A beleza pode estar em destacar seus pontos fortes, sentir-se segura de si mesma e, acima de tudo, caprichar nas atitudes
Por Marina Kocourek*
Por conviver com muitas mulheres, percebo cada vez mais a pressão para que todas se encaixem no padrão do que se espera delas, especialmente no que diz respeito à estética corporal e facial, seja para ser considerada atleta, ou apenas para pertencer ao “mundo belo” criado por uma enorme rede de marketing, que o estabelece como necessário, perfeito e, até mesmo, correto. Nesse cenário, expressões naturais no rosto recebem nomes pejorativos; corpos são julgados como “acima do peso” ou “inadequados” para determinados tipos de atividade física e assim vai! Se eu fosse listar todos os detalhes e as mudanças que mulheres comuns “deveriam” buscar para se encaixar, me faltariam linhas aqui.
O problema, porém, não estaria na estética em si, se isso não atingisse profundamente o psicológico de tantas mulheres. A poderosa máquina de marketing, que invade a mente através das redes sociais e propagandas, oferece cada vez mais tratamentos em nome de alcançar a nossa “melhor versão”, entre muitas aspas, porque na maioria das vezes a “melhor versão” não passa de um discurso embalado por supostas boas intenções.
Não acredito que criar defeitos nas mulheres seja uma forma de ajudá-las. Vejo muito mais como uma estratégia para monetizar profissionais e indústrias inteiras. Longe de mim dizer que não devemos cuidar de nós mesmas, mas esse exagero impõe uma pressão enorme, sendo que o mais preocupante é a busca por resultados imediatos que colocam a saúde em risco.
Tal lógica rouba o prazer de descobrir um novo estilo de vida que seja realmente duradouro e prazeroso, como mudar a alimentação, dedicar-se com constância a uma atividade física, e encarar o passar dos anos com equilíbrio. Em vez disso, empurra as mulheres para se transformarem por meio de procedimentos exagerados, dietas da moda e atalhos perigosos, nos quais a prioridade é estar “bem” esteticamente, mas não necessariamente saudável. E aqui, obviamente, excluo os casos em que o uso de tratamentos ou medicamentos é realmente indicado por questões de saúde.
Acredito, sinceramente, que o cerne da beleza está na naturalidade e em algumas imperfeições. Não está na extrema magreza ou na exibição de um rosto que já não seja o seu próprio. A beleza está em destacar seus pontos fortes, sentir-se segura em si mesma e, acima de tudo, caprichar nas atitudes.
O que quero deixar aqui é uma reflexão: do que você realmente reclama? É algo que de fato a incomoda ou é apenas fruto da comparação? Será que não é só uma necessidade de se encaixar nos formatos impostos por essa indústria? Que tal buscar segurança e autoestima em uma vida mais leve, sem se cobrar tanto, sem deixar de se arriscar em novos esportes, sem medo de sair sem maquiagem ou até diminuindo os procedimentos, escolhendo apenas aqueles que não roubem sua naturalidade?
Repensar esses padrões é se sentir bem por estar saudável, para viver e ser feliz de forma mais tranquila, sem pressão e sem se preocupar tanto com a opinião dos outros, como é o caso das minhas duas amigas, cujos depoimentos trago na coluna de hoje:
Polyanna Sampaio
Polyanna Sampaio
“Tenho 47 anos, 1,64m, sou mulher negra e tenho o corpo típico da mulher brasileira: forte e com muitas curvas. Corro desde os 18 anos, mesmo sem ter aquela ‘estética de corredora’ que muitos esperam. Meu pai, que sempre foi apaixonado por corrida, me influenciou bastante, já participei de várias provas, das de 5k a maratonas, mas minha motivação sempre foi me divertir, sem seguir um padrão.
Entre 2013 e 2017, me afastei das corridas por conta da maternidade, do trabalho e do casamento, embora continuasse fazendo academia e dança. Após a pandemia, decidi voltar a correr e me preparar para mais uma maratona. Em 2022, completei minha 2ª maratona em Nova York.
O que me motiva não é só a corrida em si, mas a emoção de terminar uma prova e as amizades que nascem nos grupos de treino, que me ajudam a vencer a preguiça de acordar cedo. Hoje, sigo uma rotina dedicada, com longões aos sábados, acompanhamento de nutricionista e fisioterapeutas, porque quero continuar correndo, assim como meu pai, que, com 80 anos, já correu 80 maratonas pelo mundo. Para mim e para ele, a verdadeira ‘estética da corrida’ é ser feliz!
Patrícia Rodriguez
Patrícia Rodriguez
“Tenho uma tendência, comprovada por teste genético, à obesidade e ao metabolismo mais lento, além de que, quando estou emocionalmente abalada, acabo descontando fortemente na comida, porque, na minha família (assim como eu acho que acontece na maioria das famílias) todas as comemorações, reuniões, momentos de afeto e aconchego são em volta da mesa, com comida boa e boas risadas o que, para mim, faz com que comida = carinho.
Já sofri muito na adolescência por estar acima do peso e, por causa disso, tive que fazer dietas restritivas e me esforçar para exercitar regularmente. Hoje, consigo enxergar tudo isso com muita gratidão, porque a dieta e os treinos se tornaram o meu estilo de vida e me tornaram uma pessoa muito melhor e mais saudável. O que antes era dieta virou a minha alimentação habitual; o treino virou prazer, e tudo uma grande jornada de autoconhecimento.
* Marina Kocourek é atleta e empresária no comando da 220Volts, uma agência de viagens que busca levar grupos de mulheres para correr em diferentes lugares do mundo.
Beleza também é uma liberdade de escolha
A beleza pode estar em destacar seus pontos fortes, sentir-se segura de si mesma e, acima de tudo, caprichar nas atitudes
Por Marina Kocourek*
Por conviver com muitas mulheres, percebo cada vez mais a pressão para que todas se encaixem no padrão do que se espera delas, especialmente no que diz respeito à estética corporal e facial, seja para ser considerada atleta, ou apenas para pertencer ao “mundo belo” criado por uma enorme rede de marketing, que o estabelece como necessário, perfeito e, até mesmo, correto. Nesse cenário, expressões naturais no rosto recebem nomes pejorativos; corpos são julgados como “acima do peso” ou “inadequados” para determinados tipos de atividade física e assim vai! Se eu fosse listar todos os detalhes e as mudanças que mulheres comuns “deveriam” buscar para se encaixar, me faltariam linhas aqui.
O problema, porém, não estaria na estética em si, se isso não atingisse profundamente o psicológico de tantas mulheres. A poderosa máquina de marketing, que invade a mente através das redes sociais e propagandas, oferece cada vez mais tratamentos em nome de alcançar a nossa “melhor versão”, entre muitas aspas, porque na maioria das vezes a “melhor versão” não passa de um discurso embalado por supostas boas intenções.
Não acredito que criar defeitos nas mulheres seja uma forma de ajudá-las. Vejo muito mais como uma estratégia para monetizar profissionais e indústrias inteiras. Longe de mim dizer que não devemos cuidar de nós mesmas, mas esse exagero impõe uma pressão enorme, sendo que o mais preocupante é a busca por resultados imediatos que colocam a saúde em risco.
Tal lógica rouba o prazer de descobrir um novo estilo de vida que seja realmente duradouro e prazeroso, como mudar a alimentação, dedicar-se com constância a uma atividade física, e encarar o passar dos anos com equilíbrio. Em vez disso, empurra as mulheres para se transformarem por meio de procedimentos exagerados, dietas da moda e atalhos perigosos, nos quais a prioridade é estar “bem” esteticamente, mas não necessariamente saudável. E aqui, obviamente, excluo os casos em que o uso de tratamentos ou medicamentos é realmente indicado por questões de saúde.
O que quero deixar aqui é uma reflexão: do que você realmente reclama? É algo que de fato a incomoda ou é apenas fruto da comparação? Será que não é só uma necessidade de se encaixar nos formatos impostos por essa indústria? Que tal buscar segurança e autoestima em uma vida mais leve, sem se cobrar tanto, sem deixar de se arriscar em novos esportes, sem medo de sair sem maquiagem ou até diminuindo os procedimentos, escolhendo apenas aqueles que não roubem sua naturalidade?
Repensar esses padrões é se sentir bem por estar saudável, para viver e ser feliz de forma mais tranquila, sem pressão e sem se preocupar tanto com a opinião dos outros, como é o caso das minhas duas amigas, cujos depoimentos trago na coluna de hoje:
Polyanna Sampaio
“Tenho 47 anos, 1,64m, sou mulher negra e tenho o corpo típico da mulher brasileira: forte e com muitas curvas. Corro desde os 18 anos, mesmo sem ter aquela ‘estética de corredora’ que muitos esperam. Meu pai, que sempre foi apaixonado por corrida, me influenciou bastante, já participei de várias provas, das de 5k a maratonas, mas minha motivação sempre foi me divertir, sem seguir um padrão.
Entre 2013 e 2017, me afastei das corridas por conta da maternidade, do trabalho e do casamento, embora continuasse fazendo academia e dança. Após a pandemia, decidi voltar a correr e me preparar para mais uma maratona. Em 2022, completei minha 2ª maratona em Nova York.
O que me motiva não é só a corrida em si, mas a emoção de terminar uma prova e as amizades que nascem nos grupos de treino, que me ajudam a vencer a preguiça de acordar cedo. Hoje, sigo uma rotina dedicada, com longões aos sábados, acompanhamento de nutricionista e fisioterapeutas, porque quero continuar correndo, assim como meu pai, que, com 80 anos, já correu 80 maratonas pelo mundo. Para mim e para ele, a verdadeira ‘estética da corrida’ é ser feliz!
Patrícia Rodriguez
“Tenho uma tendência, comprovada por teste genético, à obesidade e ao metabolismo mais lento, além de que, quando estou emocionalmente abalada, acabo descontando fortemente na comida, porque, na minha família (assim como eu acho que acontece na maioria das famílias) todas as comemorações, reuniões, momentos de afeto e aconchego são em volta da mesa, com comida boa e boas risadas o que, para mim, faz com que comida = carinho.
Já sofri muito na adolescência por estar acima do peso e, por causa disso, tive que fazer dietas restritivas e me esforçar para exercitar regularmente. Hoje, consigo enxergar tudo isso com muita gratidão, porque a dieta e os treinos se tornaram o meu estilo de vida e me tornaram uma pessoa muito melhor e mais saudável. O que antes era dieta virou a minha alimentação habitual; o treino virou prazer, e tudo uma grande jornada de autoconhecimento.
* Marina Kocourek é atleta e empresária no comando da 220Volts, uma agência de viagens que busca levar grupos de mulheres para correr em diferentes lugares do mundo.
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