Organik World Lab & Pilar mostram o que acontece quando estilo vira estrutura

Os projetos de Ciro Bicudo são provas de que atravessar crises não é só sobreviver; é redirecionar energia, ressignificar erros e revelar novas possibilidades

Por Miguel El Debs*

Desde os anos 90, poucos movimentos culturais têm tanta força quanto o skate, o surf e a música independente. Ciro Bicudo é um artista que não só viveu essa mistura, como traduziu tudo isso em linguagem visual e em um negócio com alma. O que ele construiu no Organik World Lab (O.W.L) e no espaço Pilar é, para mim, um exemplo de como acreditar em si mesmo e navegar por crises sem perder a essência!

O prazer de criança vira projeto de vida

“É engraçado, porque nunca pensei em desistir. Mas pensei em tornar a vida de artista plástico viável”.

Ciro mergulhou no universo criativo desde cedo: música, skate, artes. Foi assim que, vendo numa revista o skatista/designer Natas Kaupas, entendeu que poderia viver de desenho. “Aquele passatempo naive, poderia ser a história da minha vida”. Então, a virada de chave aconteceu quando decidiu transformar criatividade em trabalho, a 25 anos atrás.

Depois, persistiu nesse caminho e acreditou no seu talento, construindo uma linguagem própria (e sem esperar por validação de fora), o que, com o tempo, fez da arte um projeto sustentável. “Nas fases de baixa, prospecto novos cliente e crio projetos autorais para gerar conteúdo novo”.

Ele sabe que o negócio artístico oscila, mas vê nisso uma grande oportunidade. Em momentos de “travamento”, propõe um antídoto inteligente: sacode a rotina, desenvolve algo autoral e leva ao estúdio novos olhares. E é esse tipo de iniciativa que mantém o Organik World Lab vivo e pulsante. A criatividade ali não espera; ela se reinventa. Projetos internos alimentam a visibilidade externa e alimentam a esperança.

Organização traz solidez à liberdade

“Às vezes, os erros são afobação de apresentar algo antes do tempo. A hora certa exige estrutura”.

Para o artista, a resiliência é também saber calibrar a divulgação de forma estratégica. Exposições, coleções com curadoria bem pensada, na qual a arte tem corpo e não fica solta. Afinal, mesmo sendo criativa e livre, Ciro entende que saber comunicar o que se está criando é parte da profissão. Arte é liberdade, mas apresentá-la com clareza é uma habilidade essencial.

“Existem dois tipos de projetos: os bate-caixa e os inovadores. Um banca o outro. Seja menos cabeça dura e tenha mais jogo de cintura. Olhar pro fundo do mar, às vezes, revela novas ondas”, aconselha, mostrando que, para ele, essa distinção é claríssima: a rentabilidade fecha as contas e a inovação abre caminhos. Assim, Ciro prova que é possível transitar entre essas duas frentes com sabedoria e que saber balancear os volumes é uma arte.

A virada que exigiu recomeço

“Tínhamos uma marca com identidade autoral, mas perdemos o nome. Paramos tudo”.

Nesse momento difícil, o estúdio reinventou-se no mundo da cerveja artesanal. Ali, nasceu a “Only Hops Can Break Your Heart”, criada a partir do conhecimento em rótulos e design para cervejarias, com um DNA autoral que marcou o mercado.

Reviravoltas desse tipo exigem coragem para mudar o território de atuação, mas foram elas que abriram portas onde antes Ciro nem tinha pensado que elas existiam.

Mas ele reforça: empreender exige trabalho duro. “Achar que se trabalha menos por ser seu próprio chefe? A pressão é enorme”, garante. A grande diferença é que o empreendedorismo permite construir uma trajetória que você tem na ponta da língua.

Fechamento reflexivo

O que mais me inspira na jornada de Ciro é essa amarração entre arte e estrutura, a liberdade da criação com os pés no chão do dia a dia empreendedor de quem deseja ver seu projeto viver. O Organik World Lab e o Pilar são provas de que atravessar crises não é só sobreviver; é redirecionar energia, ressignificar erros e revelar novas possibilidades.

É esse tipo de escuta, que mistura alma e gestão, que tento compartilhar por aqui. Se você conhece alguém que vive o empreendedorismo com propósito e consistência assim, me indica? Vamos ouvir mais histórias reais. É só escrever para contato@grupozumm.com.br

* Miguel El Debs, sócio do Grupo ZK, conselheiro estratégico de empresas de pequeno e médio porte e head do LIDE Empreendedor | Ribeirão Preto