A iniciativa do biólogo Christiano Calil permite que animais e humanos falecidos sejam fonte de vida para novas plantas através da técnica japonesa kokedama
A perda de quem amamos é difícil, para dizer o mínimo; além do forte impacto emocional, a dor pode até mesmo se tornar física. Para alguns, basta dar tempo ao tempo para que aos poucos o sofrimento diminua – ou que comece a ficar mais fácil de lidar. Mas, para outras pessoas, é necessário encontrar formas de lidar com a perda e, se possível, ressignificar o luto.
Foi tentando repensar o próprio luto, após perder uma gatinha muito querida, que o biólogo Christiano Calil encontrou na botânica um jeito novo de lidar com seus sentimentos. Usando uma técnica japonesa chamada kokedama – que consiste em cultivar plantas em bolas de musgo -, ele conseguiu ressignificar o luto ao destinar as cinzas da sua gatinha cremada para cultivar os kokedamas, dando mais vida a elas e, ao mesmo tempo, uma nova vida à Lua (sua gata). Assim, nasceu a iniciativa “Cuidador de almas” (@cuidador.de.almas).
“Depois de viver a perda da Lua, percebi que poderia transformar a minha dor em algo belo e significativo. Foi então que comecei a utilizar cinzas de animais e também de humanos queridos nos kokedamas, criando homenagens vivas e eternas para aqueles que partiram, mas que continuam presentes em nossas memórias”, conta o biólogo.
A técnica japonesa é feita a partir do molde das raízes da planta em uma mistura de solo especial e musgo, criando uma peça viva e natural, que pode ser suspensa, colocada em suportes ou usada para decorar mesas e prateleiras. Dessa forma, os kokedamas dão mais “vida” e significado aos ambientes, criando também harmonia.
Ressignificando o luto
Parte também do processo de cura, Calil organiza uma cerimônia de criação dos ornamentos, para que o tutor do animal ou do familiar da pessoa que faleceu faça parte do processo. “Uma das nossas primeiras ações é uma meditação, que leva de 30 a 40 minutos. Nesse momento, enquanto nos concentramos, trocamos energias e conversamos sobre o ente ou o animalzinho que fez a passagem. E dentro dessas trocas, a gente começa a fazer o kokedama”, explica.
Ele destaca que, apesar da parte mais específica da técnica ser feita por ele, a pessoa que cede as cinzas é sempre convidada a participar da preparação da terra, bem como da escolha da planta que será cultivada. Depois do cultivo concluído, é feito novamente um momento de meditação e oração, a fim de ressignificar o luto que motivou o processo.
Na página da iniciativa, um depoimento expressa o sentimento com a ressignificação: “E hoje você estaria fazendo 80 anos (…) Mas esse ano fomos agraciados com um lindo presente: você aqui na nossa casa, vivo nesse antúrio, que era a planta que tinha no alpendre lá da nossa casa na Floriano Peixoto. Um pouco das suas cinzas que estavam comigo, que ficavam no templo lá no Viturino, eu as trouxe na mudança para Ribeirão Preto. O Cristiano @cuidador.de.almas, ele cria o KOKEDAMA, e então fizemos uma cerimônia linda e repleta de amor no dia 15 de agosto usando musgos e as cinzas e aqui está esse resultado belíssimo que contemplamos todos os dias ❤️❤️❤️❤️❤️❤️ Viva a vida, viva você”, escreveu Cristina Nacarato.
Entretanto, para algumas pessoas, ressignificar o luto e as cinzas, que representam aqueles que amaram, pode ser um processo muito penoso. Por isso, Calil alerta que não é imprescindível que todos participem da criação da kokedama, mas que consigam sentir a conexão com o legado dos que partiram. “Reverenciar a quem amamos é uma maneira de reconhecer que, embora seus corpos não estejam mais presentes, suas essências continuam a habitar nossos corações e pensamentos. Ao lembrá-los, celebramos suas vidas, seus ensinamentos, e os momentos compartilhados. Honrar os que já se foram é, ao mesmo tempo, um tributo e um consolo; é um lembrete de que, enquanto mantivermos suas memórias vivas, eles nunca estarão verdadeiramente distantes. Assim, seguimos em frente, levando conosco as marcas deixadas por essas vidas preciosas, transformando a saudade em uma celebração de tudo o que viveram e representaram”, define o cuidador de almas.
‘Cuidador de almas’ ajuda a ressignificar o luto através do cultivo de plantas
A iniciativa do biólogo Christiano Calil permite que animais e humanos falecidos sejam fonte de vida para novas plantas através da técnica japonesa kokedama
A perda de quem amamos é difícil, para dizer o mínimo; além do forte impacto emocional, a dor pode até mesmo se tornar física. Para alguns, basta dar tempo ao tempo para que aos poucos o sofrimento diminua – ou que comece a ficar mais fácil de lidar. Mas, para outras pessoas, é necessário encontrar formas de lidar com a perda e, se possível, ressignificar o luto.
Foi tentando repensar o próprio luto, após perder uma gatinha muito querida, que o biólogo Christiano Calil encontrou na botânica um jeito novo de lidar com seus sentimentos. Usando uma técnica japonesa chamada kokedama – que consiste em cultivar plantas em bolas de musgo -, ele conseguiu ressignificar o luto ao destinar as cinzas da sua gatinha cremada para cultivar os kokedamas, dando mais vida a elas e, ao mesmo tempo, uma nova vida à Lua (sua gata). Assim, nasceu a iniciativa “Cuidador de almas” (@cuidador.de.almas).
“Depois de viver a perda da Lua, percebi que poderia transformar a minha dor em algo belo e significativo. Foi então que comecei a utilizar cinzas de animais e também de humanos queridos nos kokedamas, criando homenagens vivas e eternas para aqueles que partiram, mas que continuam presentes em nossas memórias”, conta o biólogo.
A técnica japonesa é feita a partir do molde das raízes da planta em uma mistura de solo especial e musgo, criando uma peça viva e natural, que pode ser suspensa, colocada em suportes ou usada para decorar mesas e prateleiras. Dessa forma, os kokedamas dão mais “vida” e significado aos ambientes, criando também harmonia.
Ressignificando o luto
Parte também do processo de cura, Calil organiza uma cerimônia de criação dos ornamentos, para que o tutor do animal ou do familiar da pessoa que faleceu faça parte do processo. “Uma das nossas primeiras ações é uma meditação, que leva de 30 a 40 minutos. Nesse momento, enquanto nos concentramos, trocamos energias e conversamos sobre o ente ou o animalzinho que fez a passagem. E dentro dessas trocas, a gente começa a fazer o kokedama”, explica.
Ele destaca que, apesar da parte mais específica da técnica ser feita por ele, a pessoa que cede as cinzas é sempre convidada a participar da preparação da terra, bem como da escolha da planta que será cultivada. Depois do cultivo concluído, é feito novamente um momento de meditação e oração, a fim de ressignificar o luto que motivou o processo.
Na página da iniciativa, um depoimento expressa o sentimento com a ressignificação: “E hoje você estaria fazendo 80 anos (…) Mas esse ano fomos agraciados com um lindo presente: você aqui na nossa casa, vivo nesse antúrio, que era a planta que tinha no alpendre lá da nossa casa na Floriano Peixoto. Um pouco das suas cinzas que estavam comigo, que ficavam no templo lá no Viturino, eu as trouxe na mudança para Ribeirão Preto. O Cristiano @cuidador.de.almas, ele cria o KOKEDAMA, e então fizemos uma cerimônia linda e repleta de amor no dia 15 de agosto usando musgos e as cinzas e aqui está esse resultado belíssimo que contemplamos todos os dias ❤️❤️❤️❤️❤️❤️ Viva a vida, viva você”, escreveu Cristina Nacarato.
Entretanto, para algumas pessoas, ressignificar o luto e as cinzas, que representam aqueles que amaram, pode ser um processo muito penoso. Por isso, Calil alerta que não é imprescindível que todos participem da criação da kokedama, mas que consigam sentir a conexão com o legado dos que partiram. “Reverenciar a quem amamos é uma maneira de reconhecer que, embora seus corpos não estejam mais presentes, suas essências continuam a habitar nossos corações e pensamentos. Ao lembrá-los, celebramos suas vidas, seus ensinamentos, e os momentos compartilhados. Honrar os que já se foram é, ao mesmo tempo, um tributo e um consolo; é um lembrete de que, enquanto mantivermos suas memórias vivas, eles nunca estarão verdadeiramente distantes. Assim, seguimos em frente, levando conosco as marcas deixadas por essas vidas preciosas, transformando a saudade em uma celebração de tudo o que viveram e representaram”, define o cuidador de almas.
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