Voltando o olhar às raízes de Ribeirão Preto e as forças nativas, uma nova perspectiva reinterpreta a compreensão de desenvolvimento urbano e as verdadeiras riquezas do município
A capital metropolitana 016 responde por um dos maiores PIBs brasileiros, sendo considerada uma das cidades mais ricas do país. Tal riqueza é gerada por uma dinâmica complexa, que abrange desde um setor agropecuário tradicional e robusto até seu posicionamento como polo tecnológico, mostrando como Ribeirão Preto segue em direção ao futuro, enquanto respeita suas origens.
Alinhando-se à visão local, uma nova perspectiva está propondo que repensemos essa dinâmica, reconhecendo o ponto de partida que torna tudo isso possível: o próprio território. “Não podemos pensar em um projeto de desenvolvimento urbano e encaixá-lo no lugar escolhido como se ele não tivesse conexão com o todo. Antes de mais nada, precisamos compreender o território e a sua vocação”, explica Mônica Picavea, diretora do Instituto Artesano, responsável por um movimento que vem reconhecendo as verdadeiras potências ribeirão-pretanas.
Antes de desenvolver, reparar
A proposta que Mônica apresenta à cidade se baseia em uma metodologia desenvolvida pelo próprio instituto, chamado de “urbanismo regenerativo”. Na prática, a ideia é promover desenvolvimento urbano a partir de projetos co-criados localmente, que possuem como base aspectos que permitem alcançar a melhor versão do local, sempre de forma regenerativa e com soluções que reduzem os efeitos das mudanças climáticas.
“Carregamos a bandeira da ‘Educação pelo Clima’, que significa mostrar como tudo se conecta e como podemos agir para manter o que a terra nos oferece. Mas como muito já foi danificado, precisamos começar reparando partes que são essenciais para o todo”, explica a especialista em Sustentabilidade, trazendo à tona uma parceria com a Estação Ecológica de Ribeirão Preto, justamente para apoiar e fortalecer um dos maiores patrimônios nativo da cidade: a Mata de Santa Tereza.
Esse bioma conserva o pouco que restou da Mata Atlântica na região, de forma a ser de extrema importância para a estabilidade ambiental. Isso porque apresenta inúmeras espécies de fauna e flora (referências para o conhecimento científico relativo à recuperação de áreas degradadas) e protege parte da bacia hidrográfica do Pardo, vital para resiliência hídrica na região.
De repente, uma floresta
É próximo da Estação que o Instituto Artesano já apresenta seus primeiros resultados – um tanto quanto promissores: em terras desocupadas (antiga área de pastagem) de 1.000m², onde há cerca de um ano não havia nada, hoje existe uma minifloresta, repleta de espécies nativas regionais.
Reflorestamento promovida pelo Instituto ArtesanoEscola de Ribeirão Preto conhece o projeto
O “milagre”, conhecido como “Floresta de bolso”, é resultado da aplicação de técnicas de regeneração desenvolvidas pelo renomado botânico Ricardo Cardim, que, respeitando a dinâmica competitiva original das florestas tropicais jovens, proporciona um ecossistema de crescimento rápido, maior resiliência e menor manutenção. “É uma técnica agrícola que prepara a terra e planta mudas específicas em uma determinada ordem. Aqui conseguimos uma floresta adensada, ou seja, fechada, que não precisa de ação humana por menos tempo que o normal”, comemora Mônica.
Nasce um novo polo
O adensamento florestal é só o começo de um trabalho, que teve início há quatro anos. Desde então, o Instituto Artesano conversa com diferentes agentes ribeirão-pretanos – Prefeitura, Fundação Florestal, ONGs, escolas –, a fim de articular as mudanças necessárias para tornar possível a agenda de objetivos de desenvolvimento sustentável, que é bastante ambiciosa, mas comprovadamente possível. Ela inclui:
Reunir as lideranças e apoiar o enriquecimento das áreas ribeirinhas e de recargas da Bacia do Rio Pardo e Ribeirão da Onça;
Recuperação e manutenção das nascentes e cursos d’águas;
Aumentar a área de matas e biodiversidade em Ribeirão Preto;
Acrescentar áreas para aumento e manutenção de espécies ameaçadas de extinção;
Aumentar a quantidade de árvores na área urbana e rural da cidade;
Proteger espécies ameaçadas de extinção;
Aumentar a captação de carbono no município.
Dessa forma, Mônica afirma que Ribeirão Preto – já conhecida como polo de tecnologia, agronegócio, saúde e até cervejeiro – tem tudo para se posicionar como um polo regenerativo nacional.
“Estamos aqui para criar, junto com os ribeirão-pretanos, um movimento focando na restauração da biodiversidade e na promoção da harmonia entre o ambiente urbano e a natureza, apoiando a redução das mudanças climáticas e promovendo a consciência ambiental”.
– Mônica Picavea
Mônica Picavea | Crédito: Rafael Cautella
O ponto de conexão
Junto com o Instituto Artesano, MônicaPicavea espera realmente criar um movimento regenerativo e, para isso, busca compartilhar tudo que aprendeu – tanto na Academia, quanto de forma prática.
Formada em Jornalismo, foi só depois de migrar para as áreas de Marketing e Negócios, que teve seu primeiro contato com projetos ambientais – dentro do grupo Alphaville, onde foi responsável por estabelecer a Fundação Alphaville. “Ali, por volta dos anos 2000, comecei também a estudar sustentabilidade. Então, fui para a Findhorn, na Escócia, estudar Design para a Sustentabilidade. Lá fica a ecovila mais antiga do mundo. É muito incrível o que eles fazem e como foram pioneiros”, conta.
Com a experiência e muitas ideias, ela voltou ao Brasil, onde concluiu um primeiro mestrado em Sustentabilidade na FGV e, hoje, está prestes a terminar outro, voltado à Conservação da Biodiversidade, pelo IPÊ – Instituto de Pesquisas Ecológicas, reconhecida como uma das maiores ONGs brasileiras, que há mais de três décadas trabalha pela conservação da biodiversidade do país, por meio de ciência, educação e negócios sustentáveis.
O movimento para uma cidade mais rica
Voltando o olhar às raízes de Ribeirão Preto e as forças nativas, uma nova perspectiva reinterpreta a compreensão de desenvolvimento urbano e as verdadeiras riquezas do município
A capital metropolitana 016 responde por um dos maiores PIBs brasileiros, sendo considerada uma das cidades mais ricas do país. Tal riqueza é gerada por uma dinâmica complexa, que abrange desde um setor agropecuário tradicional e robusto até seu posicionamento como polo tecnológico, mostrando como Ribeirão Preto segue em direção ao futuro, enquanto respeita suas origens.
Alinhando-se à visão local, uma nova perspectiva está propondo que repensemos essa dinâmica, reconhecendo o ponto de partida que torna tudo isso possível: o próprio território. “Não podemos pensar em um projeto de desenvolvimento urbano e encaixá-lo no lugar escolhido como se ele não tivesse conexão com o todo. Antes de mais nada, precisamos compreender o território e a sua vocação”, explica Mônica Picavea, diretora do Instituto Artesano, responsável por um movimento que vem reconhecendo as verdadeiras potências ribeirão-pretanas.
Antes de desenvolver, reparar
A proposta que Mônica apresenta à cidade se baseia em uma metodologia desenvolvida pelo próprio instituto, chamado de “urbanismo regenerativo”. Na prática, a ideia é promover desenvolvimento urbano a partir de projetos co-criados localmente, que possuem como base aspectos que permitem alcançar a melhor versão do local, sempre de forma regenerativa e com soluções que reduzem os efeitos das mudanças climáticas.
“Carregamos a bandeira da ‘Educação pelo Clima’, que significa mostrar como tudo se conecta e como podemos agir para manter o que a terra nos oferece. Mas como muito já foi danificado, precisamos começar reparando partes que são essenciais para o todo”, explica a especialista em Sustentabilidade, trazendo à tona uma parceria com a Estação Ecológica de Ribeirão Preto, justamente para apoiar e fortalecer um dos maiores patrimônios nativo da cidade: a Mata de Santa Tereza.
Esse bioma conserva o pouco que restou da Mata Atlântica na região, de forma a ser de extrema importância para a estabilidade ambiental. Isso porque apresenta inúmeras espécies de fauna e flora (referências para o conhecimento científico relativo à recuperação de áreas degradadas) e protege parte da bacia hidrográfica do Pardo, vital para resiliência hídrica na região.
De repente, uma floresta
É próximo da Estação que o Instituto Artesano já apresenta seus primeiros resultados – um tanto quanto promissores: em terras desocupadas (antiga área de pastagem) de 1.000m², onde há cerca de um ano não havia nada, hoje existe uma minifloresta, repleta de espécies nativas regionais.
O “milagre”, conhecido como “Floresta de bolso”, é resultado da aplicação de técnicas de regeneração desenvolvidas pelo renomado botânico Ricardo Cardim, que, respeitando a dinâmica competitiva original das florestas tropicais jovens, proporciona um ecossistema de crescimento rápido, maior resiliência e menor manutenção. “É uma técnica agrícola que prepara a terra e planta mudas específicas em uma determinada ordem. Aqui conseguimos uma floresta adensada, ou seja, fechada, que não precisa de ação humana por menos tempo que o normal”, comemora Mônica.
Nasce um novo polo
O adensamento florestal é só o começo de um trabalho, que teve início há quatro anos. Desde então, o Instituto Artesano conversa com diferentes agentes ribeirão-pretanos – Prefeitura, Fundação Florestal, ONGs, escolas –, a fim de articular as mudanças necessárias para tornar possível a agenda de objetivos de desenvolvimento sustentável, que é bastante ambiciosa, mas comprovadamente possível. Ela inclui:
Dessa forma, Mônica afirma que Ribeirão Preto – já conhecida como polo de tecnologia, agronegócio, saúde e até cervejeiro – tem tudo para se posicionar como um polo regenerativo nacional.
O ponto de conexão
Junto com o Instituto Artesano, Mônica Picavea espera realmente criar um movimento regenerativo e, para isso, busca compartilhar tudo que aprendeu – tanto na Academia, quanto de forma prática.
Formada em Jornalismo, foi só depois de migrar para as áreas de Marketing e Negócios, que teve seu primeiro contato com projetos ambientais – dentro do grupo Alphaville, onde foi responsável por estabelecer a Fundação Alphaville. “Ali, por volta dos anos 2000, comecei também a estudar sustentabilidade. Então, fui para a Findhorn, na Escócia, estudar Design para a Sustentabilidade. Lá fica a ecovila mais antiga do mundo. É muito incrível o que eles fazem e como foram pioneiros”, conta.
Com a experiência e muitas ideias, ela voltou ao Brasil, onde concluiu um primeiro mestrado em Sustentabilidade na FGV e, hoje, está prestes a terminar outro, voltado à Conservação da Biodiversidade, pelo IPÊ – Instituto de Pesquisas Ecológicas, reconhecida como uma das maiores ONGs brasileiras, que há mais de três décadas trabalha pela conservação da biodiversidade do país, por meio de ciência, educação e negócios sustentáveis.
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