nas empresas do Grupo. Com muito orgulho, eu digo que somos 30% do quadro de colaboradores, sem o estabelecimento de cotas, porque acreditamos que é pela capacitação que as coisas são alteradas. Outra proposta é a integração e o relacionamento com outros grupos de mulheres no agro brasileiro em geral, já que temos visto cada vez mais mulheres assumindo a gestão das fazendas, como sucessoras”, avalia a também mãe do Benício, de 9 anos, e do Enrico, de 5 anos.
A seguir, você confere os melhores momentos da entrevista que Talita concedeu a Life Zumm, nesse tête-à-tête:
Quando começou sua história no agro?
Desde que eu me conheço por gente estou inserida no agronegócio. Meu pai trabalha no ramo desde 1968. Então, sempre vivi e respirei o Agro. Além disso, eu entendo que meus pais sempre nos educaram sobre os negócios, sem nos impor que teríamos que assumir a empresa no futuro. Eles nos deram total liberdade. Porque não adianta o fundador, a 1ª geração, impor essa obrigação se não existir o desejo da 2ª, bem como a aptidão para o negócio. Inclusive, segundo dados do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), apenas 30% das empresas brasileiras familiares passam da 1ª para a 2ª geração; 13% da 2ª para a 3ª; e só 3% chegam à 4ª geração. Então, não adianta ter um business fantástico, como o da Santa Clara, se não tiver um processo de sucessão muito bem feito.
Em algum momento você pensou em se desvencilhar desse setor?
A princípio, eu fui para a área jurídica, que é a minha formação inicial. Cursei Direito, me especializei em Direito do Agronegócio, atuando em órgãos públicos, como o Ministério Público, e em escritórios de advocacia. A partir daí, fiz o meu MBA executivo em Gestão Empresarial, uma especialização em Finanças pelo Insper e me formei como Conselheira de Administração pelo IBGC, com foco em sucessão, governança e ESG. Assim, hoje, depois de toda essa minha trajetória em formação técnica, faço parte da 2ª geração à frente do Grupo, sou a única mulher no Conselho de Administração e ainda faço parte dos Comitê Estratégico, de Risco, e de Crédito e Cobrança.
Você citou que é a única mulher no Conselho Administrativo do Grupo Santa Clara. Ainda é desafio ser mulher no agronegócio?
Existe sim resistência, não posso negar. Quando eu comecei, éramos só eu e minha mãe de mulheres, eu sabia que teria dificuldade, porque, no caso da mulher, falo que não basta ser competente; temos que, a toda hora, estar provando competência. Mas hoje eu vejo que as coisas estão indo para um lado bem melhor, até porque sinto que a resistência é mais de uma geração anterior a nossa. Então, nesse sentido, tem uma ideia que penso muito toda vez que enfrento esse problema: não adianta concentrar as nossas energias para tentar mudar o que é velho. Eu não vou mudar o entendimento das pessoas que pensam de forma ultrapassada. Então, eu preciso me concentrar em construir aquilo que é novo. É por isso que eu concentro minhas energias na nossa geração e na que está vindo.
Pensando assim, você já consegue envolver os seus filhos nessa realidade, mesmo eles sendo pequenos?
Sem dúvida! Inclusive, todos os anos, temos um dia de visitação da 3ª geração em todas as unidades industriais da Santa Clara. Nessas ocasiões, eles conhecem o chão de fábrica, verificam como são feitos todos os produtos, como funciona a operação. É um dia da família, para eles entenderem o que oferecemos ao agricultor. Isso faz eles se apaixonarem pelo negócio. Um dos meus filhos viu o nosso laboratório e ficou encantado, agora diz que quer ser químico. Assim, com essas experiências vivenciadas, vamos implementando a cultura da Santa Clara. É um passo de cada vez para eles terem a mesma paixão que a gente tem. Além disso, falo que não tive dois filhos homens por acaso. Meu propósito de vida pessoal é plantar uma semente para que tenhamos uma próxima geração mais igualitária, com as mesmas oportunidades. Homens e mulheres se completam, inclusive nos negócios, e colaboram para decisões mais assertivas. Então, que sejam homens desprovidos de qualquer tipo de preconceito, não só de gênero.
E seu propósito de vida profissional?
Quero mostrar o que nós temos feito em prol do planeta. Porque, normalmente, lidamos como uma ambiguidade grande: de um lado, temos que alimentar o mundo; do outro, precisamos manter e preservar o meio ambiente. E a Santa Clara traz isso, consegue fazer os dois. Isso que me move. Levar a tecnologia de nossos produtos aos agricultores, para que eles aumentem a produção de forma sustentável, é o que me fez apaixonar e acreditar no que fazemos. [Z]
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