Médica pediatra e infectologista, Sílvia Fonseca esclarece dúvidas sobre a vacinação de crianças contra a Covid-19
A vacinação das crianças entre 5 e 11 anos no Brasil começou. Ao todo, o País deve receber 4,3 milhões de doses de vacina infantil da Pfizer contra a Covid-19 em janeiro. Para fevereiro, a expectativa é que sejam entregues mais 7,2 milhões de doses e, em março, mais 8,4 milhões de imunizantes para o esquema vacinal das crianças, que é composto por duas doses, com intervalo de oito semanas.
A médica pediatra e infectologista do Sistema Hapvida, Sílvia Fonseca, tira as principais dúvidas dos pais, com relação à vacinação e garante que a vacina é realmente necessária para os pequenos. Confira:
A vacina é realmente necessária para crianças?
Sim. Apesar de que as crianças, em sua maioria, têm quadros mais leves da infecção pelo SARS-CoV 2. Com o passar dos meses destes dois últimos anos pudemos registrar um número expressivo de mortes em crianças também. Só no Estado de São Paulo já foram registrados mais de 170 óbitos de crianças entre 0 anos a 10 anos, sendo que 35% delas não apresentavam comorbidades. Além disso, há a síndrome inflamatória multissistêmica (SIM), uma condição grave que necessita de hospitalização e, muitas vezes, Unidade de Terapia Intensiva. O Estado de São Paulo, no período de janeiro de 2020 a dezembro de 2021, confirmou 337 casos de SIM, sendo 229 casos com evolução a alta/cura, 23 com evolução ao óbito e 85 permanecem com desfecho em aberto; no Brasil de abril de 2020 a 27 de novembro de 2021 foram notificados 1.412 casos confirmados de SIM temporalmente associada à Covid-19 em crianças e adolescentes de 0 a 19 anos, sendo que, 85 evoluíram para óbito (letalidade de 6%).
Não sabemos quantas crianças desenvolveram COVID longa, que é a manutenção de sintomas após quatro semanas da infecção aguda; estes sintomas podem variar de febre, cansaço, falta de concentração e falta de ar.
E como a pandemia não dá tréguas, principalmente com o surgimento periódico de novas variantes muito transmissíveis, nossos pequenos estão em risco de terem COVID grave e COVID longa.
Outros aspectos importantes é que as crianças, mesmo pouco sintomáticas ou assintomáticas, podem transmitir a infecção para pessoas com fatores de risco (por exemplo, avós e bisavós), perpetuando o sofrimento das famílias.
Além disso, a vacinação da faixa etária entre 5 e 11 anos vai proteger as crianças menores que não podem receber a vacina e vai permitir que as crianças não fiquem doentes e possam participar da escola e demais atividades tão importantes para o desenvolvimento das crianças.
2. A vacina é realmente segura para crianças?
Sim. Antes das vacinas serem liberadas para crianças nos Estados Unidos, testes rigorosos de segurança foram feitos com a vacina da Pfizer envolvendo milhares de crianças. Até agora, estima-se que pelo menos oito milhões de doses foram aplicadas em crianças desta faixa etária entre 5 e 11 anos, com efeitos colaterais brandos e nenhuma morte atribuída à vacina. A vacina Coronavac, ainda não liberada para crianças no Brasil, mas usada em muitos países, como a China e Chile, teve um efeito excelente na prevenção da doença, sem eventos adversos graves. Uma segunda análise do CDC tornada pública avaliou cerca de 700 hospitalizações por covid-19 entre crianças e adolescentes nos EUA. A principal conclusão foi que entre 77,9% das crianças e adolescentes internados com Covid-19 aguda, apenas 0,4% dos pacientes em idade vacinável haviam recebido o esquema vacinal completo.
3. A vacina das crianças vai ser diferente da dos adultos?
Ela é feita da mesma maneira, usando esta segura tecnologia de “RNA mensageiro”, que permite que a vacina nunca se transforme em vírus vivo. Porém, tem doses menores, pois o sistema imune das crianças se mostrou muito eficiente para produzir anticorpos (91% de eficácia) mesmo com uma dose muito menor (cerca de 1/3 menor). Para não ter confusão, o frasco é diferente, com tampa de outra cor, e o Ministério da Saúde propõe locais diferentes para a vacinação das crianças, com agulhas apropriadas para o público infantil.
4. A criança pode parar de usar máscara depois de tomar a vacina?
Não. Assim como com os adultos a máscara deve ser usada por todos, acima de 2 anos de idade, pois mesmo vacinadas, as crianças ainda podem ter infecção ainda que leve, mas transmissível. Importante ressaltar que as vacinas protegem contra a doença que leva à hospitalização, necessidade de oxigênio, CTI e morte, mas não impedem completamente as infecções leves. Enquanto o vírus estiver circulando no mundo temos que usar todas as barreiras possíveis: vacina, máscara, distanciamento social e álcool em gel.
5. A Covid-19 vai acabar um dia?
Esperamos que sim. Mas, o mundo todo tem que ser vacinado. Infelizmente, temos notícias de que os países mais pobres não conseguiram imunizar a maioria da sua população e isso propicia uma grande replicação viral nos não vacinados e a possibilidade de variantes cada vez piores. Quando todos estivermos vacinados a esperança é que sim, que a Covid-19 seja apresentada somente em aulas de história.
Médica da Hapvida afirma que a vacina é segura para as crianças
Médica pediatra e infectologista, Sílvia Fonseca esclarece dúvidas sobre a vacinação de crianças contra a Covid-19
A vacinação das crianças entre 5 e 11 anos no Brasil começou. Ao todo, o País deve receber 4,3 milhões de doses de vacina infantil da Pfizer contra a Covid-19 em janeiro. Para fevereiro, a expectativa é que sejam entregues mais 7,2 milhões de doses e, em março, mais 8,4 milhões de imunizantes para o esquema vacinal das crianças, que é composto por duas doses, com intervalo de oito semanas.
A médica pediatra e infectologista do Sistema Hapvida, Sílvia Fonseca, tira as principais dúvidas dos pais, com relação à vacinação e garante que a vacina é realmente necessária para os pequenos. Confira:
Sim. Apesar de que as crianças, em sua maioria, têm quadros mais leves da infecção pelo SARS-CoV 2. Com o passar dos meses destes dois últimos anos pudemos registrar um número expressivo de mortes em crianças também. Só no Estado de São Paulo já foram registrados mais de 170 óbitos de crianças entre 0 anos a 10 anos, sendo que 35% delas não apresentavam comorbidades. Além disso, há a síndrome inflamatória multissistêmica (SIM), uma condição grave que necessita de hospitalização e, muitas vezes, Unidade de Terapia Intensiva. O Estado de São Paulo, no período de janeiro de 2020 a dezembro de 2021, confirmou 337 casos de SIM, sendo 229 casos com evolução a alta/cura, 23 com evolução ao óbito e 85 permanecem com desfecho em aberto; no Brasil de abril de 2020 a 27 de novembro de 2021 foram notificados 1.412 casos confirmados de SIM temporalmente associada à Covid-19 em crianças e adolescentes de 0 a 19 anos, sendo que, 85 evoluíram para óbito (letalidade de 6%).
Não sabemos quantas crianças desenvolveram COVID longa, que é a manutenção de sintomas após quatro semanas da infecção aguda; estes sintomas podem variar de febre, cansaço, falta de concentração e falta de ar.
E como a pandemia não dá tréguas, principalmente com o surgimento periódico de novas variantes muito transmissíveis, nossos pequenos estão em risco de terem COVID grave e COVID longa.
Outros aspectos importantes é que as crianças, mesmo pouco sintomáticas ou assintomáticas, podem transmitir a infecção para pessoas com fatores de risco (por exemplo, avós e bisavós), perpetuando o sofrimento das famílias.
Além disso, a vacinação da faixa etária entre 5 e 11 anos vai proteger as crianças menores que não podem receber a vacina e vai permitir que as crianças não fiquem doentes e possam participar da escola e demais atividades tão importantes para o desenvolvimento das crianças.
2. A vacina é realmente segura para crianças?
Sim. Antes das vacinas serem liberadas para crianças nos Estados Unidos, testes rigorosos de segurança foram feitos com a vacina da Pfizer envolvendo milhares de crianças. Até agora, estima-se que pelo menos oito milhões de doses foram aplicadas em crianças desta faixa etária entre 5 e 11 anos, com efeitos colaterais brandos e nenhuma morte atribuída à vacina. A vacina Coronavac, ainda não liberada para crianças no Brasil, mas usada em muitos países, como a China e Chile, teve um efeito excelente na prevenção da doença, sem eventos adversos graves. Uma segunda análise do CDC tornada pública avaliou cerca de 700 hospitalizações por covid-19 entre crianças e adolescentes nos EUA. A principal conclusão foi que entre 77,9% das crianças e adolescentes internados com Covid-19 aguda, apenas 0,4% dos pacientes em idade vacinável haviam recebido o esquema vacinal completo.
3. A vacina das crianças vai ser diferente da dos adultos?
Ela é feita da mesma maneira, usando esta segura tecnologia de “RNA mensageiro”, que permite que a vacina nunca se transforme em vírus vivo. Porém, tem doses menores, pois o sistema imune das crianças se mostrou muito eficiente para produzir anticorpos (91% de eficácia) mesmo com uma dose muito menor (cerca de 1/3 menor). Para não ter confusão, o frasco é diferente, com tampa de outra cor, e o Ministério da Saúde propõe locais diferentes para a vacinação das crianças, com agulhas apropriadas para o público infantil.
4. A criança pode parar de usar máscara depois de tomar a vacina?
Não. Assim como com os adultos a máscara deve ser usada por todos, acima de 2 anos de idade, pois mesmo vacinadas, as crianças ainda podem ter infecção ainda que leve, mas transmissível. Importante ressaltar que as vacinas protegem contra a doença que leva à hospitalização, necessidade de oxigênio, CTI e morte, mas não impedem completamente as infecções leves. Enquanto o vírus estiver circulando no mundo temos que usar todas as barreiras possíveis: vacina, máscara, distanciamento social e álcool em gel.
5. A Covid-19 vai acabar um dia?
Esperamos que sim. Mas, o mundo todo tem que ser vacinado. Infelizmente, temos notícias de que os países mais pobres não conseguiram imunizar a maioria da sua população e isso propicia uma grande replicação viral nos não vacinados e a possibilidade de variantes cada vez piores. Quando todos estivermos vacinados a esperança é que sim, que a Covid-19 seja apresentada somente em aulas de história.
Leia mais: É gripe ou Covid? Como diferenciar as infecções?
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