Ela é uma fábrica: a gestão afetiva de Joelma Fachini Marques

À frente da assessoria de comunicação Phábrica de Ideias, que celebra 30 anos, Joelma Fachini Marques está sempre em movimento. Combinando conhecimento, estratégia, coragem e ousadia, ela consegue fazer de si, do seu negócio e de quem a rodeia diferentes referências de sucesso

“Não. Jamais. De jeito nenhum”. Essas foram as primeiras reações de Joelma Fachini Marques ao receber o convite para ser a capa e o tema da matéria central desta Life Zumm. A mulher que parece estar em tudo e em todo lugar ao mesmo tempo quando se trata dos principais acontecimentos em Ribeirão Preto, Barretos e suas respectivas regiões, está acostumada a colocar os outros sob os refletores e não a ser refletida.

Mas a quantidade de luz irradiada pela sua personalidade e seu trabalho garante que nada nem ninguém fique nas sombras. Inclusive, essa é a missão da Phábrica de Ideias, uma das mais fortes assessorias de comunicação do estado, a qual ajudou a fundar. Ela diz que a oportunidade surgiu da “combinação perigosa de sorte, com estar no lugar certo, com as pessoas certas, receber o apoio certo, ter coragem de mais e noção de menos”, como gosta de brincar. E conforme o trabalho criava mais sorte, passou a ser questão também de decisão e maturidade para quando dizer “sim” ou “não”.

Mas o primeiro “sim” bem acertado já tinha sido dado por sua amiga da adolescência, Malú Nogueira, quando esta fez o convite para, juntas, abrirem uma agência de comunicação, mesmo que só tivessem um telefone, uma secretária eletrônica e uma máquina de escrever.

“Desde então, ela me põe no prumo e cuida de tudo que eu não consigo – sou de humanas (rs). Malú faz tudo acontecer no dia certo, da maneira correta. Ela cuida de prazos, contratos, pagamentos, recebimentos. É o cérebro que todo mundo confia, porque sabe que não falha”, elogia a amiga, em uma clara demonstração de como, para ela, é mais fácil falar dos outros do que de si mesma.

Mas tudo bem! Afinal, são 30 anos de histórias conjuntas.

Jornadas entrelaçadas

Em 2025, a Phábrica de Ideias completa 30 anos. Isso significa que, há três décadas, Joelma pessoa física e Joelma profissional caminham por estradas cruzadas. Tanto que até sua família teve a semente plantada durante um trabalho.

“Comecei a trabalhar como estagiária com um grupo de varejo, chamado Grupo Joia. Logo no ano em que encerrei a faculdade, em 1994, iniciei na associação ‘Os Independentes’, promotora da Festa do Peão de Barretos, como assistente júnior, para atender as demandas locais. Já no ano seguinte, abrimos a Phábrica. Foi, então, em 1996, durante a Festa do Peão, que conheci um grupo de empresários de Ribeirão Preto, especialistas em eventos, que estavam criando o Rancho N1, uma balada dentro do Parque do Peão.  Eles me contrataram para cuidar da assessoria da casa, que, por muitos anos, foi um sucesso. Um daqueles empresários virou um amigo, que, confiou no meu trabalho e, por anos, me indicava para muitos clientes legais. Hoje, ele é o meu marido [Luit Marques]”, lembra.

Do ponto de vista profissional, o relacionamento dos dois continuou dando frutos. Em 2002, depois da 1ª edição do João Rock, o empresário chamou a Phábrica para assumir a assessoria de imprensa do festival, apostando nas suas relações com a imprensa especializada em música e eventos. Nos anos seguintes, a parceria com eventos na região só foi aumentando, a exemplo do Carnabeirão e do Ribeirão Rodeo Music. “Com a carteira se consolidando e buscando um olhar para o corporativo, decidimos abrir um pequeno escritório de apoio na cidade. E de lá para cá, só boas colheitas marcam nossa história com Ribeirão Preto”, lembra Joelma sobre a cidade onde criou raízes para si e para a Phábrica.

Nessa terra vermelha, a agência se especializou em um trabalho customizado e especializado de assessoria de imprensa, relacionamento com a imprensa e gestão de crises. Já na unidade de Barretos, onde criador (Joelma) e criatura nasceram, a Phábrica trabalha, além de assessoria de imprensa, com comunicação integrada e ações off e digital.

“Com a transformação das mídias (e do mundo), a nossa expertise em comunicação global possibilitou uma visão ampla de como queríamos construir nossa percepção de valor e, foi aí que, por volta de 2009, começamos a nos posicionar como uma agência de assessoria de comunicação e relacionamento com a imprensa, ou seja, oferecendo mais possibilidades aos clientes, incluindo as frentes digitais e de conteúdo relevante”, conta Joelma, que revela sempre ter amado a comunicação, justamente por a entender como uma ferramenta de transformação e conexão.

Ela também credita aos relacionamentos sólidos as conquistas que teve dentro e fora de casa nesses 30 anos. Relações que, segundo ela, são de afeto e, ao mesmo tempo, de trabalho em equipe.

“Me orgulho em dizer que temos dentro da nossa equipe pessoas com 18, 15, 10 anos de parceria. Também temos clientes que estão conosco desde o começo, como a Festa do Peão de Barretos, há 30 anos, e a Minerva Foods, que também vimos nascer e, até hoje, depois de se tornar uma das potências mundiais do setor, continua em nossa carteira de clientes. E tem os novos desafios, que também trazem um frio na barriga e a excitação do novo, como a Multiplan, com o RibeirãoShopping e o ShoppingSantaÚrsula, que começamos a atender este ano”.

“Um dos segredos é nunca declarar que ‘chegamos lá’ e reconhecer que sempre podemos melhorar, inovar. É preciso estarmos sensíveis às mudanças e nos transformarmos também”.

Gestão afetiva

O sentimento de afeto, mencionado por nossa entrevistada, também foi transformado por ela em um tipo de gestão – provavelmente uma das razões pelas quais, além dos resultados, ela coleciona elogios.

Ao lado dela, responsável pelo planejamento e estratégia, e de Malú, no atendimento e administrativo, fazem parte da diretoria da Phábrica Mirene Benincasa, à frente da comunicação e relacionamento com a imprensa, e Paulo Couto, na direção de arte e criação. O time fica completo ainda com as líderes e guardiãs do “jeito Phábrica de fazer”, Nath Vieira, Samia Borges e Gabi Virdes, que juntos lideram um time de 23 profissionais de comunicação, engajados e apaixonados por comunicação.

“Eu falo sempre que o meu modelo de gestão é afetivo, baseado na empatia. Olhar o outro e suas necessidades, poder contribuir seja com flexibilidade ou com oportunidades de crescer ou com um bate papo – dando ou recebendo conselhos”, explica.

Além de afeto, ela garante que não consegue trabalhar (e viver) sem alegria, brilho no olho e motivação. “Conforme você se conhece, alguns valores, que são inegociáveis, vão ficando cada vez mais claros e você acaba atraindo gente que pensa igual, que age igual, que sonha junto”.

À procura de harmonia

Essa clareza que vai sendo conquistada ao longo da jornada inclui, é claro, entender a si e dar sentido até aos erros. Nesse contexto, Joelma se transformou em uma “buscadora de equilíbrio”, como ela mesmo se define. Para isso, investe em terapia, yoga, meditação, reza, conversa – basicamente em tudo que possa a deixar alinhada consigo mesma e com seus limites, mesmo que nem sempre dê certo.

“Eu sou tão obcecada por equilíbrio e harmonia que isso até me atrapalha ter equilíbrio e harmonia (rs). Brincadeiras à parte, algumas vezes, o baque é grande e você cai. Mas, como disse, sou uma buscadora, então, logo identifico que algo não está fluindo e busco ajuda. E ela sempre vem! Das formas mais diversas possíveis”, destaca. E não é difícil imaginar pessoas querendo ajudar a quem sempre está disponível para ser ajuda.

Essa empatia que coexiste com a líder ficou ainda mais aflorada a partir do momento em que se tornou mãe, expressando-a principalmente por meio de incentivos em múltiplas camadas, incluindo a parceria entre a equipe para que um ajude o outro em momentos que de conciliar família e trabalho.

“Temos olhar atento para os seres humanos que compõem nosso time. Suas necessidades e dores, questões familiares, sobretudo das mulheres que quase sempre têm jornada dupla, tripla. Para nós, é prioridade que as mães (e pais também) participem de tudo dos filhos…mesmo que seja uma festa junina em que a jornalista escapa no meio do João Rock. É tão orgânico um ajudar o outro, que quando existe a menor necessidade, a equipe se une para cobrir, viabilizar, proteger”, conta.

Essa é a dinâmica com a sua própria filha. “A escolha sempre foi ficar com a Anna. Troquei baladas, bares e, às vezes, até festas para estar com ela. Hoje, tenho que me encaixar para entrar na agenda dela, que já é uma adolescente (rs). Mas a presença é sempre uma escolha consciente – aquele momento diário à mesa, comer juntas, preparar o jantar, conversar antes de dormir. Eu sempre brinco que quero viver muito por puro egoísmo, para continuar vivendo esta delícia que é a maternidade. E quanto mais ela cresce, mais gostosa a troca fica, menos eu ensino e mais eu aprendo com ela”.

“Quero para a minha equipe o mesmo que para mim. Trabalhamos muito? Sim! Mas sempre falo que nossos filhos saberão o quanto trabalhamos no que amamos, nos dedicamos, crescemos profissionalmente, e ainda assim sempre estivemos presentes quando eles precisaram, porque assim escolhemos”.

Voando juntos

É nesse clima, de respeito em primeiro lugar, que Joelma quer continuar a buscar o equilíbrio, em todos os âmbitos: pessoal, familiar ou profissional.

“Trabalhar com alegria, chegar em casa com alegria, se dedicar a um amigo verdadeiramente, com alegria. A alegria cura, transforma e, se você prestar atenção, encontrará nela a bússola que te dirá o que está errado e se chegou a hora de mudar, seja por dentro ou seja por fora”, aconselha.