Avanços com tecnologia de mRNA abrem caminho para opções terapêuticas, como o conceito de “vacina contra o câncer”, que treinam o sistema imunológico a combater tumores específicos
A ideia de uma vacina contra o câncer pode evocar a imagem de uma solução preventiva, semelhante aos imunizantes amplamente utilizados para combater doenças infecciosas. Porém, no campo da Oncologia, o conceito está sendo redefinido por uma nova geração de tratamentos altamente personalizados, que vêm ganhando destaque nas principais publicações científicas do mundo.
Estudos clínicos têm apresentado resultados promissores, apontando para uma abordagem revolucionária, que rompe com a visão tradicional de “vacina”: são medicações projetadas para tratar o câncer de forma individualizada e direcionada, utilizando tecnologias de ponta, como o RNA mensageiro (mRNA).
“Essa alternativa contra o câncer tem caráter terapêutico, sendo projetada para tratar a doença já existente. Esse tipo de vacina oferece ao corpo humano uma maior capacidade de reconhecer e combater tumores específicos, representando uma nova era nos tratamentos oncológicos”, explica Breno Jeha Araújo, oncologista especializado em genômica clínica da Oncoclínicas.
Como funciona a vacina contra o câncer
O diferencial dessa nova abordagem está em sua natureza altamente personalizada. A vacina oncológica utiliza um mecanismo na qual o sistema imunológico é treinado para reconhecer e destruir células tumorais específicas. A fórmula é desenvolvida a partir da análise genômica do tumor de cada paciente, gerando instruções individualizadas para o organismo identificar e atacar as células malignas.
Segundo o especialista, o caminho para esse progresso foi acelerado pela pandemia da Covid-19. “A tecnologia de mRNA já demonstrou seu potencial no combate à Covid-19 e agora desponta como uma ferramenta promissora na oncologia”, ressalta Araújo. “Este avanço é um marco que pode transformar a forma como tratamos o câncer, permitindo a criação de terapias individualizadas baseadas no perfil genômico das células tumorais de cada paciente”, detalha o oncologista.
Resultados promissores
Os avanços na área têm se mostrado consistentes. Em 2023, uma pesquisa publicada na revista Science Translational Medicine demonstrou resultados positivos com o uso de vacinas de mRNA no tratamento e na prevenção do glioblastoma, um tipo de câncer cerebral altamente agressivo.
Já na edição 2024 da ASCO, o congresso americano de oncologia clínica, considerado o maior e mais relevante da especialidade, o uso de uma vacina contra o câncer do tipo melanoma foi recebido com entusiasmo pela comunidade médica.
“Uma vacina desenvolvida pelas farmacêuticas Moderna e Merck para melanoma avançado, a mRNA-4157, demonstrou em ensaios clínicos de fase 2 uma redução de quase 50% no risco de recorrência do câncer ou morte após três anos de tratamento”, conta Araújo.
No último mês de dezembro, o Ministério da Saúde da Rússia também anunciou o desenvolvimento de uma vacina contra o câncer baseada na tecnologia de mRNA, com distribuição gratuita para a população do país, prevista para os primeiros meses de 2025. Segundo o governo russo, os testes pré-clínicos indicaram que a vacina é capaz de suprimir o desenvolvimento de tumores e impedir a formação de metástases, embora detalhes sobre os tipos específicos de câncer ainda não tenham sido divulgados.
Contudo, apesar do otimismo, existem barreiras significativas a serem superadas. “O uso de vacinas contra o câncer personalizadas representa desafios técnicos e logísticos, especialmente em relação à escalabilidade e ao custo de produção. Embora as vacinas de mRNA sejam uma evolução significativa, a aplicação contra o câncer exige a personalização de cada dose, o que as diferencia radicalmente das vacinas preventivas de aplicação em massa, como as da covid-19”, explica o especialista.
Futuro do tratamento e acesso
Enquanto no cenário internacional novos desenvolvimentos começam a surgir, a expectativa é que as primeiras aprovações regulatórias de vacinas destinadas ao câncer aconteçam em 2025, começando pelo imunizante específico para o melanoma.
No entanto, como ressalta Breno Jeha Araujo, é preciso avançarmos no entendimento de como garantir acesso com equidade a essas inovações. Para ele, a promessa de tratamentos mais eficazes e personalizados vem acompanhada da necessidade de desenvolver estratégias para tornar essas inovações acessíveis a todos que delas necessitam.
“O avanço das vacinas oncológicas é um marco científico que pode transformar o tratamento do câncer. Contudo, esta nova fronteira do cuidado oncológico representa também um desafio para os sistemas de saúde em todo o mundo. Equilibrar o progresso tecnológico com estratégias que assegurem seu acesso global será essencial para que essa nova era da medicina personalizada beneficie a sociedade em geral, e não apenas uma parcela de pacientes economicamente privilegiados”, sintetiza o oncologista.
‘Vacina’ contra o câncer promete transformar o tratamento da doença
Avanços com tecnologia de mRNA abrem caminho para opções terapêuticas, como o conceito de “vacina contra o câncer”, que treinam o sistema imunológico a combater tumores específicos
A ideia de uma vacina contra o câncer pode evocar a imagem de uma solução preventiva, semelhante aos imunizantes amplamente utilizados para combater doenças infecciosas. Porém, no campo da Oncologia, o conceito está sendo redefinido por uma nova geração de tratamentos altamente personalizados, que vêm ganhando destaque nas principais publicações científicas do mundo.
Estudos clínicos têm apresentado resultados promissores, apontando para uma abordagem revolucionária, que rompe com a visão tradicional de “vacina”: são medicações projetadas para tratar o câncer de forma individualizada e direcionada, utilizando tecnologias de ponta, como o RNA mensageiro (mRNA).
“Essa alternativa contra o câncer tem caráter terapêutico, sendo projetada para tratar a doença já existente. Esse tipo de vacina oferece ao corpo humano uma maior capacidade de reconhecer e combater tumores específicos, representando uma nova era nos tratamentos oncológicos”, explica Breno Jeha Araújo, oncologista especializado em genômica clínica da Oncoclínicas.
Como funciona a vacina contra o câncer
O diferencial dessa nova abordagem está em sua natureza altamente personalizada. A vacina oncológica utiliza um mecanismo na qual o sistema imunológico é treinado para reconhecer e destruir células tumorais específicas. A fórmula é desenvolvida a partir da análise genômica do tumor de cada paciente, gerando instruções individualizadas para o organismo identificar e atacar as células malignas.
Segundo o especialista, o caminho para esse progresso foi acelerado pela pandemia da Covid-19. “A tecnologia de mRNA já demonstrou seu potencial no combate à Covid-19 e agora desponta como uma ferramenta promissora na oncologia”, ressalta Araújo. “Este avanço é um marco que pode transformar a forma como tratamos o câncer, permitindo a criação de terapias individualizadas baseadas no perfil genômico das células tumorais de cada paciente”, detalha o oncologista.
Resultados promissores
Os avanços na área têm se mostrado consistentes. Em 2023, uma pesquisa publicada na revista Science Translational Medicine demonstrou resultados positivos com o uso de vacinas de mRNA no tratamento e na prevenção do glioblastoma, um tipo de câncer cerebral altamente agressivo.
Já na edição 2024 da ASCO, o congresso americano de oncologia clínica, considerado o maior e mais relevante da especialidade, o uso de uma vacina contra o câncer do tipo melanoma foi recebido com entusiasmo pela comunidade médica.
“Uma vacina desenvolvida pelas farmacêuticas Moderna e Merck para melanoma avançado, a mRNA-4157, demonstrou em ensaios clínicos de fase 2 uma redução de quase 50% no risco de recorrência do câncer ou morte após três anos de tratamento”, conta Araújo.
No último mês de dezembro, o Ministério da Saúde da Rússia também anunciou o desenvolvimento de uma vacina contra o câncer baseada na tecnologia de mRNA, com distribuição gratuita para a população do país, prevista para os primeiros meses de 2025. Segundo o governo russo, os testes pré-clínicos indicaram que a vacina é capaz de suprimir o desenvolvimento de tumores e impedir a formação de metástases, embora detalhes sobre os tipos específicos de câncer ainda não tenham sido divulgados.
Contudo, apesar do otimismo, existem barreiras significativas a serem superadas. “O uso de vacinas contra o câncer personalizadas representa desafios técnicos e logísticos, especialmente em relação à escalabilidade e ao custo de produção. Embora as vacinas de mRNA sejam uma evolução significativa, a aplicação contra o câncer exige a personalização de cada dose, o que as diferencia radicalmente das vacinas preventivas de aplicação em massa, como as da covid-19”, explica o especialista.
Futuro do tratamento e acesso
Enquanto no cenário internacional novos desenvolvimentos começam a surgir, a expectativa é que as primeiras aprovações regulatórias de vacinas destinadas ao câncer aconteçam em 2025, começando pelo imunizante específico para o melanoma.
No entanto, como ressalta Breno Jeha Araujo, é preciso avançarmos no entendimento de como garantir acesso com equidade a essas inovações. Para ele, a promessa de tratamentos mais eficazes e personalizados vem acompanhada da necessidade de desenvolver estratégias para tornar essas inovações acessíveis a todos que delas necessitam.
“O avanço das vacinas oncológicas é um marco científico que pode transformar o tratamento do câncer. Contudo, esta nova fronteira do cuidado oncológico representa também um desafio para os sistemas de saúde em todo o mundo. Equilibrar o progresso tecnológico com estratégias que assegurem seu acesso global será essencial para que essa nova era da medicina personalizada beneficie a sociedade em geral, e não apenas uma parcela de pacientes economicamente privilegiados”, sintetiza o oncologista.
Leia também
Hospital Unimed Ribeirão Preto utiliza laser em cirurgia de tumor cerebral
Esta foi a primeira cirurgia no hospital com uso da tecnologia, que …
Filtro com maior fator de proteção do Brasil é lançado no interior paulista
Diante das mudanças climáticas, temperaturas altas e maior intensidade de radiação ultravioleta, …
Santa Casa Saúde Ribeirão lança serviço de Saúde Ocupacional
O novo serviço foi lançado nesta sexta-feira (03), em um evento para …
Curados da Covid podem ajudar em pesquisa sobre sequelas da doença
Estudo realizado pela USP busca voluntários curados após terem sido internados para …